Resenha – “A revolta de Atlas”

O livro a Revolta de Atlas escrita por Ayn Rand é considerado o mais influente dos Estados Unidos após a Bíblia. A autora é conhecida por ser defensora do egoísmo racional e por acreditar que cada indivíduo é responsável por suas ações e por buscar a liberdade e a felicidade como valores supremos. Este livro é uma ficção, foi publicado em 1957, lançado no Brasil em 1987, com o título Quem é John Galt, e republicado em 2010 já com o título atual.
O título A Revolta de Atlas é baseado na história da mitologia grega, na qual o titã Atlas recebe de Zeus o castigo eterno de carregar o mundo nas costas. As pessoas produtivas, criativas, que dão valor ao trabalho, possuem propósito, criam trabalho e buscam o resultado e a felicidade como maior valor são representadas por Atlas, pois carregam todo o fardo de uma sociedade formada por parasitas, exploradores, que visam apenas ao benefício obtido através dos outros, que se valem da corrupção, da mediocridade e da burocracia para impedir o progresso individual e da sociedade. O curioso é que este romance aborda temas e situações muito similares ao que o mundo ainda vive. A pergunta crucial que vem, ao ler o livro, é: até quando esses Titãs aguentarão?
O livro é dividido em 3 partes: Não Contradição, Isso ou Aquilo e A = A. Na primeira parte, o livro apresenta os personagens principais, um primeiro grupo que são pessoas e empresários que buscam o resultado e a produtividade como bem maior. Existe um segundo grupo formado por pessoas contrárias a isso, pessoas sem talento, sem vontade de trabalhar, políticos, empresários corruptos e filósofos que usam o poder como forma de regular e abusar das pessoas que produzem, utilizando o argumento de altruísmo como um bem maior para população, ideia de ganho compartilhado independente do resultado individual.
O início da obra mostra como as pessoas produtivas, a partir de esforço, talento e dedicação, conseguem obter resultado, mesmo com todas as adversidades. Com personalidade forte e lutadora, os personagens Dagny e o Henry são exemplos fiéis de perseverança e empenho. Eles são diferenciados por possuírem dedicação tamanha aliada a um esforço proveniente do estudo. Eles se destacam por entenderem o que realmente era importante na sociedade, o que fazia diferença e enxergavam que a riqueza e a produção tornavam a sociedade mais próspera. Já no início, os personagens antagonistas, que são os parasitas, como o irmão da Dagny, juntamente com homens poderosos e com influenciadores de opinião, já se organizavam para obter benefícios sobre o outro grupo.
Na segunda parte do livro, diante do sucesso de produção e do trabalho, esses parasitas começaram a lançar armadilhas por meio da regulação e do poder que tinham. Essas armadilhas vinham em formato de lei e decretos, o que não é estranho nos dias de hoje. Em uma passagem do livro, os parasitas expõem essa tática. Segundo o raciocínio mostrado, e que ainda é atual, as leis não são feitas para serem cumpridas e sim o contrário. Quanto mais se deseja obter algo sob as custas dos outros, mais dura deve ser a lei, pois, assim, os produtivos não conseguirão cumprir, abrindo brecha para negociações corruptas, nas quais o poder público finge não ver, mas, em troca, exige favores. Aos poucos, os parasitas dificultavam a vida dos produtivos, e a consequência era a diminuição da produção, redução da fábrica e, até mesmo, falência.
Os empresários amigos do rei conseguiam decretos para impedir a competitividade, os quais determinavam a proibição de abertura de empresas em regiões que já possuía outra do mesmo ramo. Além disto, o decreto limitava a produção das empresas com o objetivo de garantir a igualdade de ganho. No nosso país, vemos muitos privilégios sendo distribuídos dessa forma. Diante da insatisfação e da falta de liberdade, os empresários produtivos, passaram a fechar suas empresas e, simplesmente, iam embora deixando a sociedade com menos oferta de produto. No início, não parecia fazer tanta diferença. Alguns parasitas achavam isso bom, pois, assim, haveria mais privilégios para os parceiros. E dessa forma foi ocorrendo, com exceção da Dagny e do Henry.
