A nascente é um romance filosófico escrito por Ayn Rand e publicado em 1943. É uma obra de ficção que apresenta uma visão objetivista da vida, da liberdade e do empreendedorismo.
A história gira em torno de Howard Roark, um jovem arquiteto que se recusa a comprometer seus princípios em face da pressão da sociedade e dos outros arquitetos. Ele representa a idealização de Rand do que seria um “homem ideal”, cujos valores são determinados exclusivamente por sua razão, e que se recusa a se curvar às expectativas e ao que as pessoas pensam dele. O protagonista é um visionário que não se enquadra nas convenções sociais e nos interesses corporativos para construir seus edifícios. Eles refletem sua visão única, independentemente das normas estabelecidas. Sua personalidade é vista como complexa e, muitas vezes, controversa.
Roark é um homem de princípios firmes e inabaláveis, um indivíduo independente que não se preocupa com o que as outras pessoas pensam dele ou de suas opiniões. Roark não se preocupa em seguir as tendências da moda ou o que é popular na época. Também é um homem que preza a objetividade e a razão. Ele acredita que a razão é a única ferramenta que os seres humanos têm para compreender o mundo e alcançar o sucesso. Ele é muito inteligente, perspicaz e analítico, capaz de ver a essência das coisas e entender o que é verdadeiro e o que é falso.
No entanto, sob outra perspectiva, Roark também pode ser visto como um homem egocêntrico e individualista. Ele se preocupa apenas com seu próprio sucesso e realizações, negligenciando as necessidades e desejos das outras pessoas (que não são valores para ele). Ele é contrastado com outros personagens, por exemplo, Peter Keating, outro arquiteto mais popular e que segue as tendências da moda, movido pela aprovação dos outros, e Ellsworth Toohey, um crítico de arte que deseja controlar a cultura e a moralidade da sociedade.
Ao longo do livro, Roark vai nos mostrando os obstáculos enfrentados em sua carreira e em sua vida pessoal, mas permanece firme em seus princípios e acredita que sua própria realização pessoal é a única medida adequada do sucesso. Ele acaba construindo edifícios que refletem sua visão criativa e estética e, como consequência, obtém reconhecimento e respeito.
O livro é uma defesa apaixonada dos valores pessoais e do individualismo, reafirmando que a razão é a única fonte de conhecimento e que a busca da felicidade pessoal é a mais elevada aspiração moral. Ayn Rand argumenta que as massas raramente valorizam a criatividade e a inovação, e que indivíduos como Roark são frequentemente marginalizados, desprezados e perseguidos pela sociedade.
A nascente é considerado um dos romances mais influentes do século XX. Ele ainda é amplamente estudado e discutido por acadêmicos e entusiastas da filosofia de Rand, bem como serve de inspiração para milhões de pessoas.
A história aborda o tema da individualidade, em que é fundamental que uma pessoa lute pelo seu próprio interesse, pela sua realização, sem se deixar manipular pelos interesses alheios, sejam eles políticos ou econômicos. O livro tem uma presença forte do capitalismo e da liberdade pessoal, temas que podem ser facilmente associados com os desafios atuais da política e economia brasileira.
No Brasil, atualmente, as questões políticas e econômicas estão interligadas e se impactam mutuamente. Com um contexto de crise econômica agravado pela pandemia da Covid-19, os políticos e autoridades públicas têm o desafio de tomar decisões preocupadas em recuperar a economia brasileira. Todavia, não há muita clareza sobre as alternativas e as premissas dessas decisões. Muitas vezes, os interesses políticos se sobrepõem aos interesses públicos, e as políticas acabam sendo feitas em benefício de grupos específicos, em detrimento da sociedade como um todo.
Podemos fazer uma analogia com Howard Roark, com as pessoas que se engajam em profissões autônomas, de empreendedores e microempreendedores individuais, que seguem esse caminho muitas vezes em busca de seus objetivos pessoais, sem se sujeitar a regimes de trabalho burocráticos, pouco eficazes e que não permitem a liberdade criativa que tanto valorizam.
Os reflexos econômicos das escolhas políticas podem impactar significativamente a economia, pois, com medidas que visam favorecer grupos em detrimento do público em geral, a experiência econômica, pode ter seu livre fluxo limitado. Isso gera um quadro econômico mais complexo e instável.
Portanto, a obra A nascente de Ayn Rand nos inspira a ser uma pessoa que luta pelo que acredita e busca a realização de seus próprios interesses, sem se subordinar a interesses alheios. Se os políticos e as autoridades públicas atuassem com transparência e com o objetivo de beneficiar a todos, a economia brasileira poderia se beneficiar, ser mais saudável e sustentável para todos. Afinal, sucesso econômico não é incompatível com individualidade, liberdade e ética, mas sim interdependentes e coexistentes.