Você pode se dizer um macaco, mas isso não significa que os outros tenham que concordar com você, afinal existe um fundamento irrefutável que vincula a natureza (realidade objetiva) com a lógica (consciência), que se chama lei da identidade.
Macacos são macacos, você é um ser humano, mesmo se deixar os pelos crescerem, mesmo se passar a comer apenas bananas e mesmo se resolver passar a vida subindo e descendo de árvores.
A realidade antecede e prescinde a consciência, faculdade que te dá o poder de validar ou refutar o que a realidade parece ser com evidências empíricas e com o uso racional da lógica.
O que você pensa sobre a realidade nunca irá superar o que a própria realidade é.
O politicamente correto é uma tentativa de inverter essa visão.
Movimentos políticos foram estabelecidos para afirmar que não importa o que a realidade objetiva determina quanto ao que você é, nem a opinião alheia sobre a identidade de alguém: o que importa é o que a sua mente decide sobre a natureza do seu ser.
Mas isso não é nada; o pior é que esses movimentos políticos querem ir além. Não basta ignorar a realidade, não basta desconsiderar a opinião alheia, é preciso impor pela coerção estatal o que os demais podem dizer, logo, o que os outros podem ou não pensar a respeito disso.
Tudo aquilo que prescinde da realidade objetiva e trata uma ideia, como essa que alguém tem a seu respeito, de forma dogmática, é, em última análise, uma religião.
Impor a sua religião aos outros é tirania obscurantista.
Seja o que você deseja ser e tenha a autoestima e independência necessária para aceitar quem você é ou quem você quer ser.
Saiba e aceite que nem todo mundo compartilha com você a mesma fé, mesmo que a fé diga respeito exclusivamente à ideia de quem você é.
Note que eu não estou dizendo que você não pode decidir o que vai ser. Você pode ser o que quiser à sua maneira, até onde a sua natureza permitir.
Quer ser um macaco, seja, mas não obrigue os outros a te darem bananas ou te tratarem como se você fosse o macaco que você deseja e até, possivelmente, acredita ser.
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Publicado originalmente em Instituto Liberal.
Revisado por Matheus Pacini.
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