Quais as lições de “Cântico” para as eleições?

Ayn Rand, foi uma escritora e filósofa norte-americana de origem judaico-russa, defensora da liberdade e do individualismo, ficou famosa por grandes romances e um sistema filosófico chamado Objetivismo. Em 1938, em meio a um mundo que disseminava o coletivismo, em grandes polos como União Soviética comunista, Alemanha nazista e Itália fascista, a autora escreveu o romance Cântico, uma obra fictícia e futurística, em que reina um estado coletivista e totalitário em sua plenitude, enquanto o herói enfrenta um conflito para descobrir o seu eu.

O romance ocorre em meio ao “Grande Renascimento”, narrando detalhes e consequências minuciosamente, descrevendo os efeitos do coletivismo na vida, liberdade e propriedade dos que vivem nesse mundo. Nesse novo mundo, existem normas para tudo, desde o controle da linguagem: por exemplo, não existe a palavra “EU” no vocabulário e o próprio protagonista se refere a si mesmo como “Nós, Igualdade 7-2521”. Coincidência ou não, era de forma similar a como os nazistas chamavam os judeus.

Na obra, o herói “Igualdade 7-2521” sonhava em ser cientista. Não obstante, em uma sociedade coletivista, quem decide a profissão são os sábios que compõem o Conselho de Profissões, e eles julgaram que o melhor para a sociedade era que ele fosse um varredor de rua. Entretanto, mesmo decepcionado, o protagonista havia sido convencido de que tinha um dever com a sociedade, aceitando assim o seu caminho, fadado a uma vida sem propósito.

Além disso, as pessoas não podem escolher o seu futuro ou mesmo ter outros prazeres, como a amizade ou mesmo o amor, e “Igualdade” se sentia estranho, como se estivesse traindo os seus companheiros. Essa sensação aumentou cada vez mais, já que o herói encontra com uma mulher, “Liberdade 5–3000” e vive com ela um romance proibido.  Entretanto, “Igualdade 7-2521” junto com seus amigos, sedento por compreender o que sentia, adentra em uma Floresta Desconhecida nos arredores da cidade, encontrando em resquícios de uma sociedade antiga os males que o assolam intimamente, descobrindo coisas que revolucionaram a vida de todos e a opressão do sistema.

Com a descoberta, “Igualdade 7-2521” vive momentos de liberdade, com visitas escondidas à Floresta e com a paixão proibida com “Liberdade 5–3000”. Ele deseja expor as suas ideias e transformar essa sociedade. Entretanto, aquele sonho durou pouco, o grupo foi capturado e acabaram contando todas as suas descobertas. Diferentemente do que imaginaram, eles foram reprimidos e condenados, fazendo com que o protagonista fugisse daquela sociedade da qual não suportava mais para descobrir um novo mundo.

Analisando de forma superficial, é praticamente impossível imaginar uma sociedade assim na prática. Mas, de fato, o livro tinha como objetivo evidenciar as fragilidades desse sistema que busca extinguir a liberdade dos homens para controlar sua linguagem e pensamentos. Evidentemente, as manifestações dos regimes totalitários não são absolutamente iguais às do mundo real, mas possuem uma essência de parecida, até evidenciadas pela época e pelos regimes totalitários que o livro crítica que culminaram logo após a sua publicação, na Segunda Guerra Mundial. Logo, essa mesma essência, quando presente nos dias de hoje, precisa ser analisada e gerenciada para se evitar desastres ainda maiores, já que como sabemos: “O preço da liberdade é a eterna vigilância”.

Essa essência descrita por Rand pode não estar tão distante do nosso dia a dia quanto imaginamos, ela é presente em todas as imposições autoritárias do governo, sejam ela o voto, o alistamento militar ou até mesmo a definição da política das relações trabalhistas, do qual temos que cumprir. Além disso, infelizmente, ainda hoje conseguimos ver os reflexos de histórias de autoritarismo que eram para ter ficado apenas na ficção, como o regime de Maduro na Venezuela, causando a situação de pobreza de cerca de 90% da população venezuelana ou mesmo o regime autoritário de Putin, causando a devastação do país vizinho, privando os cidadãos russos de usufruir das marcas internacionais e causando a tremenda dor de familiares, ao verem seus entes queridos morrendo em uma guerra sem sentido.

Se hoje podemos sentir os cheiros dessas essências, devemos analisar os discursos de candidatos com o desejo de regulamentação da mídia, medida que começa sempre com o pressuposto de proteção da sociedade e acaba sempre flertando com o autoritarismo, a censura e o fim da liberdade de opinião. Entretanto, no contexto brasileiro, ainda temos visto diversos tipos de censura por meio de tribunais autoritários que desejam ter posse, controlar o que dito no país e cabe a nós, brasileiros, aprender com as consequências da ficção de Ayn Rand e exercer sempre, com o nosso direito de liberdade, contestando com quem se opor a ele.

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Revisado por Matheus Pacini.

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