Em sua essência, subjetivismo, intrinsicismo e Objetivismo são teorias sobre a natureza dos conceitos ou “universais”. Aqui, resumo-as com respeito à sua visão sobre a natureza da verdade e do conhecimento. Como a verdade é um atributo de declarações compostas de conceitos, a visão de verdade de cada escola é consequência direita de sua definição de conceitos.
O subjetivismo sustenta que a verdade reside apenas na mente. Para um subjetivista, uma declaração particular pode ser verdadeira para uma pessoa, mas falsa para outra, com base unicamente nas escolhas mentais, no processamento subjetivo ou nas emoções de um indivíduo. (Kant (por implicação), Wittgenstein, James, Sartre, etc.). “Verdade” equivale a qualquer coisa em que alguém acredita, e não existe algo como o “conhecimento” da realidade, mas tão só alguns tipos de “experiências” dentro da própria mente do indivíduo.
O intrinsicismo sustenta que a verdade reside desincorporada no mundo. Via de regra, os intrinsicistas defendem que tudo que as pessoas precisam fazer é, de alguma forma, “abrir seus corações a Deus” ou “prestar atenção às suas intuições” ou mesmo “abrir sua mente para a luz da verdade” para que essa “verdade externa” possa “entrar” no indivíduo. Se a verdade já está “lá fora”, então, não há razão para crer que qualquer processamento especial é exigido para alcançá-la; o único a fazer é absorvê-la. (Platão, Aristóteles – parcialmente, com respeito às essências), o apóstolo Paulo, Agostinho, etc). Para um intrinsicista, o conhecimento conceitual é qualquer verdade externa que você venha a absorver. Uma declaração particular é “verdadeira” para todos, tenham eles evidências ou não que a suportem. (E é uma questão arbitrariamente respondível se várias pessoas podem ser responsabilizadas por não apreender tal “verdade flutuante” que está “lá fora”.)[1]
O Objetivismo sustenta que a verdade e a mentira são aspectos do conhecimento conceitual. Verdade (e conhecimento perceptual) é uma relação entre uma consciência e a realidade. Verdade é realidade, como processado conceitualmente por uma consciência. Verdades não existem desincorporadas em uma realidade externa. Apenas entidades físicas (e seus aspectos – incluindo, outras consciências) existem em uma realidade externa. Só posso chegar a uma verdade ao escolher processar conceitualmente preceptos através do raciocínio lógico. Para um objetivista, uma declaração particular pode ser verdadeira para uma pessoa e falsa para outra apenas quando existir uma diferença radical na evidência perceptual relevante disponível para duas pessoas. Ela não depende de escolhas mentais, processamento subjetivo, emoções ou desejos.[2] Uma declaração também pode ser arbitrária para uma pessoa e/ou verdadeira/falsa para outra: pessoas podem ter níveis distintos de evidência que mudam conforme o ranking de tal declaração em sua escala de “determinação epistemológica”. (De arbitrário, para possivelmente verdadeiro ou falso, a provavelmente verdadeiro ou falso a certamente verdadeiro ou falso).
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Publicado originalmente em Objectivism in Depth.
Revisado por Matheus Pacini.
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[1]Os intelectuais intrinsicistas modernos (e muitos subjetivistas) esforçam-se para retratar a sua teoria do conhecimento como baseada no raciocínio via observação. Eles usam a linguagem da ciência natural e o formalismo de argumentos dedutivos. Porém, isso não passa de racionalização ou inconsistência, pois, para os intrinsicistas, a base última do “conhecimento” é apenas “sentir a [suposta] verdade externa.” Para os subjetivistas, sejam quais forem suas pretensões de que o subjetivismo é exigido pela ciência objetiva, essa autocontradição erradica a objetividade de sua análise, e eles, assim, implicam que não existe tal coisa com o conhecimento da realidade (o que distingue o conhecimento sobre a realidade de qualquer fantasia é, justamente, o fato de o conhecimento ser objetivo).
[2] Alguns esclarecimentos sobre escolhas mentais e verdade: quando digo que a verdade não depende de escolhas mentais, refiro-me ao que se poderia chamar de “verdade normativa”: o que a pessoa deveria considerar verdade. Isso depende unicamente de quais partes da realidade foram observadas pela pessoa (por exemplo, que evidências ela têm) O que a pessoa defenderá como verdade também depende de uma escolha mental: a escolha de pensar ou não sobre a evidência. É o mesmo que dizer: “posso apenas alcançar uma verdade quando escolher processar conceitualmente preceptos através do raciocínio lógico”. A verdade normativa é um potencial que tenho, baseado no contexto atual de minha evidência perceptual. Alcançar essa verdade é exercer a escolha de aplicar a verdade normativa.