O Objetivismo defende que todos os indivíduos têm algo a contribuir para uma sociedade capitalista?

A inteligência não é um monopólio exclusivo do gênio; ela é um atributo de todos os homens, variando apenas em questão de grau. Se as condições da existência são destrutivas ao gênio, o serão a todos os homens, cada qual na proporção de sua inteligência. Se o gênio é penalizado, o mesmo ocorre com a faculdade da inteligência de todos os homens. Existe apenas essa diferença: o homem mediano não possui o poder de resistência autoconfiante do gênio, por isso se renderá mais facilmente; ele desistirá de sua mente, em perplexidade desesperada, ao primeiro sinal de pressão.”[1]
 

“Enxerguem além do momento presente, vocês que exclamam que temem competir com homens de inteligência superior, que a mente deles é uma ameaça à sua subsistência, que os fortes não dão chances aos fracos num mercado de comércio voluntário. O que determina o valor material do seu trabalho? Nada senão o esforço produtivo da sua mente. Se vocês vivessem numa ilha deserta, quanto menos eficiente o seu cérebro, menos renderia seu trabalho físico – e vocês poderiam passar a vida toda realizando uma mesma tarefa sempre repetida, fazendo uma plantação rudimentar e caçando com arco e flecha, incapazes de ir além disso. Mas quando vivem numa sociedade racional, em que os homens são livres para comerciar, vocês recebem uma vantagem preciosa: o valor material do seu trabalho é determinado não apenas pelos seus esforços, mas também pelos esforços das mais brilhantes mentes produtivas que há no mundo que os cerca.”

“Todo homem é livre para subir tanto quanto puder ou quiser, porém ele só sobe na medida em que utilizar sua mente. O trabalho braçal em si não vai além do momento. O homem que só realiza trabalho braçal consome o valor material equivalente ao da própria contribuição ao processo de produção e não gera mais nenhum valor, nem para si próprio nem para os outros. Mas o que produz uma ideia em qualquer campo no domínio da razão – o homem que descobre novos conhecimentos – será para sempre um benfeitor da humanidade. Os produtos materiais não podem ser compartilhados, pois pertencem sempre àqueles que os consomem. É apenas o valor de uma ideia que pode ser compartilhado com um número ilimitado de homens, fazendo com que todos se tornem mais ricos sem que ninguém seja sacrificado ou leve prejuízo, elevando a capacidade produtiva do trabalho de todo cidadão, não importa quem ele seja. É o valor do próprio tempo que os homens de mente forte transferem para os mais fracos, permitindo que trabalhem em empregos por eles criados enquanto dedicam seu tempo a realizar novas descobertas. Isso é uma troca em que os dois lados saem ganhando. O interesse da mente é sempre o mesmo, qualquer que seja o grau de inteligência, quando se trata de homens que querem trabalhar e não ganhar aquilo a que não fizeram jus.”

“Em proporção à energia mental que gastou, o homem que cria uma nova invenção só recebe uma pequena porcentagem de seu valor em termos de pagamento material, por maior que seja a fortuna que ganhe. Porém o que trabalha como faxineiro na fábrica que produz essa invenção recebe um pagamento enorme em proporção ao esforço mental que seu trabalho exige dele. E o mesmo se dá com todos os cargos intermediários, em todos os níveis de ambição e capacidade. O homem que se encontra no topo da pirâmide intelectual contribui para todos aqueles que se encontram embaixo, mas não recebe nada mais do que seu pagamento material, sem receber nenhum bônus intelectual dos outros que se acrescente ao valor do seu tempo. O homem na base da pirâmide, que sozinho morreria de fome por causa de sua total inépcia, não contribui com nada para aqueles que se encontram acima, porém recebe o bônus de todos os seus cérebros. É essa a natureza da ‘concorrência’ entre os intelectualmente fortes e os fracos. É essa a ‘exploração’ em consequência da qual vocês maldizem os fortes.”[2]

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Revisado por Matheus Pacini.

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[1] RAND, Ayn Rand. “Requiem for Man,” in Capitalism: The Unknown Ideal.

[2] RAND, Ayn. A Revolta de Atlas. Trad. de Paulo Henriques Britto. Rio de Janeiro: Sextante, 2010.

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