Reflexão sobre a pandemia

Você não incendeia sua casa por ter encontrado algumas baratas, certo? Mas é exatamente isso que os governos de vários países estão fazendo em resposta ao vírus de Wuhan.

Esse artigo não discute como medir ou reagir à epidemia – isso vai além de meus conhecimentos básicos de biologia. O fato de boa parte dos dados vir da China e, pior, ser interpretado por cientistas positivistas, implica que não temos nem mesmo um consenso confiável acerca da natureza do vírus.

É suficiente dizer que, até o momento, parece ser tão contagioso quanto a gripe espanhola, e tão mortal quanto a catapora – com o potencial de se tornar pior, já que vírus sofrem mutações com grande frequência. Isso é motivo suficiente para se preocupar, planejar-se e agir. Nem de longe, isso justifica o pânico que se instaurou – o mesmo tipo de pânico, porém muito mais intenso, do que presenciamos durante os surtos de Zika, gripe suína, gripe aviária… e várias outras epidemias que não se mostraram um perigo para pessoas com acesso a hospitais decentes.

E qual o motivo desse pânico? A mesma razão por trás de todo tipo de histeria coletiva: ele é extremamente lucrativo para políticos buscando expandir o seu poder.

Nos cantos mais sombrios do mundo, o uso político do vírus fica evidente. A China utilizou-se dele para tirar os diversos manifestantes das ruas de Hong Kong, Taiwan, e do Tibete; além disso, forjou uma narrativa de “unidade nacional”, justificando uma presença policial opressora até para seus próprios padrões tirânicos. O fato de os moradores de Wuhan se recusarem a agradecer publicamente o governo, mesmo com todos os riscos políticos envolvidos, diz muito sobre as ações do Partido Comunista em resposta à crise.

A Rússia, essencialmente uma empresa privada de Vladimir Putin, aproveitou-se da queda na demanda por produtos em geral para intensificar sua produção de petróleo, visando quebrar os produtores norte-americanos. Para piorar, o governo russo também se utilizou da crise para dar ares de legitimidade a “cossacos” como Gorbunov e Kovalov – unidades paramilitares não-oficiais do presidente – que agora patrulham bairros chineses “pelo bem maior”.

Aspirantes a tiranos em países como os Estados Unidos precisam ser muito mais sutis – e esse pânico é a oportunidade perfeita para expandir os poderes do governo, em nome do “bem comum”. No âmbito local, diversos municípios americanos decretaram “estado de emergência” – uma forma de apropriar-se do dinheiro do pagador de impostos -, além de decretar medidas ilegais, como o fechamento de negócios e a suspensão de pagamentos. No âmbito federal, esse pânico não serviu apenas de combustível para a narrativa de que “a saúde é uma questão pública”, com políticos como Bill de Blasio e Bernie Sanders discutindo a estatização de empresas farmacêuticas; tem servido também como uma cortina de fumaça para medidas ainda mais absurdas, como a autorização, por Donald Trump, de repasses inconstitucionais de mais de um trilhão de dólares a bancos e corporações.

A única razão pela qual uma doença que mata centenas de milhares de africanos pode ser apenas um pequeno inconveniente para americanos é, bem… a razão. Mais especificamente, o fato de que os americanos são livres para agir racionalmente, e colher os benefícios de suas ações. Seja em termos de liberdade, ou na prosperidade que vem como consequência, o Brasil está muito longe dos EUA – mais ainda não caiu ao nível de países como Rússia e China. Resta saber como a população reagirá a essa crise, e o quanto de sua parca liberdade estará disposta a ceder em nome de uma falsa segurança.

E o que está por vir?

As pessoas parecem ter esquecido que essa situação do vírus é temporária, terminando provavelmente mais cedo do que imaginamos. Parecem ter esquecido que, após o fim da histeria, ainda estaremos aqui e nos lembraremos de tudo.

Muitos cederam ao pânico, abandonando os princípios que dizem adotar. Quando essa situação passar, lembraremos do valor de suas palavras.

Muitos usaram essa situação como desculpa para parar de trabalhar, deixando de honrar seus contratos. Quando essa situação passar, lembraremos que são trapaceiros.

Muitos falam sobre “redistribuir” o que alguns crápulas egoístas “acumularam”, extinguir patentes na área da saúde, apreender a mercadoria daqueles que estão “aproveitando-se da situação” para aumentar os preços. Quando essa situação passar, lembraremos que são ladrões.

Muitas pessoas estão apoiando a instituição de quarentenas e o fechamento de negócios, sob pena de encarceramento. Quando essa situação passar, lembraremos que elas são, por dentro, tiranas.

Essa epidemia mudará muita coisa. Políticos ao redor do mundo estão explorando-a para expandir o seu poder, e eles se lembrarão do quão dispostos estávamos a abrir mão de nossos direitos. Essa crise parece estar antecipando o próximo ciclo de crise econômica em alguns anos – com a diferença de que, dessa vez, os trilhões de dólares emitidos de forma fraudulenta não serão usados para “sustentar bancos e corporações falidas”, mas para “combater os efeitos econômicos da pandemia”. Governantes encontram na epidemia a narrativa perfeita para justificar maior vigilância e controle estatais, contribuindo para o fim da liberdade no mundo ocidental… mas, ao menos, nos lembraremos quem são os tolos, os bandidos e os tiranos que fazem parte do nosso cotidiano.

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Revisado por Matheus Pacini.

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