Como fica evidente em diversas passagens de A revolta de Atlas[1], observa-se nas pessoas uma contradição direta entre seus valores e atos. O que leva as pessoas ao agnosticismo moral está relacionado à aceitação dos valores do seu ambiente, sem uma reflexão racional sobre eles. Seja na cultura, seja na religião, é evidente a recusa autoimposta de pensar, posto que isso acarreta na perda da segurança da “zona de conforto” oferecida por uma autoridade divina ou terrena, ou pela sociedade e sua busca vazia pelo “bem comum”.
“Vocês ouvem dizer que vivemos uma era de crise moral. Vocês mesmos já disseram isso, com um misto de medo e esperança de que essas palavras nada signifiquem.”[2]
Essas pessoas observam a ruína dos valores sociais – seja na arte, na música, na política ou nas relações pessoais – e apenas lhes resta aceitar tudo isso como normal e, talvez, merecedor de respeito, ou se indignar sem conseguir explicar o que lhes causa esse sentimento. Seja por evasão proposital, seja por um erro conceptual oriundo de sua educação deficiente, a maioria delas se vê presa nessa situação pela crença de que a mente humana não é capaz de avaliar ou modificar qualquer coisa.
Os religiosos afirmam que “o homem não deve se apoiar no próprio conhecimento” e “que o homem é justificado pela fé”, terminando seu raciocínio, seguindo essa lógica distorcida, com “não julgue para não ser julgado”. Os materialistas (atuais “esquerdistas”) acreditam que a moral é relativa, pregando que não se deve julgar apenas com base na racionalidade, pois, segundo esses, necessidades e sentimentos sempre sobrepujam a razão. Essa é a dicotomia corpo-alma ensinada por místicos e materialistas[3], cuja filosofia é a perda da autoestima por meio do sacrifício do corpo pelos valores espirituais, ou da alma pelos valores materiais. Os mesmos que professam tais crenças também aceitam que alguém se divida entre um ou outro, pois se quiser ser íntegro, unificado, o número destino que lhe espera é a morte ou a doença mental.
“Vocês destruíram tudo aquilo que consideravam mau e atingiram tudo aquilo que consideravam bom. Por que então lhes causa horror o mundo que os cerca?”[4]
Crer cegamente é a escolha certa para um código errado. Abster-se de julgar é a recusa de examinar a realidade, evadindo-se das consequências de ignorá-la. O resultado? Ação por impulso ou medo em situações em que é mais necessário calma e convicção[5]. Para ter convicção, deve-se agir de forma coerente, ou seja, não pode existir contradição em seus pensamentos e suas ações.
A arte da não contradição é a marca da integridade, vista no homem que não traí o seu conhecimento e sua vida, que luta por seus objetivos e que assume os riscos por pensar por si mesmo sem vacilar diante do desconhecido.
O Objetivismo é a filosofia que oferece o código moral correto. Ela determina os valores e suas virtudes baseando-se no valor supremo, e o princípio para esse conceito: a vida[6]. Ela reconhece que uma concessão ao irracional é uma tentativa de falsificar a realidade, e que, quando algo parece contraditório, é importante verificar suas premissas, pois a realidade é o juiz final; que aceitar o irracional tendo consciência de que ele está errado é uma traição de sua própria convicção5, e que, em um pacto com o corrupto, só o corrupto poderá vencer.
Compreender e identificar a verdade, sendo capaz de expressá-la em forma de palavras de forma coerente: é isso que o Objetivismo oferece.
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Revisado por Felipe Diego e Matheus Pacini.
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[1] RAND, Ayn. A Revolta de Atlas. Trad. de Paulo Henriques Britto. Rio de Janeiro: Sextante, 2010. V II. p.124-128.
[2] RAND, Ayn. A Revolta de Atlas. Trad. de Paulo Henriques Britto. Rio de Janeiro: Sextante, 2010. V III. p.330-333.
[3] Rand aprofunda nesse tópico em seu livro, For the New Intellectual, Rand (1963) onde emprega uma análise psicoepistemológica desses dois perfis de pensamento.
[4] RAND, Ayn. A Revolta de Atlas. Trad. de Paulo Henriques Britto. Rio de Janeiro: Sextante, 2010. V III. p.330-333.
[5] O maior exemplo disso é dado no livro A nascente quando Peter Keating, o exemplo máximo do parasita psicológico, quando mais precisa da própria mente – na hora de apresentar um trabalho em arquitetura para um concurso importante – sente-se completamente paralisado.
[6] Para uma profunda discussão, leia o quarto capítulo do livro Viable Values: A study of life as the root and reward of morality de Tara Smith.