Ayn Rand, você é otimista quanto ao futuro da humanidade?

PLAYBOY: qual a sua opinião sobre a afirmação de seus antagonistas de que os princípios morais e políticos do Objetivismo colocam-no fora do mainstream do pensamento americano?

RAND: eu não reconheço tal conceito de "corrente principal de pensamento." Isso pode ser apropriado para ditaduras ou sociedades coletivistas em que existe um mainstream coletivo – de slogans, e não de pensamento. Não existe tal coisa nos Estados Unidos. Nunca houve. No entanto, já ouvi falar que essa expressão foi utilizada com o objetivo de restringir a comunicação pública de inovadores, qualquer não conformista que tem algo original para oferecer. Eu sou inovadora, e esse é um adjetivo cujo significado remente à distinção e honra, em vez de vergonha. Qualquer pessoa que tem ideias novas ou valiosas para oferecer está fora do statu quo intelectual. Mas o statu quo não é uma corrente, muito menos mainstream: é um pântano estagnado. São os inovadores que possibilitam a evolução da humanidade.

PLAYBOY: Você acredita que a filosofia objetivista varrerá o mundo?

RAND: ninguém pode responder a uma pergunta desse tipo. Os homens têm livre-arbítrio. Não há garantia de que escolherão serem racionais, hoje, amanhã ou daqui a 50 anos. Tampouco é necessário que alguma filosofia "varra o mundo." Se a pergunta fosse: o Objetivismo será a filosofia do futuro? Eu diria que sim, mas com uma ressalva: se os homens se voltarem para a razão, se não forem destruídos por ditaduras e precipitados em outra Idade das Trevas, se os homens forem livres o suficiente para ter tempo para pensar, então o Objetivismo é a filosofia que irão aceitar.

PLAYBOY: Por quê?

RAND: Em qualquer período histórico em que os homens foram livres, sempre foi a filosofia mais racional que prevaleceu. É a partir dessa perspectiva que eu diria que, sim, o Objetivismo prevalecerá. Mas não há nenhuma garantia, infelizmente.

PLAYBOY: Você é uma crítica ferrenha do mundo atual, e seus livros oferecem propostas radicais para mudar não só a forma de sociedade, mas a própria maneira pela qual a maioria dos homens trabalha, pensa e ama. Você é otimista quanto ao futuro do homem?

RAND: Sim, eu sou otimista. Como poder intelectual e ideal moral, o coletivismo está morto. Contudo, o individualismo, e sua expressão política, o capitalismo, ainda não foram descobertos. Os homens têm tempo para descobri-los. É visível que a moribunda filosofia coletivista atual produziu nada além de um culto à depravação, à impotência e ao desespero. Olhe para a arte e literatura modernas, com a sua imagem do homem como ser impotente e irracional, fadado ao fracasso, à frustração e à destruição. Essa é a confissão psicológica dos coletivistas, mas não a imagem do homem. Se fosse, ele nunca teria saído do caverna. Mas nós saímos. Olhe ao seu redor, analise a história: você verá as realizações da mente do homem. Você verá o potencial ilimitado do homem para a grandeza, e a faculdade que torna isto possível. Você verá que o homem não é um monstro indefeso por natureza, mas que isso se torna ao abandonar sua faculdade mais elevada: a faculdade racional. E se você me perguntar: o que é grandeza? Responderei: é a capacidade de viver pelos três valores fundamentais de John Galt – razão, propósito e autoestima.

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Tradução de Roberto Rachewsky

Revisão de Matheus Pacini

Publicado originalmente por Playboy

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