Por que Ayn Rand se opôs ao “extremismo”?

O que é “extremismo”? Muitos diriam que é algo óbvio, como um supremacista branco fuzilando pessoas em uma mesquita ou sinagoga, ou, então, um ataque suicida de um homem-bomba. Há muitos outros atos cruéis que rotulamos de “extremismo”, que é definido no dicionário como “adoção de ideias ou atitudes extremas, especialmente em sentido político ou religioso”. Mas “extremismo” não é um termo tão claro quanto parece.

Considere outras visões consideradas “extremistas” (polarizantes e incomuns, mas que requerem medidas drásticas). Por exemplo, na época em que Thomas Jefferson escreveu a Declaração da Independência dos EUA, considerava-se “extremista” ser contra a monarquia e a favor da liberdade individual. Na época da escravidão, era “extremismo” ser um defensor intransigente da abolição. E, enquanto o racismo e o totalitarismo Islâmico são terríveis, liberdade e abolição são moralmente corretas. Mas todos esses exemplos – dado o uso convencional do termo – podem ser rotulados de “extremismo”.

Para Rand, o termo “extremismo” era parte de um problema maior: não era apenas um conceito desnecessário, mas sim um conceito inventado propositalmente para distorcer nosso pensamento. Em sua análise desse termo controverso – e de outros, como “macarthismo” e “isolacionismo” – Rand ilustra o impacto real dessa prática sobre um campo que muitos consideram inútil: a filosofia. Sua análise nos ensina como nos tornarmos pensadores melhores.

Em sua inspiradora obra “Extremism,’ or The Art of Smearing” (“Extremismo”, ou a arte da difamação), Rand examina um incidente pouco conhecido ocorrido na Convenção Nacional Republicana de 1964, que foi o primeiro uso direto do termo “extremismo” na história. Mas a análise dela toca numa questão filosófica mais profunda: a importância crucial de analisar a validade dos conceitos e a forma como os usamos. “Extremismo”, segundo Rand, era um exemplo de uma grande falácia do pensamento.

Em vez de supor que um termo é bem-definido e útil apenas por ser bastante utilizado, Rand pergunta: que fatos dão origem a esse conceito? O que têm essencialmente em comum?

Partindo dos fatos, Rand usa sua teoria do conhecimento para mostrar que o uso do termo “extremismo” da forma como foi  utilizado na Convenção Nacional Republicana, era um conceito mal formulado. Era um exemplo do que chamava de falácia da conjunção, que envolve agrupar sob um termo um conjunto de “elementos contraditórios, díspares e incongruentes, retirados de qualquer ordem conceitual lógica ou contexto”.

“Nenhuma mente é melhor do que a precisão de seus conceitos”, diz Rand, e há diversas lições válidas desse ponto em sua obra.

Embora muitas pessoas percebam que vários conceitos e termos que circulam hoje em dia podem ser confusos ou questionáveis, poucos fazem do questionamento uma política constante. Uma lição, então, é termos uma postura crítica a respeito dos conceitos que adotamos, estando atentos à falácia da conjunção. Esse é um tema que Rand levanta não apenas em seu artigo sobre “extremismo”, como também em outras obras, principalmente em “Filosofia: quem precisa dela” e “Detecção Filosófica” (dentro de Filosofia: quem precisa dela).

A percepção de Rand sobre a falácia da conjunção e sua ilustração no caso do “extremismo” oferece um modelo poderoso para aprimorar o pensamento de qualquer indivíduo. Leia na íntegra (em inglês) aqui.

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Originalmente publicado em New Ideal.

Traduzido por Gabriel Poersch.

Revisado por Matheus Pacini.

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