A polêmica autora de A Revolta de Atlas e A Nascente criou uma ótima filosofia de gestão.
Ayn Rand é uma das figuras mais polarizantes na cultura americana – e ela já faleceu há 35 anos! Não há meio termo: ou as pessoas amam ou odeiam a autora de A Revolta de Atlas e A Nascente. Quando fui coautor de um livro sobre como a filosofia do Objetivismo de Ayn Rand se aplica à gestão, fui pego no fogo cruzado.
Os odiadores de Rand rejeitaram o livro porque consideram Rand um monstro sem coração; os defensores de Rand, porque eu a acusei de não aplicar alguns de seus princípios filosóficos, vendo-o como um ataque sorrateiro contra o Objetivismo. Ambos os campos ignoram a tese central do livro – que o Objetivismo de Rand é uma ótima filosofia de gestão. Ela pode torná-lo um líder melhor, aumentar sua habilidade de inovar, bem como intensificar seu foco na construção de um negócio de sucesso.
Evidência para tal pode ser encontrada nas sete virtudes objetivistas de Rand. Essas virtudes são condutas que ela afirmava termos de cultivar para ter sucesso na vida. Quando você as aplica aos negócios, elas se tornam um guia para extrair o maior valor de seu trabalho.
A primeira e mais importante virtude de Rand é o fato enganosamente simples de pensar. Quando mais você pensa, mais você pode realizar. E se você se recusar a pensar? Bem, se a ideia de se recusar a pensar parece ingênua, pergunte a você mesmo se os 5300 empregados demitidos da Wells Fargo estavam exercendo a virtude da racionalidade quando criaram mais de 3 milhões de contas falsas para cumprir as metas impossíveis de venda estabelecidas por seus líderes.
A segunda virtude de Rand assegura a liberdade da influência e controle indevidos dos outros. Ser independente significa ter autoconfiança, isto é, não estar disposto a aceitar o status quo ou as opiniões dos outros, até você tê-las julgado racionais. Rand admitiu que imitadores poderiam ter sucesso no curto prazo, mas argumentou que só pensadores verdadeiramente independentes – como Steve Jobs e Walt Disney – poderiam ter sucesso ao longo prazo.
A virtude da integridade de Rand requer que você aja de acordo com suas conclusões racionais. Isso nem sempre é fácil, especialmente agora que o tribunal da opinião pública é mais barulhenta e tem mais alcance que nunca. Mesmo o megainvestidor Warren Buffet foi condenado por manter sua integridade e se recusar a seguir a manada em suas decisões de investimento. Mesmo assim, se você tivesse investido US$ 1.000 com Buffett em 1964, teria algo em torno de US$ 10 milhões em janeiro de 2016.
Rand disse que a honestidade “mais cruel” é a única forma de evitar os perigos do autoengano. O desastre do Challenger em 1986 foi um exemplo fatal disso: o ônibus espacial explodiu e sua tripulação de sete membros morreu porque os líderes na NASA e em Morton Thiokol não quiseram admitir um defeito fatal na vedação dos anéis de O-ring. Curiosamente, Rand chamou a atenção para uma exceção à virtude da honestidade – ela afirmou que você não tem obrigação de ser honesto com pessoas desonestas.
A virtude da justiça requer que você julgue os outros por suas ações, e que esteja preparado para ser julgado pelas suas. Ela exige que você determine os fatos, julgue-os com base em pensamento racional e independente e, então, aja sobre tal julgamento. Qual é o oposto da justiça? Você pode ver nas manchetes dos noticiários: corporativismo, nepotismo e outras formas de recompensa imerecida, tais como grandes cheques para CEOs em empresas quase falidas.
Produtividade
Rand disse que o trabalho produtivo é o propósito central da vida. Ele transforma a racionalidade (ideias) em bens e serviços tangíveis. Ela cria valor material, daí Rand ter argumentado famosamente em A Revolta de Atlas que o dinheiro era “a raiz de todo bem”, e não de todo mal. Edwin Land, inventor e fundador da Polaroid, é um grande exemplo da virtude da produtividade. Quando faleceu em 1991, ele tinha 535 patentes em seu nome.
Rand disse que a virtude do orgulho era necessária para você se tornar a melhor versão de si mesmo. Ela resulta da autoestima, que lhe sustenta nos tempos bons e ruins. Contudo, o orgulho deve ser obtido – e é obtido ao praticar e viver de acordo com todas as outras virtudes objetivistas.
Racionalidade, independência, integridade, honestidade, justiça, produtividade e orgulho. Se você colocar essas sete virtudes em ação em sua vida profissional, você terá sucesso – não importando se você ama ou odeia Ayn Rand.
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Traduzido por Matheus Pacini.
Publicado originalmente em Inc.
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