Milton Friedman – meu socialista favorito

Eu tenho um grande apreço pela obra de Milton Friedman. Capitalismo e Liberdade e Livre para Escolher foram os primeiros livros que li sobre as vantagens do capitalismo.

Ingressar no mundo das ideias liberais através das obras desse liberal é como entrar pela janela de uma casa que se pretende conhecer para comprar.

Digo que é como entrar pela janela porque a economia não é a melhor “porta” para se conhecer uma ideologia que necessita fundamentalmente da moralidade para se sustentar.

Mais precisamente, de um certo tipo de moralidade – o individualismo – caracterizado pela ética do autointeresse racional, que Milton Friedman nunca advogou inteiramente.

A visão liberal de Milton Friedman sempre foi utilitarista e, ao longo de sua vida, aceitou e promoveu políticas públicas intervencionistas como a existência de um banco central e até a de uma renda mínima, eufemisticamente chamada de “imposto negativo”, ideia compartilhada por Friedrich Hayek e pelo petista excêntrico Eduardo Suplicy.

É de um sarcasmo extremo e moralidade moderada, nauseante e covarde, que o governo, responsável pela pobreza da população, perguntar à ela: o que vamos fazer com os pobres da nossa sociedade?

Ora, os pobres existem na nossa sociedade por dois motivos: ou porque eles querem ser pobres ou porque o governo os impede de florescerem e prosperarem para deixarem a pobreza para trás.

É de um cinismo bárbaro que os responsáveis por parte do problema digam que são parte da solução quando sabem que isso é falso.

Milton Friedman sabia que os governos não produzem riqueza e que, sempre que tentaram distribuí-la através da coerção – o único instrumento de que dispõe para interagir com a sociedade – o resultado sempre foi aumentar a pobreza dos mais pobres, aumentar a concentração de renda e diminuir o poder aquisitivo médio de toda a população.

Um governo que usa de coerção para tirar de uns para dar a outros, não importa os motivos que alega, está a serviço da ética coletivista que prega o altruísmo como padrão de moralidade, e o socialismo como política a ser imposta com o uso da força sobre cada indivíduo que se recusar a entregar o fruto do seu trabalho. “De cada um de acordo com a sua capacidade para cada um de acordo com a sua necessidade”, como dizia Karl Marx.

Há dois pensadores liberais que jamais concordaram com Milton Friedman. Ayn Rand e Ludwig von Mises, por conta da integridade que os caracterizava, foram chamados por Milton Friedman de extremistas intolerantes. Milton Friedman era um moderado, sua moderação devia-se à incapacidade de ver a imoralidade do altruísmo que defendia ao aceitar que o governo pudesse coagir com o uso da força as pessoas.

Mais do que isso, Milton Friedman carregava uma certa incoerência no seu discurso, uma boa dose de sentimento de culpa talvez, pois, quando questionado, em uma das suas brilhantes aulas na academia por jovens alunos inconformados com as evidentes vantagens do capitalismo, “o que o governo deveria fazer para ajudar os pobres”, respondia “a existência de um livre mercado onde pudesse prosperar a livre iniciativa.”

Ele sabia que os pobres podem ajudar a si mesmos em um ambiente em que a cooperação e as trocas são livres, espontâneas e voluntárias, estabelecidas para atingir o benefício mútuo, a partir do desejo de satisfazer o autointeresse individual de forma racional de uma maneira que governo algum pode proporcionar.

Pelo contrário, sempre que governos pensam em ajudar os pobres dando-lhes esmolas, em vez de um ambiente institucional caracterizado pela livre iniciativa, propriedade privada, estado de direito e livre mercado, o que ocorre é o aumento da pobreza e da injustiça.

Paulo Guedes, como liberal formado na Escola de Chicago e seguidor das ideias de Milton Friedman, não poderia deixar de lado esta lição do mestre.

Depois que os governos estaduais e municipais quebraram com violência nunca vista as pernas e os braços dos que criam riqueza de fato e por direito, vem agora o governo federal dar-lhes muletas.

Não é de hoje que quem trabalha é obrigado a sustentar quem não trabalha seja porque não quer ou porque o governo não deixa.

Por que Milton Friedman é meu socialista preferido? Perguntem aos socialistas se há uma medida adotada pelo governo Bolsonaro que eles apoiariam.

Não se esqueça de incluir na lista a política de renda mínima do Paulo Guedes, senão a resposta será nenhuma.

A defesa das ideias liberais exige que se entre pela porta da frente, a filosofia de Ayn Rand. Depois, você pode olhar os cômodos dessa rica construção que inclui as obras de Ludwig von Mises, Milton Friedman, Friedrich Hayek e tantos outros que, até poucos anos, eram sonegados aos brasileiros por professores e intelectuais avessos às ideias liberais.

Nenhuma defesa consistente da liberdade pode abrir mão da moralidade pois a ética antecede hierarquicamente a política e a economia numa análise filosófica.

Quem defende uma ética coletivista altruísta pode se dizer liberal -e qualquer um é livre para se autorrotular. O difícil será sustentar o seu liberalismo abrindo mão da ética individualista do autointeresse racional, a não ser que honestidade intelectual e integridade não sejam virtudes a ser perseguida.

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Revisado por Matheus Pacini.

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