Por que algumas pessoas odeiam Ayn Rand?

Eu odeio aquele livro. Eu odeio Ayn Rand. Eu escrevi um artigo na faculdade sobre o ódio dela pela humanidade.”

Se é assim que você se sente, você pode ter clicado nesse artigo por engano. Não importa – fico feliz que você esteja aqui! Você é bem-vindo, e espero que leia o meu breve texto até o final. A primeira frase do texto foi a resposta direta a um indivíduo descuidado que se arriscou a dar como resposta “A Revolta de Atlas” à inocente pergunta: “qual é o seu livro favorito?” Exagerado, não é? Você já presenciou tal demonstração de desprezo e ódio por autoras como Barbara Kingsolver, Suzanne Collins ou Clive Cussler?

Nem eu…

Infelizmente, ouvimos isso de muitas pessoas diferentes. De fato, o mundo está realmente dividido em sua resposta à A Revolta de Atlas ou, ao meu favorito, A Nascente. Alguns consideram Rand uma rainha-filósofa, num nível superior aos dos meros mortais; outros, dentro do próprio movimento objetivista, discutem se o Objetivismo é um sistema aberto ou fechado; outros ainda a chamam de demônio, condenando-a por contar a história de homens e mulheres que tiveram a coragem de ser independentes.

Sempre e quando, é claro, as pessoas têm acesso ou permissão para ler as suas obras. Os novos guardiões da sabedoria acusam as obras de Ayn Rand de serem uma violação dos “espaços seguros” que desejam criar – e, nas faculdades, a sua obra não é tão lida quanto deveria ser. Aqueles que a reconhecem, protegem-se dos argumentos dela com o escudo do escárnio, da ridicularização: “Ayn Rand é uma daquelas autoras que muitos de nós, aos 17 e 18 anos, incompreendidos, decidíamos ler”, disse o presidente Obama. A rejeição mais honesta [por incrível que pareça] vem de socialistas e seus primos comunistas que tentam [sem sucesso] imputar o adjetivo utópico do socialismo (e planejamento central) à sociedade pensada pelos objetivistas. Dizem: “sim, é bom na teoria. Um mundo utópico, consigo ver o apelo – mas essas ideias nunca funcionaram na vida real. Você tem que abandoná-las”. Um grande amigo – com quem sempre debato – tem a resposta perfeita para os socialistas: “livre mercado é a consequência da liberdade das pessoas para produzir e negociar pacificamente sem intervenção. Não existe uma ‘perfeita utopia de livre mercado’. Da mesma forma, o equilíbrio na economia nunca é uma realidade, só uma tendência. É claro, alguns libertários argumentam diferentemente, dando armas aos socialistas e seu discurso de que “isso não é socialismo”. A liberdade permite às pessoas agir sob suas ideias e criar coisas na realidade, trocando, então, pelo que quiserem; quanto mais liberdade, melhor. Ninguém pode saber o ‘objetivo social’, pelo simples fato de não haver um objetivo coletivo fixo. É impossível comparar o livre mercado ao socialismo, porque suas premissas são fundamentalmente diferentes!”

E, mesmo assim, Ayn Rand vence – autora de clássicos presentes em todos os lugares, do mais simples ao mais refinado. Mas, então, qual é o motivo de tais reações animalescas a ela? Eu não sei.

Mas, por diversão, tentarei adivinhar. Minha teoria é que as reações são tão viscerais por causa de como os seus livros fazem o leitor se sentir. E tais sentimentos revelam muito sobre o leitor, tanto para si próprio, como para os outros. Direi a você como A Nascente me faz sentir: destemido. É a melhor palavra que encontrei. Sim, empoderado ou encorajado poderiam servir. Saber que a oposição é natural; que a popularidade é frequentemente uma forma de rendição; que o sucesso não é garantido; e que nós, sozinhos, devemos ser os juízes de nosso trabalho, nossas ideias, e nossas vidas – de nós mesmos; e que a vida é uma batalha por nossas crenças, nosso lugar no mundo e nossa liberdade. Tudo isso senti naturalmente, experimentei na vida e vi no mundo ao meu redor – e que pus no papel sob a forma de prosa. Só isso.

Então, por que o ódio? Como esse não é um sentimento que alimento por Rand, posso só fazer um “chute educado”. Se Rand me faz sentir destemido, é provável que as pessoas que a odeiam sinta-se assim por ela fazê-las sentir medo. Para elas – suponho – um mundo onde as pessoas são independentes, um mundo onde “você construiu isso, você fez acontecer” deve ser assustador porque se sentem à mercê dos outros. Curioso é que, provavelmente, depender dos outros não as incomoda – essa é a essência do socialismo, o conforto do “outrem fez acontecer”. Na verdade, o que lhes assusta é ser dependentes de quem precisam, mas que não as necessitam em troca e sabem disso, tendo a audácia de dizê-lo, destruindo a ilusão. Das pessoas que não entendem, de instintos que não compartilham, ou da motivação que não têm. Embora sintam necessidade – sentem-se desnecessárias. Isso é certamente assustador, não é?

A câmera apontou para Galt. Ele permaneceu imóvel por um instante. Então, com um movimento tão rápido e destro a ponto de seu secretário não ter tempo de acompanhá-lo, Galt se pôs de pé, inclinando-se para o lado e fazendo com que, por um momento, a arma apontada fosse mostrada para todo o mundo. Endireitando o corpo, encarando as câmeras, olhando para toda a sua plateia invisível, disse:

– Saiam da minha frente!

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Traduzido por Matheus Pacini

Publicado originalmente no site oficial do autor.

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