A invenção de (mais) moeda

Em um fórum da internet, um leitor pergunta:

Eu sempre pensei que a importância dos padrões “ouro” de cunhagem do governo era apenas para padronizar peso/tamanho/litragem. As moedas cunhadas eram confiáveis e de pureza padronizada. Sem isso, qualquer pessoa precisaria testar a pureza toda vez que transacionasse algo. O minério de ferro tem por natureza uma pureza variável e, mesmo assim, é negociado. Smartphones funcionam ou não funcionam. Mas ouro 18, 22 ou 24 quilates são muito diferentes.

As pessoas poderiam obviamente comercializar com qualquer coisa que quisessem.

A resposta para o leitor foi:

O princípio de o governo agir para prevenir fraude, onde não existe “causa provável”, está por trás do Estado regulador. Vamos comparar:

já que alguém pode aceitar moedas fraudulentas, o governo tem que regular a cunhagem de moedas;
já que alguém pode cruzar a fronteira e agir criminalmente, o governo deve regular a imigração;
já que usa armas para iniciar a força, o governo tem que regular as armas;
já que alguém pode ser enganado por um falastrão vendendo óleo de cobra, o governo deve licenciar a atividade médica e criar uma Agência Reguladora;
já que alguém pode construir edifícios que podem desmoronar, o governo deve regular as normas de construção;
já que alguém pode publicar mentiras e injúrias, o governo deve regular a liberdade de expressão

Tudo isso são leis preventivas. Elas são malévolas e devem ser completamente abolidas. O dever do Estado é retaliar crimes que estão ocorrendo, ocorreram, ou que são objetivamente uma ameaça (por indivíduos que estão agindo erroneamente).

Incidentalmente, não existe problema de fraudes em relação às moedas de ouro. Qualquer pessoa pode verificar o conteúdo da moeda utilizando vários métodos, inclusive o usado por Arquimedes (medida da densidade).

Nos EUA do passado, promissórias privadas eram falsificadas, e existiam serviços que listavam uma taxa de desconto a ser aplicada para determinados bancos, dependendo da solvência do banco e da prevalência de falsificações.

O mesmo se aplica para pesos e medidas. Não existe nenhuma justificativa para governos imporem padrões. Todos os padrões mantidos pelos governos são inferiores aos privados. O peso? O litro? O padrão pode ser especificado no contrato (“pelo padrão fixado pelo J. P. Morgan” ou outro), e para isso existem os tribunais.

Não existe diferença objetiva entre “peso” e “tomates”. O governo deverá especificar um tomate padrão, um sapato padrão, livro, ferramentas, casas, diferenças cambiais, para que as partes saibam o que eles estão contratando?

Governos devem ser responsáveis apenas por polícia, exército e tribunais. A polícia e os militares não devem definir nada, e as cortes jurídicas devem apenas interpretar o que é ou não fraude; eles não devem manter quaisquer comitês nacionais de padrões. Os comitês devem ser abolidos.

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