O presidente Jair Bolsonaro errou na gestão da pandemia, seja na questão institucional, seja na questão operacional; mas atribuir as centenas de milhares de mortes à sua incompetência, isoladamente, é uma injustiça.
Governadores e prefeitos também foram lenientes no que se refere à adoção de práticas consagradas no combate da transmissão viral como: fechamento de fronteiras, estabelecimento de barreiras sanitárias, testagem, rastreamento e quarentena compulsória.
Como ficou comprovado, os lockdowns (como ficaram popularmente chamadas as medidas de contenção) adotados não são eficientes. Depois que uma pandemia se instaura numa região, é difícil conter a contaminação e se recomenda todo o esforço na criação de clusters em que a transmissão seja controlada, não se espalhando para outras regiões.
Segundo especialistas, manter uma vida quase normal é possível desde que haja atenção com os cuidados básicos como distanciamento, máscara e higienização.
No momento em que os laboratórios acenaram com a oferta de vacinas, o governo, em todas as suas esferas, deveria garantir o suprimento, seja pelo sistema estatal ou privado, nas mesma condições.
Há quem diga preferir Lula, porque jogou na conta do Bolsonaro as mais de 330.000 mortes já acontecidas. Isso é um absurdo. Não apenas Lula é responsável pelo sucateamento do SUS, que nunca funcionou, como enterrou bilhões de reais em estádios inúteis e obras realizadas em outros países. Sem falar no que foi desviado das estatais.
Fico imaginando o desastre que seria a pandemia numa administração petista. A corrupção correria solta e provavelmente seria criada a Coronabrás com o Zé Dirceu e o Palloci na administração.
Mas quem são os culpados?
Não sei quem é pior. Se o presidente e suas trapalhadas, ou seus críticos que usam a tragédia, que é universal, para lacrar e lucrar politicamente.
Para ser vencida, uma pandemia exige o controle de inúmeras variáveis imponderáveis que raras sociedades têm a capacidade de conquistar.
Bolsonaro errou. Os governadores erraram. Os prefeitos erraram. O Congresso errou. O STF errou. Entre todos os poderes e jurisdições, não há quem tenha acertado.
Não há um só governante que tenha saído ileso dessa crise sanitária, que se transformou em um problema econômico e humanitário.
E mais: não se pode poupar os políticos que governaram o país no passado recente. Nem no passado remoto. As deficiências que temos na saúde e na produção de riquezas resultam de más escolhas políticas, pois sempre tomamos como base a pior das éticas.
O coletivismo leva ao estatismo. O estatismo leva à estagnação. A estagnação leva à miséria. A miséria leva à ignorância. A ignorância leva à irresponsabilidade. E a irresponsabilidade leva à submissão passiva perante as autoridades que tomaram e tomam decisões equivocadas.
Interessante que todos apontam para um homem. Por mais que ele tenha errado, e errou, ele não é onisciente, onipresente ou onipotente para, num país caótico e anárquico como o Brasil, ser, de repente, o salvador da pátria.
Ele pode achar que foi escolhido por Deus para governar esta terra, mas quem em sã consciência acredita nisso?
Queriam o quê? Um tirano ditando o que cada indivíduo, cada município, cada estado deveria fazer? Ora. Pelo que sei, quem está gostando de fazer isso são os senhores togados e os social-democratas, tiranetes de plantão que fazem de tudo em seus estados, com ou sem cogestão.
Alguém esperava que o governo, qualquer governo, pudesse resolver o problema sabendo-se que governos nunca fazem parte da solução?
Não. Não estou defendendo Bolsonaro. Acho sim que ele é culpado. Mas não é só isso. Ele também é culpado, junto com todas as autoridades que governam este país nas mais variadas instâncias e nos variados níveis jurisdicionais.
Todos que possuem cargos públicos e ficam apontando, como bystanders, para o suspeito, gritando “peguem ele” estão apenas tentando sinalizar virtude para parecerem inocentes perante a opinião pública e a sua própria consciência.
Esses, mais do que ninguém, são hipócritas. São corresponsáveis por cada uma das mortes que ocorrem no país.
Tem que ser muito calhorda para dizer que, num país democrático, com mais de 8 milhões de km², com mais de 220 milhões de habitantes, segmentado em estados e com o poder fatiado pelo judiciário, a culpa de tudo isso seja de um só homem.
Bom. Se vivêssemos num estado unitário, com o poder concentrado nas mãos de um ditador rigoroso e implacável, aí sim poderíamos pensar em colocar todo o prejuízo contabilizado em mortes, perda de empresas e de empregos, na conta do déspota no poder.
Abram uma janela em suas consciências para verem a realidade com objetividade. A cegueira ideológica, a postura irracional, a ânsia pelo poder é o caminho da perdição, é o palco das injustiças.
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Revisado por Matheus Pacini.
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