Quais as lições da obra “Cântico”?

Ayn Rand escreveu seu romance Cântico em 1937, época quando o coletivismo estava varrendo o mundo, como, por exemplo, na União Soviética (comunismo), Alemanha (nazismo) e a Itália (fascismo). Rand expõe os males do pensamento coletivista de seu tempo, refutando a ideia do coletivismo. Portanto, Cântico é um romance distópico em que prevalece um governo autoritário e totalitário cujo herói enfrenta um conflito para poder descobrir quem é.
A história se passa em uma sociedade que passou por um “Grande Renascimento”. Nessa sociedade, o individualismo não existe, tudo é regido em prol do “bem coletivo”. Esse possui regras que excluem as escolhas individuais de uma pessoa, ou seja, tudo é escolhido e definido por ela, inclusive suas amizades, trabalho, relacionamento e até a sua “felicidade”. Esse tipo de controle objetiva não só tirar a escolha do indivíduo, mas também extinguir a liberdade dos homens e controlar seus pensamentos, linguagens e ações. Desse modo, impossibilita a ocorrência de rebeliões, uma vez que todos são iguais e não possuem poder de escolha. Não obstante, seres humanos são seres racionais capazes de identificar seus próprios desejos e pensamentos. Devido a isso, esse sistema tenta controlar e coagir os “pensamentos individuais” com a narrativa de que eles prejudicam o coletivo, punindo severamente quaisquer transgressões.
O herói desse romance é Igualdade 7-2521. Ele sonhava em ser cientista, porém como a história se passa em um sistema que não há liberdade individual não cabia ao nosso herói escolher sua profissão, mas sim ao Conselho de Profissões, o qual, em seu julgamento decidiram que o protagonista serviria melhor à comunidade como um varredor de rua. Apesar de se sentir frustrado com essa decisão, ele tinha sido convencido de que isso seria o melhor e que tinha esse dever para o bem-estar do coletivo. Por fim, aceita sua posição no sistema declarando aos sábios “que a vontade de nossos irmãos seja feita”.
Entretanto, Igualdade 7-2521 não era como os outros: ele se sentia um pecador por pensar diferente. No entanto, só percebe a verdadeira proporção dessa angústia quando ele e seus amigos encontram um lugar proibido, um túnel que representará sua liberdade, ou seja, descobriram coisas que iriam revolucionar a vida de cada um entre eles, repressão da ordem social dominante. Além de não poder escolher seu próprio futuro, foram negados a ele outros deleites como o sentimento de amor. Não obstante, o protagonista era diferente dos demais, desafiando e perturbando a doutrina imposta. Durante uma visita aos campos, ele conhece uma mulher a quem mais tarde chamará de Excelente. Aos poucos, ele vive momentos exaustivos, da paixão por Excelente às visitas proibidas no túnel com seus irmãos. Pouco tempo depois, ele e seus amigos são presos para pagar por seus “delitos”. Ele e seus amigos confessam seus delitos aos Eruditos. Então, são condenados, entretanto, o herói não aceita e foge para a Floresta Desconhecida, onde estaria destinado a descobrir o novo mundo junto de sua amada. Já estando longe do sistema totalitário, finalmente descobre um novo mundo onde realmente é livre e feliz, e nesse mundo descobre que somente um homem pode tirar a liberdade de outro homem e que existia prosperidade e liberdade longe do sistema em que seus irmãos viviam.
Em seu romance, Rand faz duras críticas ao coletivismo e exalta o individualismo, trazendo uma visão holística do conflito entre o herói e o bem-estar coletivo que é ditado por um grupo de pessoas que se julgam superiores e sábias. Nesse sistema, existem pessoas com o poder de regular todas as atividades sociais que envolvem o indivíduo, seu trabalho e relacionamentos. Embora as leis/regras da história pareçam distantes, hoje temos exemplos reais de imposição autoritária como a proibição do homeschooling, entre outras decisões, que são feitas arbitrariamente para reger o comportamento da sociedade.
Rand fez um alerta sobre a tendência crescente dos sistemas totalitários e o que eles poderiam gerar: por exemplo, o fascismo da Itália, que defendia um forte governo centralizado sem partidos políticos, eleições e parlamento.
Cântico descreve perfeitamente um sistema autoritário e fascista, e podemos ver exemplos dessas ideologias nos regimes impostos de Cuba (Raúl Castro), Venezuela (Maduro), Argentina (Alberto Fernandez) e outros espalhados pelo mundo.
Em seu romance, Rand defende o poder do individualismo contra o coletivismo, dando evidências da importância do livre-arbítrio, que permite a escolha de valores e a prosperidade. Portanto, os homens deveriam ser livres para poder estudar e criar sociedades melhores, embora isso só seja possível em uma sociedade regida pelo livre-arbítrio e pela extinção do coletivismo e sua crença de que os indivíduos devem existir para servir uns aos outros, deixando de lado sua felicidade pessoal.

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Revisado por Matheus Pacini.

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