O livro Cântico, de Ayn Rand, foi escrito em um contexto de mudanças políticas, econômicas e sociais nos Estados Unidos da década de 1930. Rand era uma imigrante russa que viveu em Nova York e testemunhou a Grande Depressão, a ascensão do comunismo e a disseminação do coletivismo como uma resposta às dificuldades econômicas enfrentadas pelo país. A obra reflete as preocupações de Rand com o coletivismo e a falta de valorização da individualidade em uma sociedade que ela acreditava estar se voltando cada vez mais para o controle estatal e a supressão das liberdades individuais. Cântico é uma obra de ficção que retrata uma sociedade governada pelo coletivismo e a luta de um herói individualista para se libertar desse sistema opressivo.
Finalizado em 1937 e publicado pela primeira vez nos Estados Unidos apenas em 1943, o livro narra a história do personagem Igualdade 7-2521, que vive em uma sociedade controlada pelo governo, onde a individualidade é reprimida e todos são tratados como iguais. Apesar de escrito há mais de 80 anos, a obra ainda é relevante hoje, especialmente no contexto atual de discussões sobre individualismo e coletivismo.
Desde o início da história, notamos que Igualdade se difere dos outros membros de sua sociedade por sua altura, inteligência e curiosidade, o que o coloca em conflito com as rígidas regras de sua comunidade. Conforme o enredo avança, Igualdade começa a se rebelar contra o controle do governo e a questionar as crenças coletivistas que governam sua sociedade.
Ao longo da história, Rand usa a linguagem de forma astuta para reforçar suas mensagens. Por exemplo, ela usa a palavra “nós” para se referir ao indivíduo, ao invés de usar pronomes pessoais no singular, o que destaca a supressão da individualidade naquela sociedade. No momento em que o personagem começa a agir de forma independente e a pensar por si próprio, começa a se referir a si mesmo como “eu”, o que simboliza sua libertação.
Uma das principais questões abordadas em Cântico é a importância da liberdade individual. A autora demonstra que a individualidade é um componente essencial para a inovação e realização humana. O personagem de Igualdade é um exemplo disso, pois apenas quando começa a agir de forma independente e seguir suas próprias ideias é capaz de explorar seu verdadeiro potencial. Antes disso, Igualdade era refém de mantras que dirigiam sua comunidade, como “aquilo que não é inferido por todos os homens não pode ser verdade”, “o que não é feito coletivamente não pode ser bom”, ou ainda “o homem não tem outra razão de existir senão labutar por outros homens”.
Podemos observar a correlação entre inovação e liberdade individual em organizações como Apple, Google e Amazon, que são conhecidas por promover uma cultura de inovação. Essas empresas dão aos seus colaboradores a liberdade de experimentar, tentar e falhar, permitindo que surjam ideias inovadoras que podem mudar a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos.
Outro importante ponto em Cântico diz respeito à necessidade de questionar as crenças coletivistas. Rand expões os perigos do coletivismo, sendo uma ideologia que pode levar à opressão e tirania. Ela mostra isso através do retrato da sociedade em que Igualdade vive, onde todos são forçados a pensar da mesma maneira e a seguir as mesmas regras, sem questionar a autoridade do governo.
Um exemplo disso nos dias de hoje pode ser visto em regimes políticos que adotam o coletivismo como ideologia, como o da Coreia do Norte, onde o Estado controla todos os aspectos da vida dos cidadãos, desde o que podem vestir até o que podem pensar e dizer. A liberdade individual é suprimida em prol do bem-estar coletivo, levando à opressão e à falta de direitos básicos.
A obra Cântico é uma narrativa envolvente que traz uma visão impactante sobre a importância da liberdade individual. A habilidade de escrita de Ayn Rand é notável, seu estilo é claro e persuasivo. A trama apresenta um futuro distópico fascinante que confronta as ideias coletivistas e enaltece a relevância da liberdade individual.