“Cântico” e a individualidade

Cântico é um romance escrito por Ayn Rand, expoente da filosofia objetivista, que retrata um mundo distópico onde as ideias e valores individuais foram suprimidos para maximizar o coletivismo extremo dessa sociedade. O romance motiva o leitor a refletir constantemente sobre as ameaças dos valores coletivistas nas sociedades modernas, além de iluminar conceitos filosóficos e morais que podem ser aplicados em quaisquer tipos de sociedades que busque prosperar.

O cenário da obra é um futuro distópico e com pouco progresso tecnológico, onde a sociedade é caracterizada por um coletivismo extremo. Todos os indivíduos são desprovidos de nomes próprios, que são substituídos por palavras seguidas de números. Ao longo de suas vidas, os indivíduos são condicionados a abdicar de seus desejos e ambições em prol do progresso e do bem-estar coletivo (filosofia adotada por países marxistas e comunistas). No entanto, um grupo de pessoas acaba decidindo se rebelar contra este sistema, com o objetivo de buscar a sua própria felicidade e realização pessoal.

O conceito de uma sociedade coletivista reflete os perigos que Rand via no socialismo, porém, é preciso notar que a crítica não se aplica exclusivamente apenas ao contexto político da época em que foi escrito. A autora reforça que a noção de individualismo versus coletivismo permanece relevante na forma como as sociedades são moldadas, questões como liberdade individual, autoritarismo e socialismo devem ser debatidas e avaliadas.

O protagonista da obra, Igualdade 7-2521 é um jovem adulto, que possui um grande interesse em se tornar um cientista; porém, no universo da obra, ele não pode decidir sua profissão, tarefa que é destinada ao Conselho de Profissões, órgão do Estado que decide qual seria a profissão de cada indivíduo na sociedade. O Conselho acaba decidindo transformar o protagonista em um varredor de rua, condenando-o a uma vida miserável.

Com o passar do livro, Igualdade 7-2521 começa a ter constantes reflexões e questionamentos sobre o meio onde vive e em um ponto da obra decide se rebelar contra o Estado se isolando na Floresta Desconhecida, local em que os indivíduos que fazem parte da sociedade não podem ousar se aproximar. Desta forma, Igualdade 7-2521 descobre um novo universo em que pode ter liberdade e buscar a própria felicidade sem a interferência de um regulador central que toma as decisões para os indivíduos.

Cântico de Ayn Rand é uma obra literária que transcende sua narrativa distópica para explorar temas filosóficos e morais profundos. Ayn Rand apresenta o conceito do egoísmo racional, destacando a importância da integridade, da individualidade, da liberdade individual e da busca da felicidade, conceitos estes que são atemporais e podem ser aplicados na vida real. Em última análise, Cântico nos convida a encontrar nossa individualidade, a buscar a realização pessoal e a defender a liberdade individual como um valor fundamental.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Inscreva-se na nossa Newsletter