Resenha: “A revolta de Atlas”

Ayn Rand nasceu na Rússia, em 1905. Nessa época, ainda se chamava Alissa Rosenbuam. Sua adolescência foi em um meio de poder totalitarista e comunista e ela sentiu os efeitos desse tipo de governo, chegando a passar fome. Vislumbrou uma realidade diferente, ao ver que as pessoas tinham liberdade nos Estados Unidos, conseguiu um visto, e sua ida para o país americano se concretizaria em 1926. Com 21 anos e um novo nome, ela passou a ser chamar Ayn Rand, agora poderia ser a pessoa que desejava, escritora e roteirista de filmes hollywoodianos. Neste país, se casou com Frank O´Connor, cerca de três anos depois de sua chegada.

Em 1943, durante uma conversa com uma amiga ao telefone, Rand comenta algo que pensou: “e se os grandes homens entrassem em greve”? Nessa esteira, ela continua suas reflexões: e se as pessoas que movem o motor do mundo pararem? E se Atlas (personagem da mitologia grega que era obrigado a carregar o universo nas costas) contemporâneo, isto é, os empreendedores, os inventores, os artistas, os filósofos dessem com os ombros. E assim começa o enredo desse romance que aproxima todos os leitores, dos mais leigos aos mais afiados, a aprender a filosofia objetivista da autora.

O texto não passa em uma época específica, poderia acontecer até atualmente, tanto isso é verdade que temos uma constate analogia com fatos reais. No romance, um jovem inventor chamado Jonh Galt, vendo sua inteligência ser usada com exploração, entra em greve e foge para um local retirado em que constrói seu próprio vale. Ele começa a recrutar pessoas que têm o mesmo propósito e pensamento que ele, assim as pessoas começam sumir misteriosamente, até o mundo entrar em colapso e eles puderem voltar para começar a reconstruir a nação do zero.

Os personagens principais são inteiramente alinhados com seus valores e princípios, não dando margem para erros ou deslizes humanos. Dagny Taggart é umas das personagens principais e está à frente de uma empresa ferroviária, a Taggart Transcontinental, ao qual seu irmão, James Taggart, responde como presidente, porém quem toma as decisões, entende do negócio e define o rumo da empresa é Dagny. James apenas é um oportunista que não condiz com a riqueza que tem, vivendo às custas da herança e da empresa que sua irmã gerencia.

O personagem Rearden é um empresário bem sucedido, que inventa um metal mais resistente e eficaz que os outros existentes, metal Rearden. Sua mãe, esposa e irmão vivem da riqueza produzida pelo esforço de Rearden, mas o questionam por trabalhar muitas horas, a só se dedicar a sua indústria, porém, quando Rearden está para perder a patente do seu metal, eles se preocupam em continuar sendo sustentados.   

Francisco D´anconia, personagem que é amigo de infância de Dagny e James   é conhecido como um playboy milionário, famoso por herdar uma grande fortuna, esconde seu intelecto por trás desse disfarce, para também não ter sua inteligência e sua empresa na mão de um poder manipulador e espoliador. Uma das passagens mais emblemáticas de Francisco no livro é o discurso do dinheiro, em que começa respondendo que o dinheiro não é a origem do mal e sim da produção da mente humana, portanto, não se pode consumir mais do que produz, a não ser que seja usado de espoliação.

John Galt aparece ao longo do romance de forma misteriosa. Inicialmente há vários ditos populares, de quem seria esse homem, o que ele poderia ter feito e em que momento começou essa pergunta que não havia resposta, “quem é John Galt?”. Ele havia inventado um motor que revolucionaria a geração de energia e viu sua invenção cair nas mãos de espoliadores que, além de não terem capacidade de produzir riqueza a partir da sua mente, tinha como objetivo explorar as invenções e as mentes que produziam. Ele então cria secretamente um vale para refugiar todas as mentes pensantes que entrassem de greve. Aos poucos, à medida que as pessoas vão desaparecendo, elas vão morar no vale e desenvolvem suas habilidades por lá. O local que tem seu juramento “eu juro pela minha vida e pelo meu amor por ela que nunca irei viver em função de outro homem, nem vou pedir a outro homem que viva em função de mim”, que representa o egoísmo racional da filosofia objetivista, e todos os outros valores são resumidos no discurso de Galt, no final do romance, quando ele fala para todo a nação por um pronunciamento de rádio.

O objetivismo, filosofia cria por Ayn Rand, se baseia na razão e defende a individualidade, o livre mercado e a liberdade de expressão. Os seus sete principais valores são, a racionalidade, a honestidade, a justiça, a independência, a integridade, a produtividade e o orgulho. Todos esses temas são tratados no romance de maneira contextualizada e prática, trazendo o entendimento da filosofia de forma popular e acessível, mesmo aos que não estão acostumados aos estudo mais aprofundado.

O livro “A revolta de Atlas” é considerado o segundo livro mais influente dos Estados Unidos, perdendo apenas para a Bíblia Sagrada, e em tempos de crise como aconteceu em 2008, o livro disparas as vendas. No Brasil, o livro é lançado apenas em 1987, ainda com o nome de “Quem é John Galt”, entretanto, essa leitura para uma nação como a nossa é essencial para a construção de uma sociedade mais liberal e baseada na razão. Hoje nosso país é potencialmente direcionado pelo místico, por muitas interrupções de corrupção e espoliação, ao invés da razão, da honestidade e a justiça. Leia Ayn Rand.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Inscreva-se na nossa Newsletter