Nesta novela distópica, Rand, forte opositora de ideologias coletivistas, conta a história de Igualdade 7-2521, um jovem que conhece o único mundo possível para todos aqueles que nascem nas cidades do seu tempo, um mundo em que a ideia do “Eu” simplesmente não existe.
Em um futuro sombrio e desconhecido, Igualdade 7-2521, um homem de 20 praticamente anos, conta, do passado até aquele momento, um pouco de sua jornada. Logo de cara, algo em sua linguagem chama a atenção: quando fala de si próprio, Igualdade sempre usa o pronome “nós”. O mesmo ocorre quando ele se refere a alguém, sempre chamando ele, de “eles”. Mas isso não se trata de um quadro agudo de esquizofrenia, pelo menos, não do protagonista. Igualdade foi criado e educado sob repressão autoritária desde sua infância, não sendo permitido, a ele e a ninguém, questionar e nem fazer nada que não fosse previsto. As relações humanas são estritamente reguladas e o destino de todos é estipulado pelos grandes Conselhos.
No entanto, sua mente possui intensa curiosidade e desejo de questionar, o que o faz acreditar ser amaldiçoado, pois tudo o que escapava das regras, era tido como pecado ou crime. Quando completa 15 anos, chega o momento de ter todo o seu futuro definido pelo Conselho de Vocações. Tendo forte inclinação científica, Igualdade sonha em fazer parte do Lar dos Eruditos, sua referência máxima de conhecimento. Contudo, chegada a sua vez, o Conselho
lhe impõe a função vitalícia de Varredor de Rua. Acreditando ter sido punido por sua natural e transgressora curiosidade, ele aceita sua atribuição com resignação.
Alguns anos depois, enquanto varre a cidade, descobre, sem querer, um misterioso túnel. Um de seus colegas o adverte de que explorar o túnel é proibido e por isso, ele poderia ser punido. Ainda assim, tomado por sua curiosidade, Igualdade começa a explorar o túnel. Ao fazê-lo, ele acha ter encontrado vestígios do que todos a sua volta sempre chamaram de “Tempos Não-Mencionáveis”, um passado que teria sido um período pecaminoso.
Tomado pelo desejo de saber mais, ele começa a fugir de sua comunidade para usar o túnel como um local de experimentos científicos. Durante muito tempo se sente realizado e não sente culpa. É o início de uma profunda transformação.
Um dia, enquanto seguia sua nova rotina, conciliando a varredura com seus experimentos secretos, Igualdade avista Liberdade 5-3000, uma linda camponesa de 17 anos, por quem se apaixona. Assim, um novo conflito surge em seu coração, pois sabe que está cometendo uma transgressão ao deseja-la profundamente, em vez de esperar que uma mulher seja lhe designada no período do acasalamento. Aos poucos e com muito receio, eles 2 estabelecem uma comunicação e com o tempo, ele passa a chamá-la de Excelente. Ela, por sua vez, conta que também deu um nome a ele: Inconquistado.
Seguindo suas pesquisas no túnel, Igualdade redescobre a eletricidade. E assim, faz funcionar um objeto que ele chama de caixa de luz. Um dia, dentro do túnel e imerso em seus pensamentos, perde a hora de retornar ao dormitório, é preso e levado para o Palácio de Detenção Corretiva. Depois de se negar a responder às perguntas, ser torturado e preso, 7-2521 consegue fugir, mas, em vez de tentar sumir, pega seu dispositivo luminoso e, certo de que poderia contribuir para um mundo melhor, decide levar a engenhoca ao Conselho Mundial dos Eruditos. Ao chegar lá e demonstrar o funcionamento do objeto, os anciões o humilham e querem apenas destruir sua descoberta para que não atrapalhe os planos do Conselho e do Departamento de Velas. Igualdade se revolta, pega seu aparelho, e foge para a Floresta Desconhecida, amaldiçoando o Conselho.
Nela, 7-2521 percebe, pela primeira vez na vida, completamente sozinho, mas, em vez de sentir medo, sente-se livre e aprecia a sensação. Aparentemente, ninguém mais irá persegui-lo até este lugar proibido. Em seu segundo dia de fuga pela floresta, Liberdade 5-3000 aparece; ela o seguiu para a floresta e jura ficar com ele para sempre. Eles passam a viver juntos na floresta e a expressar seu amor um pelo outro, mas lhes faltam as palavras para falarem como indivíduos.
Seguindo sua longa caminhada, encontram nas montanhas uma casa dos Tempos Não-Mencionáveis e decidem morar nela. Lá, Igualdade faz inúmeras descobertas de como era a vida no passado. Eles se encanta com a arquitetura, com as grandes janelas, com o amplo espaço destinado a poucas pessoas, com as cores e com a beleza. Descobre também, a parte da casa que mais o deslumbra; a biblioteca. Lá, enquanto lê inúmeros livros, descobre a palavra que mudaria todo o seu entendimento da vida dali em diante: “Eu”. Imediatamente, conta para Liberdade e pela primeira vez são capazes de dizer, um para o outro: “Eu te amo”.
Tendo descoberto a genuína individualidade, eles se dão novos nomes: Igualdade se torna “Prometeu” e Liberdade se torna “Gaia”. A partir desse momento, Prometeu planeja como refundará o mundo a partir da perspectiva do EU e dos valores oriundos dos interesses do indivíduo.
A partir de seu romance e do relato das experiências de Igualdade 7-2521, Rand faz uma dura crítica ao coletivismo e a necessidade de que sejam observadas as liberdades individuais e a autonomia da vontade, incluindo em países que se dizem defensores das liberdades individuais, como o Brasil, mas ainda entendem que, em muitas situações, o indivíduo não tem capacidade de gerir suas próprias escolhas e atrelam a validade das suas decisões a um terceiro, como, por exemplo, a necessidade de chancela sindical, judiciária e etc em muitos atos da vida privada.
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Revisado por Matheus Pacini.
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