O Vale de Galt é um exemplo de anarquia?

AYN RAND RESPONDE PERGUNTA SOBRE O STATUS SOCIAL DO VALE DE GALT

PERGUNTA: Por que a ausência de governo no Vale de Galt (em A Revolta de Atlas) é algo diferente da anarquia, a qual você se opõe?

AYN RAND: O Vale de Galt não é uma sociedade; é propriedade privada. Ela pertence a um homem que selecionou cuidadosamente as pessoas admitidas. Ainda assim, eles tinham um juiz para agir como árbitro caso fosse necessário; apenas nada acontecia entre eles, pois compartilhavam a mesma filosofia. Mas se houver uma sociedade em que todos compartilham de uma filosofia, embora sem um governo, isso seria temível. O Vale de Galt consistia, sendo otimista, em cerca de mil pessoas que representavam os maiores gênios do mundo. Eles concordavam nos pontos fundamentais, embora nunca estivesse em total acordo. Eles não precisavam de um governo, pois, se houvesse discordâncias, eles poderiam resolvê-las racionalmente.

Mas imagine uma sociedade de milhões, onde há todo tipo de ponto de vista, inteligência e moralidade – e nenhum governo… O homem seria deixado à mercê de bandidos, porque sem governo todo indivíduo criminalmente inclinado recorre à força, e todo indivíduo moralmente inclinado fica indefeso. O governo é uma necessidade absoluta se quisermos que os direitos individuais sejam protegidos, pois você não permite que a força esteja ao capricho arbitrário de outros indivíduos. O anarquismo libertário é puro culto ao capricho porque o que eles se recusam a reconhecer é a necessidade de objetividade entre os homens – particularmente, entre homens de visões diferentes. E é bom que as pessoas tenham visões diferentes, contanto que respeitemos os direitos uns dos outros.

Ninguém pode proteger direitos exceto um governo sob leis objetivas. O que aconteceria se McGovern tivesse sua gangue de policiais e Nixon tivesse a dele e, em vez de fazerem campanha, eles lutassem nas ruas? Isso aconteceu no passado ao longo da história. Homens racionais não têm medo do governo. Em uma sociedade adequada, um homem racional não tem que saber que o governo existe, porque as leis são claras e ele nunca as viola.[1]

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Traduzido por Matheus Pacini.

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[1] Entrevista no Ford Hall Forum (1972).

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