Qual o significado de avareza?

Gosto de analisar ideias morais antigas. De modo geral, caem na “falácia do pacote” (package deals) – termo que Ayn Rand criou para descrever o erro de fundir duas ideias essencialmente diferentes num mesmo conceito. Esses “pacotes” morais costumam misturar um problema real com um pseudo-problema irracional. Tomemos o exemplo da avareza.

Em geral, a ideia de “avareza” condena o desejo das pessoas por dinheiro e bens materiais. Uma pessoa “avarenta” é aquela que está sempre buscando mais riqueza material. Isso contradiz a natureza humana. Não se alcança a felicidade parando de se preocupar com o próprio bem-estar, mas agindo de forma a melhorar a própria situação. Dinheiro e bens materiais são meios úteis para alcançar esse fim.

No entanto, a imagem que vem à mente quando pensamos em uma “pessoa avarenta” vai muito além. Ela também remete a uma pessoa que considera o ganho material como o único – ou o mais importante – aspecto de sua própria vida: isso é materialismo, um erro tão grande quanto a rejeição do mundo material.

Somos tanto seres mentais como físicos, o que significa que temos necessidades e desejos essencialmente mentais. Considerar a riqueza material como inerentemente mais importante que bens mentais, como amor e amizade, é ignorar o contexto do bem-estar da pessoa como um todo. O bem-estar mental não contradiz o bem-estar físico. Uma garrafa de vinho caro só é boa porque você pode bebê-la – e é ainda melhor se você a compartilhar com alguém importante.

Algumas pessoas são ainda mais extremas nessa desconexão mental-material, e veem o próprio dinheiro como um bem intrínseco, divorciado até mesmo dos bens que ele pode comprar. Dinheiro é apenas um meio para comprar bens, e bens são meios para alcançar a felicidade. Condenar o desejo humano de criar valor é loucura; pior ainda é assumir que o valor está nos próprios objetos; – o valor reside, portanto, na relação do indivíduo com o objeto.

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Revisado por Matheus Pacini.

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