Ayn Rand e sua filosofia, o Objetivismo, mudaram o mundo para melhor. Mesmo após 36 anos de sua morte, seus romances e obras de não ficção já venderam milhões; e continuam a vender, ensinar e inspirar. Não obstante, vários “intelectuais” e jornalistas buscam descreditar as suas ideias e vilipendiar o seu caráter criando espantalhos e os atacando.
Um exemplo recente é um vídeo do ex-secretário do Trabalho Robert Reich, “Trump’s Brand is Ayn Rand.” (A marca de Trump é Rand). Tentando promover o seu livro The Common Good (O Bem Comum) de 2018, Reich ataca a filosofia de Rand em prol do que ele chama de “valores comuns”. Julgando pelas distorções e espantalhos, a honestidade não está entre esses valores. Mas vale a pena examinar o ataque de Reich, na medida em que ilustra claramente os métodos da esquerda.
Em primeiro lugar, Reich tenta ligar a filosofia de Rand a indivíduos normalmente objeto de pouca consideração por seus colegas esquerdistas. A maioria das figuras que Reich menciona consiste de pessoas que afirmar admirar algum aspecto específico do pensamento de Rand, embora, claramente, não entendam ou adotem a sua filosofia.
Por exemplo, embora Paul Ryan[1] tenha ocasionalmente citado Rand em tom favorável, ele repudiou explicitamente a sua filosofia quando estava concorrência à vice-presidência dos EUA na chapa Romney-Ryan, dizendo que as alegações de seu apoio à filosofia de Rand se tratavam de “lenda urbana”. “Se alguém quiser atribuir uma visão epistemológica a minha pessoa, cite Tomás de Aquino”, disse Ryan ao National Review em 2012. “Não cite Ayn Rand.”
Reich condena “banqueiros que enganam clientes e investidores”, e finge que eles o fazem com a aprovação de Rand. Contudo, a concepção de direitos individuais de Rand proíbe explicitamente a fraude e todas as formas de coerção, tanto direta como indiretamente. É emblemático que Reich não mencione John Allison, excetos do BB&T, o banqueiro da Fortune 500 que aplicou as virtudes objetivistas de honestidade, integridade e justiça ao seu negócio e, assim, evitou que seu banco tivesse qualquer participação nos investimentos calamitosos que levaram à Grande Recessão de 2008. Em vez de tentar “enriquecer rapidamente” enquanto evadindo as consequências de longo prazo, Allison reconheceu que oferecer empréstimos bancários ruins para seus clientes é igualmente ruim para o resultado final do banco.
Quando Reich destaca fatos irrelevantes, omite fatos relevantes, e finge que uma filósofa defendeu ideias as quais ela se opôs explicitamente, ele não está se engajando em uma discussão honesta. Ainda assim, esse é o seu modus operandi.
Reich procede desvirtuando a concepção da virtude do egoísmo de Rand e do mal do altruísmo. Ele não ataca nenhum ponto da filosofia de Rand. Em vez disso, ele ataca um espantalho que chama de “desprezo pelo público, a mentalidade de vencer a qualquer custo que está destruindo a vida em sociedade.” Então, Reich afirma que Rand defendia a lei da selva “em que apenas os mais fortes, talentosos e inescrupulosos prosperam, e onde todo mundo deve ser cético para poder sobreviver.”
Essa não é a filosofia de Ayn Rand. É impossível derivar a “lei da selva” de uma filosofia que defende explicitamente a razão, rejeita o sacrifício humano, condena a iniciação da força, promove o livre comércio em todos os domínios, e vê seus heróis literários dizerem: “Juro, por minha vida e por meu amor a ela, que jamais viverei por outro homem, nem pedirei a outro homem que viva por mim.”
Mas Reich está tão investido na chamada moralidade do “bem comum” que a mera possibilidade de alguém não estar disposto a se subordinar ou sacrificar sua vida e felicidade pelos outros é um ultraje.
A dimensão do entendimento de Reich da filosofia de Rand pode ser vista pelo fato de ele considerar A Nascente um livro sobre um “arquiteto perturbado que, por ter desenhado um projeto fora de suas especificações ideias, decidiu dinamitá-lo.” É possível imaginar um Reich cabisbaixo na conclusão do romance, que descreve um herói triunfante construindo seu grande arranha-céu. “Mas Roark destruiu um projeto habitacional construído em prol do bem comum!”
O argumento-espantalho de Reich pressupõe e depende da visão coletivista de que o “bem comum” é supremo, e que o indivíduo deve se sacrificar em nome do grupo. Ele não apresenta nenhum argumento para sua posição: simplesmente, supõe poder contar com a aceitação de seus espectadores. Bem, Rand apresentou um argumento abrangente, lógico e baseado na observação contra essa noção, e em apoio ao princípio de que o indivíduo é a unidade básica da preocupação moral, e tem o direito de viver por seu próprio bem. Reich ignora tudo isso.
Além de igualar o “bem comum” ao ideal do bem, Reich iguala autointeresse à vilania (perfídia). Em sua visão, não há diferença entre o violador de direitos Bernie Madoff e um homem produtivo e honesto como Jeff Bezos que troca valor por valor de comum acordo, para benefício mútuo. Para Reich, a tentativa de os indivíduos perseguirem seus objetivos de vida – os Howard Roarks de nosso mundo – devem se submeter e servir ao coletivo, e alguém que se inspira neles deve ser desacreditado e destruído. Ayn Rand pensava o contrário.
O vídeo de Reich é uma difamação focada em desacreditar as ideias de Rand ao criar espantalhos (interpretações equivocadas) e atacá-los. Não há nada de novo aqui. Whittaker Chambers, seu amigo esquerdista, já tinha feito isso 60 anos atrás em sua “resenha” de A Revolta de Atlas, afirmando absurdamente que Rand defendia assassinar pessoas de menor habilidade em câmaras de gás.
O vídeo de Reich e difamações similares, todavia, tem um lado bom. Embora muitas pessoas que ouvirem ataques-espantalho contra as ideias de Rand os aceitarão com pouca ou nenhuma reflexão, tais pessoas não tendem, de qualquer maneira, a aceitar uma filosofia que exalta o pensamento independente. Outras pessoas, todavia – aqueles que insistem em julgar as ideias de um filósofo por conta própria – ouvirão as acusações de Reich e se perguntarão: Rand, de fato, defende coerção, fraude, extorsão e coisas assim? Se sim, por que tantas pessoas respeitosas que leram seus livros defendem suas ideias? Talvez, eu devesse relê-las por conta própria e ver o que ela mesmo disse.
Quando essas pessoas leem as obras de Rand, encontram um farol que ilumina o conflito entre vilões que cultuam misticismo, altruísmo, coletivismo e coerção governamental em prol do “bem público” e heróis que defendem razão, autointeresse, individualismo, e um governo que protege os direitos de todos os indivíduos ao banir a violência das relações humanas. Leitores das obras de Rand também aprendem que as pessoas que têm aplicado a filosofia de Rand em suas vidas estão cada vez mais ricas – material e espiritualmente.
Nem todos os leitores verão as ideias de Rand pelo que elas são. Mas alguns sim. Os pensadores, sim. E serão os motores do mundo – e a esperança para um mundo melhor.
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Publicado originalmente em The Objective Standard.
Traduzido por Matheus Pacini.
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[1]COSTA, Robert. “Ryan Shrugged,” National Review. Disponível em https://www.nationalreview.com/2012/04/ryan-shrugged-robert-costa/.