O coletivismo de Daenerys Targaryen

Game of Thrones é uma das séries mais assistidas dos últimos anos e nos leva a muitas reflexões e questionamentos interessantes. Daenerys, uma das personagens principais, é herdeira do trono e tem como objetivo chegar até King’s Landing para reivindicar seu lugar como rainha. A série proporciona à personagem o epíteto de libertadora, e inclusive é chamada por muitos de “quebradora de correntes”, principalmente por matar o tirano que está no poder das cidades pelas quais passa.

Ao fazer isso, Daenerys diz libertar aqueles que estavam sob as garras do tirano, porém, paradoxalmente, assume o poder da cidade, decidindo quanto as pessoas devem produzir e comer, além de censurar (queimando vivos) aqueles que se opõem ao seu governo. Em contrapartida, a série nos apresenta o Povo Livre, composto por uma sociedade onde não há um governo central e as pessoas tomam suas próprias decisões em relação a onde morar, o que comer e o que fazer.

O argumento de Daenerys era de que os cidadãos não tinham capacidade para tomar suas decisões, de que eram limitados intelectualmente e precisavam de alguém que decidisse em seu nome. Ela dizia salvá-los da tirania e da pobreza, para que tivessem uma vida digna. Em tese, sua ideia parece tentadora, afinal, quem não quer alguém no poder que queira ajudar os pobres? Porém, o mal nunca é autoevidente: é sempre pressuposição de um bem como fim, mas sem a percepção do meio maléfico usado para alcançá-lo. O grande mal enigmático, nesse caso, é a coerção. Daenerys, por mais que queira ajudar, passa a coagir as pessoas a fazerem o que ela considera bom para elas. Essa centralização do poder priva os indivíduos de sua liberdade, tornando-os meios de sua vontade.

A descentralização do poder implica mais autonomia para o cidadão tomar suas próprias decisões e, inclusive, errar. O erro é o que nos torna humanos e nos faz evoluir, nos tornando a nossa melhor versão a cada dia. Mance Rayder, um dos líderes do Povo Livre, em determinado ponto da série, é capturado, e é exigido dele que se junte aos servos do rei. Mance é acusado de estar fazendo a coisa errada e que seria morto queimado. Devido a esse fato, ele se recusa. Segundo ele, “a liberdade para cometer seus próprios erros” foi o que sempre desejou.

Dessa forma, assistir Game of Thrones não é só uma atividade de entretenimento, mas também uma aula acerca da perversidade e da imoralidade do coletivismo.

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Revisado por Matheus Pacini.

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