Pesquisas mostram insatisfação geral quando o assunto é sexo. Há falhas de mercado em toda parte. Muitos homens reclamam de poucas relações sexuais e muitas mulheres desaprovam os olhares e cantadas constantes. Outros homens estão insatisfeitos com as opções disponíveis em sua região, e outras mulheres estão chateadas por não atrair a atenção dos homens. No entanto, mesmo com a oferta e demanda fora do equilíbrio e o atual sistema do laissez-faire não produzindo medidas aceitáveis de felicidade sexual e prosperidade – continuamos a ouvir que a mão invisível resolverá todos os nossos problemas.
Considere também o desperdício do nosso sistema de anarquia sexual. Quanto tempo economicamente valioso é gasto na paquera? Quantos jantares de namorados em restaurantes caros – só para não levar a nada? Todas aquelas flores, chocolates e cartões – são realmente necessários? O sistema parece pensado para enriquecer a indústria dos restaurantes e das grandes marcas à custa do resto de nós. E considere a propaganda constante de produtos e serviços que, em sua maioria, são inúteis e de mau gosto.
Ademais: muitos indivíduos não sabem aonde ir para encontrar parceiros ou lhes falta iniciativa ou recursos para participar do processo. Um empurrão na direção certa por parte de especialistas governamentais no assunto não seria de grande valia para muitos?
A questão sexual é tão injusta: alguns têm tanto, e outros tão pouco. Aqueles monopolizam a caça ou têm acesso garantido a parceiros enquanto outros conseguem parceiros menos atraentes ou nenhum parceiro. Algum tipo de redistribuição parece moralmente imperativo.
E tão bagunçada: tantas brigas, tanto ciúme e inveja, além de competição destrutiva. Tanta hostilidade, revolta, agressão passiva e sentimentos feridos. As externalidades impõem tantos custos ao restante da sociedade – por exemplo, a lamentação constante de vizinhos, colegas de trabalho, amigos e familiares. E sem mencionar a variedade de doenças sexualmente transmissíveis que destroem as vidas de milhares. Nós precisamos de um sistema de controles que internalize e reduza esses custos sociais ou um sistema de compensação. O senso comum e a justiça assim demandam.
Mais: considere toda a desonestidade e a traição. “Eu disse que ligaria”. “O seu anúncio na internet disse que ele era alto”. “Ele disse que estava jogando boliche com os amigos no shopping”. Nós necessitamos de regulamentações mais severas no que tange a negociações, compromissos e contratos.
O controle de natalidade é aplicado de forma inapropriada. As taxas de natalidade são tão erráticas e a consequência disso é uma oscilação nos níveis populacionais – às vezes somos muitos, noutras, poucos. Como podemos planejar o futuro quando o nascimento de Júnior é frequentemente o resultado da bebedeira de Billy e Maggie no final da festa de sábado à noite? E quão provável é que Júnior receba o cuidado adequado que necessita para se tornar um cidadão útil?
Nós também devemos levar em conta a política externa. O turismo sexual está em expansão. Enquanto isso, muitos indivíduos importam parceiros sexuais. No entanto, enquanto o comércio com estrangeiros está crescendo, muitos parceiros domésticos potenciais são forçados à abstinência. A terceirização da satisfação sexual é algo negativo, e a importação de profissionais do sexo causa competição injusta com os fornecedores locais do serviço. No mínimo, deveríamos considerar um sistema de restrições, tarifas ou talvez até subsídios à exportação / importação em nome do interesse público.
Nós chamamos o nosso sistema de ‘sistema de liberdade’, mas como as pessoas podem ser livres quando são atormentadas por impulsos sexuais que não podem controlar ou não têm as ferramentas para satisfazê-los de uma forma saudável e socialmente harmoniosa?
Resumindo: nosso sistema atual de ‘liberdade individual’ é assolada por:
- Desigualdade e monopólios;
- Uma má alocação de recursos, e desperdícios;
- Desequilíbrios entre exportações e importações;
- A impossibilidade de cidadãos menos dotados satisfazerem seus desejos;
- O uso impróprio de recursos pelos irresponsáveis;
- Muitas externalidades;
- Insatisfação geral e infelicidade.
Todos nós sabemos da importância da sexualidade para nossa sociedade. O sexo é tanto uma necessidade, quanto um direito. O futuro de nosso próprio estilo de vida depende da saúde sexual de nossa nação.
Consequentemente, eu proponho que a atual secretária de assuntos sexuais seja promovida ao status de ministério. Nós precisamos de um sistema de acompanhamento especializado da vida sexual de nossos cidadãos. Ajuda para aqueles que não podem se ajudar. O fim dos monopólios e da concorrência desleal. A realocação de recursos reprodutivos de uma maneira socialmente justa. Um empurrão para aqueles cujo apetite sexual não está alinhado com a ciência da verdadeira felicidade e saúde sexual.
E não se esqueça de votar em mim no referendo da próxima eleição.
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Tradução de Matheus Pacini e revisão de Vinicius Cintra
Publicado originalmente em Every Joe
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