No final da segunda parte, a situação econômica da cidade começa a ficar insustentável, dando sinais que algo estava dando errado. Nessa hora, a maior parte dos produtivos já haviam desistido de lutar, e só havia duas pessoas que ainda lutavam. Diante desta situação, a sociedade em caos, a situação econômica cada vez pior, o governo taxou ainda mais os que restavam como forma de recompensar a miséria, mostrando que, diante de uma realidade miserável, não poderiam existir pessoas que ainda gozavam de bem-estar e conforto. Não suficiente com aumento de taxas e outros, além de usar um decreto, os integrantes do estado também fizeram chantagens da vida pessoal de Henry como forma de tomar a patente do seu produto. Logo após, os governantes com apoio dos sindicalistas, fizeram uma série de medidas, como, por exemplo, a proibição da demissão de funcionários diante da escassez de emprego. E nas empresas, passaram a ter líderes sindicais, auxiliando e dando ordens no dia a dia da empresa.
Na terceira parte do livro, Dagny sofre um acidente de avião caindo em um local no meio do deserto, onde estavam todas as pessoas produtivas que haviam fechado seus estabelecimentos e que trabalhavam nas empresas. O local era conhecido como Atlântida, o vale do John Galt, onde todos viviam e produziam coisas simples, fruto do seu trabalho. Não existia muita gente para trabalhar, por isso todos faziam de tudo, desde colher alimentos até gerar luz (um inventor de um motor), entre outros. O importante é que não existia favor e todos eram remunerados pelo serviço que prestava, todos que estavam ali sabiam que a Atlântida era passageira.
O personagem John Galt foi o responsável por idealizar tudo. Ele era a pessoa que convencia as pessoas produtivas a fechar seus estabelecimentos e mudar para este local. O seu argumento principal era que, ao resistir contra os parasitas, os produtivos, na verdade, estavam sendo coniventes. Tudo o que os poderosos queriam era ter pessoas produtivas para trabalharem e gerarem riquezas para, posteriormente, os poderosos obterem benefícios próprios. Diante disto, Galt formulou a estratégia de dar aos parasitas o que eles queriam, ou seja, se eles queriam controlar as empresas que fosse por completo, se quisesse regular a produção que fosse por completo e, dessa forma, mostraria a sociedade o caos que isso tornaria e, ao mesmo tempo, a falta que eles faziam.
Após uma rápida estadia no vale, Dagny, relutante, voltou ao mundo real, dizendo que não desistiria. Com o tempo, a sociedade entrou em desordem, com infraestrutura precária, pontes caindo, trens sem manutenção, falta de comida nas cidades, aumento da criminalidade, apagões e outras coisas. Um dos últimos a acatar e ir para o vale foi Henry, que foi logo após a volta da Dagny.
Já nos trechos finais, o Governo, em uma emergência, fez um discurso populista para tentar desviar o foco da população diante do caos. Nesse discurso, John Galt conseguiu entrar ao vivo no lugar dos políticos e fazer um discurso para população. Esse discurso é marcante e histórico. John Galt, que, até então, era uma lenda para a população e havia virado um jargão (quando não se sabe sobre o assunto nem responder, as pessoas diziam “Who is John Galt?”) foi achado, preso e torturado pelos poderosos, que queriam usá-lo para ludibriar a população, já que, com seu discurso, havia ganhado vários adeptos.
Em um local militar, os produtivos, liderados por Ragnar, Francisco, Dagny e Henry realizaram a captura do John e fugiram todos para o vale. Foi dessa forma que Dagny enxergou que não havia mais como resistir. Após um tempo no vale, eles viram que a sociedade entrara em colapso e que clamava por eles. Dessa forma, o livro encerra com os produtivos dizendo que era hora de voltar e fazer as coisas do jeito deles.
John Galt foi conhecido no livro por ser o responsável por fazer o motor do mundo parar (frase utilizada ao renunciar seu emprego). Ele conseguiu isso quando todos os produtivos pararam, que, segundo ele, eram os motores do mundo.
A autora reforça que, em tudo, deve-se buscar a satisfação, a felicidade e o trabalho. Dagny usa a seguinte frase: “Juro, por minha vida e meu amor, que jamais viverei por outro homem e nem pedirei a outro homem que viva por mim”. Este livro traz diversas reflexões para a vida profissional, no relacionamento e na família. Se as pessoas não enxergarem valor nas outras que estão próximas e não acharem importante o que elas têm para oferecer, não existirá relação, seja na vida de casal, no relacionamento com o cliente ou na família. A filosofia do egoísmo racional é forte e marcante no livro juntamente com a importância das pessoas produtivas para a sociedade. Um fato que preocupa a nossa realidade e é um ponto de reflexão é que os personagens que são produtivos no livro são irreais e fazem parte da ficção, mas os personagens que são os parasitas são mais do que reais no nosso dia a dia.

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