Se chamam quem não é fascista de fascista, quando surgir um fascista, como ele será chamado?
Esse questionamento me lembra do filme Noi Vivi, uma produção italiana de 1942, dirigido por Goffredo Alessandrini e estrelada por Alida Valli, Rossano Brazzi e Fosco Giachetti.
Noi Vivi baseou-se no romance We The Living de Ayn Rand, publicado em 1936 e considerado uma obra semiautobiográfica.
Feito para expor o horror do regime comunista soviético, foi bem aceito inclusive por Mussolini, o fascista.
Mussolini era inimigo de Stalin e achava o filme uma ótima forma de criticar o modo de vida instaurado na União Soviética, país que combatia o Eixo formado por alemães, italianos, japoneses e, posteriormente, húngaros e austríacos.
Meses depois de Mussolini aprovar o filme, ele se deu conta de que a crítica contida na obra tinha não apenas Stalin como alvo, mas todo e qualquer coletivista estatista com suficiente prepotência para tomar para si o poder de governar a vida dos outros.
Tão logo se deu conta, Mussolini mandou confiscar e destruir todos os originais e cópias do filme.
Felizmente, os produtores italianos da obra conseguiram esconder o original, que ficou enterrado por décadas, até que Ayn Rand, ciente da existência do material, adquiriu-o, remasterizou-o com adaptações e colocou-o à disposição do público.
O fato de o fascista Mussolini ter utilizado a obra de Ayn Rand para criticar o comunista Stalin parece piada, mas não é. O moralmente podre criticando o moralmente esfarrapado é patético, porém corriqueiro. Demorou para Mussolini ver a si próprio naquele espelho moral.
Em 1936, Ayn Rand, aos 31 anos, já mostrava para o mundo do que os coletivistas estatistas eram capazes, mas o mundo, iludido como ainda é com o “tudo pelo social”, parecia não acreditar.
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Revisado por Matheus Pacini.
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