A nascente é uma das obras-primas de Ayn Rand. Nascida em São Petersburgo, na Rússia, no dia 2 de fevereiro de 1905, foi uma escritora, filósofa e roteirista de origem judaico-russa. Graduou-se em Filosofia e História. Conhecida por desenvolver um sistema filosófico chamado de Objetivismo, que pauta o conceito do homem como um ser heroico, tendo como propósito moral da vida a sua própria felicidade, como ação mais nobre suas realizações produtivas, e como único absoluto a razão. Para ela, o Objetivismo é uma “filosofia para a vida na Terra”.
O enredo ocorre nos Estados Unidos, sobretudo na cidade de Nova York, durante as décadas de 1920 e 1930. Ele narra os desafios do arquiteto inovador Howard Roark em seu esforço para alcançar o sucesso em seus próprios termos.
Tudo começa com o protagonista, Howard Roark, sendo expulso aos 21 anos do curso de Arquitetura no Instituto de Tecnologia de Stanton por “insubordinação”. Os membros do corpo docente e administrativo direcionavam seus alunos para estilos clássicos, entretanto, Roark seguia seus próprios ideais. Por outro lado, Peter Keating, seu colega de classe, apesar de não ter o brilho e amor pela arquitetura, dava aos professores exatamente o que eles queriam, e se formou como orador oficial com grandes honras.
Após deixar Stanton, Roark vai trabalhar para Henry Cameron, um gênio idoso e rabugento, cujas ideias estão muito à frente de seu tempo. Cameron é um fracasso comercial, mas um homem intransigente e íntegro. Arquiteto de sucesso no ano de 1880, as ideias de Cameron foram cada vez mais revolucionárias, resultando no nascimento do arranha-céus. Ele foi um dos primeiros a projetar edifícios que se sobressaíam, e o primeiro a insistir que um edifício alto deve parecer alto, enquanto outros arquitetos desenhavam os seus prédios para parecerem menores. Quando a sociedade americana cai sob o domínio dos estilos clássicos destacados na Exposição Colombiana de 1892, as ideias modernistas de Cameron são rejeitadas. Sua hostilidade só aumenta a dificuldade do público em reconhecer sua genialidade. Roark trabalha para ele por três anos, até a saúde de Cameron falhar, e aprende a aperfeiçoar o grande e original talento que possui.
Howard Roark se forma em Stanton, Keating trabalha para Guy Francon, o arquiteto de maior sucesso e prestígio do país. Francon é um arquiteto medíocre que plagia os designs do passado; mas ele dá ao público o que este está acostumado a receber, e com um domínio soberbo das graças sociais, bebendo e jantando com clientes em potencial nos restaurantes mais exclusivos de Nova York. Francon é um impostor que ensina Keating apenas como manipular e influenciar as pessoas, e não como construir de forma honesta e eficaz. Ele tem uma filha, Dominique, que possui vontade própria e acredita que a verdadeira nobreza não tem chance de sucesso em um mundo dominado pelos estúpidos e corruptos. Ela escreve uma coluna dedicada ao design e decoração de interiores no The New York Banner, um jornal diário de propriedade da poderosa editora Gail Wynand.
Dominique conhece Keating em algumas ocasiões e, para se punir, aceita casar-se com Keating. Este cresce profissionalmente, e nos momentos de necessidade técnica de planejamento e design, pede ajuda para seu colega Howard Roark, quem o auxilia. No decorrer acontece o anúncio de um concurso para projetar o Edifício Cosmo-Slotnick, o “edifício mais bonito do mundo”. Contando com a ajuda Roark, Keating vence a competição. Ao mesmo tempo, ele também é responsável pela morte do designer chefe da empresa, tornando-se sócio de Francon.
Enquanto isso, Roark luta para encontrar emprego após a aposentadoria de Cameron. Em sua busca, é contratado por John Erik Snyte, um construtor eclético que não está ligado a nenhuma escola específica de design. Roark recebe também a proposta do jornalista Austen Heller, quem o contrata para construir uma casa particular. Roark abre seu próprio escritório, mas seus projetos são muito revolucionários e ele recebe poucas comissões. Quando Roark perde a comissão para o importante Manhattan Bank por não permitir a adulteração de seu projeto, ele fica na miséria, fecha seu escritório temporariamente e vai trabalhar em uma pedreira de granito em Connecticut.
