Por que Ayn Rand é minha heroína moral?

Ayn Rand realizou muitas coisas incríveis em sua vida. Quando criança, viveu na Rússia soviética, vendo, em primeira mão, os efeitos devastadores do comunismo. Quando migrou para os Estados Unidos, já havia passado por coisas que teriam aniquilado qualquer um. Nessa fuga para a liberdade, trouxe consigo uma única ideia, de que a razão é o único absoluto do homem. Na época, era apenas uma semente, mas ela a cultivou e desenvolveu sua própria filosofia, quando a Filosofia em si já havia morrido.

Uma filosofia é um todo integrado, composto pelos insights mais fundamentais do homem sobre a natureza da realidade, a natureza de sua mente e a natureza da vida. Seguindo as pegadas de Aristóteles, sabia que tinha que se orientar pela realidade e pelos fatos para pensar em termos do que existia e podia ser observado. Bem, ela fez suas observações e seguiu, de forma não contraditória, um processo lógico baseado nesses fatos, desenvolvendo um conjunto de ideias que possuem o poder de salvar o mundo do caos da irracionalidade. Um dos aspectos mais importantes do Objetivismo é seu código ético: o primeiro guia moral totalmente racional já criado.

Se a moralidade deve ser racional e baseada em fatos, então, devemos encontrar meios para integrar o fato de que o homem está vivo e precisa fazer certas coisas para seguir vivo. Mas, como fazer isso? Como um homem conecta e integra o que ele é ao que ele deve fazer? Ayn Rand encontrou uma solução, cuja base são as medidas teleológicas. Uma medida teleológica é um meio de relacionar uma coisa à sua própria vida de forma que seja possível decidir racionalmente seguir um determinado curso de ação ou não. É um meio de determinar de antemão se algo é um valor ou um não valor para sua vida, se será benéfico ou prejudicial para si.

Eu não sei se Ayn Rand já tinha essa ideia explícita em sua mente quando começou a escrever seus romances; não estudei seus diários. No entanto, sua representação heroica do homem é única: seus heróis são sempre racionais, em todas as áreas de suas vidas. E ela sempre mostrou seus principais personagens como homens e mulheres que sabem o que querem do mundo e buscam isso ardentemente; muitas vezes sozinho, individualmente. Porque, no fim das contas, cada homem é uma entidade em si mesmo, e deve agir de acordo.

A racionalidade é a principal virtude no Objetivismo, pois é apenas pela razão que o homem pode realizar qualquer coisa em sua vida. Ser racional é ser moral. Tomar sua própria vida como medida do que é bom para si, considerando tudo que você conhece sobre a humanidade em geral, é a maior conquista – isso lhe trará felicidade, uma felicidade que não contradiz os fatos da realidade, nem a si própria. A felicidade é o maior objetivo moral do homem, e a racionalidade, o único meio de alcançar esse objetivo.

Essa é a teoria. Mas e a prática? Dizem que ninguém pode ser racional o tempo todo e, por muitos anos, muitas pessoas têm questionado o descompasso entre a prática e a teoria de Ayn Rand devido a certas coisas que ela fez em sua vida. Em outras palavras, alegam que, embora defendesse a racionalidade como a principal virtude moral, falhou diversas vezes em sua vida. Sinceramente, acho que não. Não conheço um único caso em que ela tenha feito algo irracional ou imoral, dado seu contexto de conhecimento na época. Nada. E isso é incrível, quando paramos para pensar.

Agora, dadas a complexidade do Objetivismo e de seu código moral, podemos imaginar e questionar o que ela fazia de vez em quando. Não há nada de errado nisso, desde que não digamos que ela é imoral sem verificar os fatos que permeiam as suas ações. Questionar alguém ou suas ações não é a mesma coisa que condenar esse indivíduo moralmente. Quando encontramos uma contradição aparente, devemos levar todos os fatos em conta e ponderar seriamente. Isso pode levar um tempo, mas é necessário.

Com tudo que sei sobre Ayn Rand e a profunda influência que ela teve em minha vida, acho que ela é uma heroína moral – e espero que ela continue a inspirar quem procura construir um mundo melhor, em que a razão é o único absoluto do homem.

________________________________________

Artigo publicado em Applied Philosophy Online.

Revisado por Matheus Pacini.

Curta a nossa página no Facebook.

Inscreva-se em nosso canal no YouTube.

__________________________________________

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Inscreva-se na nossa Newsletter