“Minha história” – por C. Bradley Thompson – 21/01/2020
Como alguns de vocês sabem, estive em Santiago, Chile, na semana passada. Estava lá para fazer oito palestras sobre Os fundamentos morais de uma sociedade livre.
Vocês também devem saber que Santiago foi vítima nos últimos meses de protestos e manifestações violentas nas ruas que levaram a muitas mortes (28 pessoas), ferimentos físicos (2.500 pessoas) e destruição de propriedades.
No final dessa semana, entrei num Uber e fui para o aeroporto. Meu motorista, por razões que não entendo, não seguiu o caminho mais rápido e seguro.
Em vez disso, decidiu atravessar o coração da cidade e entrar na área principal dos protestos de rua. O tráfego era denso e se movia em ritmo de caracol. Eu estava preocupado que iria perder meu voo. Ao longe, podíamos ver fumaça subindo no céu. Ambos assumiram que era algum tipo de fogo.
Após cerca de 45 minutos e, após alguns quilômetros, chegamos a um grande cruzamento, onde claramente algo estava acontecendo. Ao longe, pude ver pequenas colunas de fumaça, pessoas paradas em carros balançando os braços, e pude ouvir “estouros” altos.
À medida que nos aproximávamos lentamente do cruzamento, ficou óbvio que algum tipo de comoção estava acontecendo, porém tínhamos um caminhão à nossa frente, logo, não podíamos realmente ver o que estava acontecendo.
A pouco menos de 25 metros do cruzamento, percebemos que estávamos em um violento protesto de rua e não tínhamos para onde ir, a não ser avançar na brecha.
Ao nos aproximarmos do cruzamento, ficou claro que estávamos agora no Marco Zero de um violento tumulto de rua anarcocomunista sem rota de fuga. (A ideologia deles era clara nos cartazes e grafites das imediações.) O motorista do Uber estava visível e audivelmente preocupado.
No cruzamento, cerca de 20 vândalos mascarados e armados colocaram correntes e arame farpado na estrada, impedindo que qualquer carro se movesse para frente ou virasse à esquerda.
Cinco bandidos mascarados empunhando bastões e pedras grandes então cercaram nosso carro e começaram a bater e balançar. Eles também tinham grandes extintores de incêndio vermelhos com os quais pulverizavam carros e ameaçavam atirar pelas janelas dos carros. Eles gritavam para nós, lembrando uma cena do filme The Killing Fields, quando o Khmer Vermelho entrou em Phnom Penh. O motorista implorou que nos deixassem passar, o que os irritou mais ainda.
Mesmo esses bandidos usando bandanas que encobriam boa parte de seus rostos, era possível ver claramente seus olhos – e os olhos são o ponto de entrada para a alma. No momento crucial, enquanto danificavam o carro, um deles pressionou o rosto na minha janela, a do passageiro. Seu rosto não estava a mais de alguns centímetros do meu. Naquele momento, vi os olhos enlouquecidos de um chacal raivoso mirando sua presa. Nunca na minha vida vi esse tipo de non compos mentis ideológica.
Então, forçaram-nos a virar numa pequena rua lateral, o que era irritante, pois não sabíamos para onde ou para quem nos levaria. Quando viramos, cerca de 15 policiais com equipamento antimotim, com rifles de gás lacrimogêneo, fizeram um contra-ataque. Os vândalos então retornaram fogo com grandes pedras. Civis em pânico corriam em todas as direções. Foi um caos total. Aquilo havia sido um tumulto generalizado e meu motorista e eu estávamos literalmente no meio dele. Minha maior preocupação era que os bandidos anarcocomunistas tivessem visto que eu estava vestindo uma camiseta do Exército dos EUA (em homenagem a um de meus filhos), o que quase certamente significaria, no mínimo, uma bela surra.
Posso dizer que o que eu vi naquele momento foi terrorismo. No carro ao nosso lado, havia uma família jovem com filhos pequenos. Os pais estavam absolutamente apavorados e tentando mostrar aos vândalos que eles tinham filhos pequenos no veículo. Os terroristas demonstravam ZERO preocupação.
Finalmente, atravessamos aquilo e cheguei ao aeroporto sem tempo de sobra. Meu motorista ficou muito abalado com a coisa toda e fiquei aliviado ao pegar um avião de volta para os Estados Unidos.
A civilização é uma coisa muito frágil. Deve ser nutrida e protegida.”
Meus caros, essa história que reproduzo é real e foi contada por C. Bradley Thompson, professor e pesquisador da Clemson University e diretor-executivo do Clemson Institute for the Study of Capitalism. Também atua como professor visitante nas universidades Princeton e Harvard.
Brad Thompson, como ele é chamado pelos amigos, é um homem acima de qualquer suspeita.
O que ele testemunhou, os chilenos e outros povos já testemunharam sempre que os marxistas buscam tomar o poder.
Já havia sido assim no próprio Chile quando Allende destruiu o país para implantar o comunismo de estilo cubano. O comunismo prospera em meio ao caos, quando as instituições que protegem a vida, a liberdade e a propriedade individual são desafiadas por quem não acredita no que chamamos de civilização ocidental, um conjunto de princípios que podem ser resumidos por livre iniciativa, propriedade privada, estado de direito e livre mercado.
O Chile, que na época de Allende era um dos países mais pobres da América Latina, adotou princípios de liberdade, e em menos de uma geração superou todos os outros países da região, tornando-se um país rico.
O capitalismo chileno serviu para elevar exponencialmente a renda per capita dos cidadãos. No entanto, apesar da melhoria de vida, a mentalidade do povo chileno sempre flertou com o coletivismo estatista por conta de influências incrustadas na cultura latino-americana que é religiosa, servil ao populismo e à demagogia de salvadores da pátria.
As elites chilenas que promoveram o desenvolvimento social e econômico de seu país recuaram amedrontadas pelo vulto dos protestos articulados pelas lideranças contrárias aos ideais do capitalismo que estão colocando em risco as instituições que permitiram o Chile prosperar como nenhum outro na América Latina.
Uma nova constituição parece vir por aí, esperemos que os chilenos tenham juízo e não joguem fora aquilo que pode garantir um futuro ainda mais próspero para seus filhos.
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Revisado por Matheus Pacini.
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