A pedreira é propriedade de Guy Francon. Nessa situação, Dominique conhece Roark. Ela se sente profundamente atraída, mas tem medo de um relacionamento amoroso.
O paradeiro de Roark é descoberto por Roger Enright, um empresário inovador que oferece um projeto de um novo tipo de construção. Roark deixa a pedreira e volta para Nova York. Mesmo assim, ele pega-se pensando em Dominique.
A construção da Residência Enright traz o reconhecimento de Roark. Um empresário de sucesso de Wall Street o contrata para construir seu primeiro prédio de escritórios, um arranha-céu de cinquenta andares no centro de Manhattan. Após isso vários convites seguem chegando. A crescente fama atrai a atenção do crítico de arquitetura Ellsworth Toohey, que se sente ameaçado. Toohey busca o poder sobre a profissão de arquiteto e tenta acabar com a carreira do individualista.
Neste ponto, a carreira de Roark está em alta. Ele projeta uma obra-prima para o Templo Stoddard. Mas Toohey, como era seu plano, manipula Stoddard e o público. Ele denuncia o Templo de Roark como herético e a sociedade segue sua liderança, fazendo um coro de protestos. O Templo Stoddard é demolido, e Roark é condenado como apóstata. A carreira de Roark está agora em declínio, e ele recebe apenas comissões pequenas.
Keating e Dominique estão casados há vinte meses. Através da manipulação de Toohey, Dominique é apresentado ao editor de jornais Gail Wynand, para cujo jornal Dominique trabalhou anteriormente como colunista. O poderoso Wynand é um homem de premissas mistas. Dominique, pensando que encontrou um homem ainda mais baixo que Keating, se divorcia e se casa com Wynand. O poderoso editor compra o consentimento de Keating com um cheque robusto.
Wynand, embora seja um homem que favorece as massas em sua vida, adora as realizações mais nobres do homem. Wynand deseja construir uma casa no campo para Dominique. Então contrata Roark para construir. Os projetos de Roark lentamente começam a atrair um número crescente de indivíduos que entendem a natureza revolucionária de seus desenhos.
O clímax de A nascente começa quando Keating, cuja carreira está em decadência, implora a Roark para projetar para ele o desenho de um novo projeto habitacional de baixa renda chamado Cortlandt. O protagonista concorda apenas com a condição de que os edifícios sejam erguidos exatamente como ele os projeta. Porém, essa promessa não é cumprida e Roark destrói o empreendimento com dinamite com o auxílio de Dominique. Nesse momento, Roark sabe que Dominique está pronta para o relacionamento deles.
Wynand embarca em uma cruzada para salvar Roark, utilizando-se da sua empresa jornalística (The Banner). Porém, Toohey manipula informações, apoia greves e deixa Wynand e o jornal com baixa popularidade.
Em seu julgamento, Roark defende o direito do criador ao produto de seu esforço. Ele argumenta que um indivíduo não é um escravo da sociedade, e que a sociedade tem direito à obra de um criador apenas em seus próprios termos. Ele ressalta que, ao longo dos tempos, os homens criativos muitas vezes desenvolveram novas ideias e produtos benéficos, apenas para serem rejeitados por suas sociedades. O júri entende sua posição e vota para absolvê-lo. Roger Enright compra a Cortlandt Homes do governo e contrata Roark para construí-la; Wynand, como planejado, contrata Roark para construir o Wynand Building, o arranha-céu mais alto da cidade. Roark alcançou sucesso comercial em seus próprios termos. Anos de intrigas de Toohey são desperdiçados; ele falhou em sua tentativa de derrubar o protagonista, e Keating, que já foi aclamado, agora descobre que sua carreira na arquitetura está encerrada.
O romance retrata o conflito entre os criadores e aqueles que vivem às suas custas, tendo o protagonista disposto a aceitar as responsabilidades e as consequências do pensamento independente. Demostra as intenções ocultas em meio à disputa pelo poder, a realidade do debate do coletivismo contra o individualismo e a apologia na pregação da igualdade contra a liberdade.
E, por fim, reflete a mensagem da importância do ego e da autoestima humana para o nascimento do progresso humano.
Ivan Takao
Engenheiro florestal e químico ambiental, MBA em liderança estratégica, consultor de planejamento e operações florestais na Suzano e associado I do Instituto Líderes do Amanhã.
Revisado por Matheus Pacini.
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