Qual é o caminho para a felicidade?

Muitas pessoas parecem vacilar entre “fazer o que é certo” e “perseguir sua felicidade”, o que, em grande parte devido à sua educação religiosa, coloca-as em um dilema. Fazer o que é certo geralmente significa cumprir o “seu dever” ou seguir princípios não relacionados a uma vida feliz na Terra. Segundo a maioria das religiões e filosofias, uma vida feliz é considerada “egoísta”, devendo, portanto, ser evitada.

Assim, para buscar sua felicidade, muitas pessoas evitam a moralidade e apenas fazem o que têm vontade: agem de acordo com seus desejos, em um esforço para se satisfazerem. O problema é que ambas as posições não favorecem uma vida feliz: a moralidade religiosa, por condenar a felicidade na Terra, versus o “seguir os próprios ímpetos”, por trazer consequências ruins a quem pratica. O sofrimento é considerado uma virtude na maioria das moralidades, porém nenhum homem razoável quer sofrer a vida inteira; então, a saída é trapacear de vez em quando para fazer o que se tem vontade.

Mas os ímpetos (ou as emoções de alguém) não são ferramentas de cognição (pensamento) e não são pré-programados para trazer sucesso ao individuo. Considere o vício em drogas, por exemplo: ele pode sim fazer você se sentir bem enquanto durar seu efeito, mas a custo de debilitar sua capacidade de julgamento e arriscar a sua vida. A realidade permanece, mesmo que você se desconecte dela. Então, pular do telhado de uma casa estando drogado trará graves consequências, mesmo que você pense que sairá ileso.

Então, se a moralidade do dever deixa a pessoa infeliz, e seguir os ímpetos pode ser perigoso para a saúde, qual é a alternativa para realmente buscar uma felicidade que seja ao mesmo tempo moral e boa para você?

Ayn Rand apresentou a solução ao descrever um padrão de moralidade baseado na natureza factual do homem. O homem não deve seguir nenhum dever externo, nem seus ímpetos, mas sim decidir, previamente, o que é de seu interesse, levando em conta todos os fatores relevantes. De outra forma, a felicidade será o resultado de uma vida bem-sucedida, com escolhas e atitudes baseadas na natureza do homem e no que beneficia a ele.

Agir de acordo com o que é bom para si mesmo trará alegria e te tornará realizado, já que tomar decisões baseadas em fatos aumenta a chance de ser bem-sucedido. Um exemplo disso é comer refeições nutritivas; alimentos saudáveis são bons para si, por isso é moral comer bem. Comendo bem, a pessoa alcançará inclusive um sentimento geral de bem-estar fisiológico.

Em um nível maior de consciência, é moral pensar sobre os fatos relativos à própria vida – considerar quais são aqueles que a influenciam diretamente – antes de tomar uma decisão.

Pensar é um processo agradável; a capacidade de raciocinar é um aspecto natural do ser humano, e um homem racional se beneficia quando está pensando em algo. Por conseguinte, tanto no âmbito físico/biológico, quanto no âmbito mental, ele alcançará bons resultados – o que certamente elevará seu estado de alegria por ter sido bem-sucedido ao buscar sempre aquilo que o faz melhorar.

Os heróis dos dois romances mais populares de Ayn Rand – A nascente e A revolta de Atlas – contêm muitos exemplos do que significa ser moral em um padrão racional. Esses personagens, através da ação racional, conquistam aqueles valores que sustentam suas próprias vidas, sem deixar de desfrutar delas durante o processo: Howard Roark mantém uma grande carreira; John Galt fica livre para viver sua vida em um mundo livre da filosofia irracional que outrora tentou escravizá-lo.

A luta deles não foi fácil, em nenhum dos romances, mas seguindo os princípios de uma moralidade baseada em fatos e centrada no homem, eles conseguiram ser bem-sucedidos, no longo prazo, porque se alinharam com os fatos, orientados pela razão. O mesmo pode acontecer na vida de qualquer indivíduo, desde que ele seja racional e siga os fatos de acordo com o que esses significam para sua própria vida, segundo um padrão racional. Ao agir de acordo com os objetivos que são de fato benéficos para sua vida – em todos os níveis – sua felicidade pode ser alcançada em um estado moral de bem viver. Como Tara Smith colocou em seu livro sobre egoísmo (Viable Values), ser moral por um padrão racional significa ganhar mais vida para viver e ser feliz com isso – ganha-se uma vida mais feliz, porque também não se está lutando contra a realidade da natureza ou realidade do homem em geral, alcançando uma harmonia entre ambos.

Algumas dessas premissas de valor subconscientemente aceitas podem ser válidas e favoráveis: você fica feliz por conseguir um novo emprego que vai adorar. Não obstante, muitas delas poderão ser antivida, impedindo-o de aproveitar sua vida. Por exemplo, se um padre lhe diz para não se casar com uma garota só por que ela adora sexo e você aceita este conselho.

Da mesma forma, outros fatores podem influenciar no seu prazer em decodificar seus próprios valores, ser feliz e desfrutar a vida como um todo. Um exemplo disso é como, em geral, os geeks são estereotipados em programas de TV. As comédias modernas os retratam como tolos, com dificuldades de comunicação ou vítimas de bullying. Nenhuma dessas caricaturas deve, no entanto, diminuir seu entusiasmo de estudar e descobrir as coisas por conta própria ou te levar a rejeitar a razão como um guia para uma vida feliz, tampouco te impedir de se sentir bem por fazer essa escolha e seguir com ela.

O conselho a seguir é importante e deve ser levado a sério quando se tem o propósito de alcançar uma vida feliz e bem-sucedida: Ayn Rand advertiu que se deve verificar as premissas para descobrir se elas são a favor ou contrárias à sua vida. Especialmente no que diz respeito às emoções, saber que não se deve adotá-las como guia para a felicidade e o sucesso, quando se deseja levar a vida de uma maneira agradável e cheia de significado.

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[ * Parece haver alguma confusão neste ponto sobre emoções, mesmo entre os estudantes mais jovens do Objetivismo. As emoções não surgem devido a um processo de pensamento – um processo de levar os fatos em consideração usando a razão, julgando esses fatos por um padrão centrado no homem e tendo como resultado sentir uma emoção. Se assim fosse, segui-las não seria problema. No entanto, emoções surgem devido a um processo subconsciente de adotar premissas de valor e dar uma resposta automática com base nelas. Mas as premissas de valor de um homem não são automaticamente pró-vida; as premissas de valor de um homem são geralmente aceitas pelo que lhe foi ensinado como certo ou errado, pelo que você aprende da cultura em geral, e pelas premissas de valor que ele descobre por conta própria. O problema é que, sem um padrão racional explícito adequado, as suas emoções surgem devido a uma miscelânea de premissas de valores conflitantes.

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