Ser honesto e dizer a verdade não é a mesma coisa. Muitas vezes ser honesto exige mentir.
Se um soldado nazista batesse na sua porta perguntando se você era judeu ou estava escondendo um e você dissesse que sim, caso isso fosse verdade, você estaria sendo cúmplice de uma mentira mais ampla e séria na escala de valores.
Ora, é mentira que a vida dos judeus pertencia aos nazistas e que eles teriam direito de disporem dela como bem entendiam. Eles nunca tiveram esse direito.
Então, ser honesto neste caso é reconhecer a realidade dessa premissa: a vida é de cada um e ninguém tem o direito de interferir nela sem ser convidado.
Aquele que é indagado, coagido ou intimidado a dar uma resposta sobre algo, iniciando um processo imoral ou injusto, deve proteger a verdade, contida na abstração que serve de premissa à moralidade e à justiça, e não a realidade pura e simples, limitada à percepção.
Um inocente é um inocente, um vilão é um vilão, esses dados da realidade devem ser levados em consideração como verdades definitivas antes que se entreguem inocentes aos vilões que agem falseando a realidade com base em preconceitos, racionalizações, falácias ou mentiras cruas.
O mesmo serve para a sonegação de informações quando alguém precisa delas para obter à força o que não lhe pertence. Ninguém em sã consciência declara para um bandido onde está o cofre com as joias da família, entregando-lhe a chave e a senha. Ninguém aponta o local de um esconderijo onde guarda dinheiro ganho justamente quando o ladrão pergunta.
Mentir ou sonegar informação é reconhecer a realidade, da qual a natureza do mal faz parte, como faz parte o vilão e a ação imoral e violenta que ele irá praticar se não for impedido por uma mentira justa e moral.
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Revisado por Matheus Pacini.
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