“Observei que, em todas as discussões que precediam a escravização da medicina, tudo se discutia, menos os desejos dos médicos. As pessoas só se preocupavam com o “bem-estar” dos pacientes, sem pensar naqueles que o proporcionavam. A ideia de que os médicos teriam direitos, desejos e opiniões em relação à questão era considerada egoísta e irrelevante. Não cabe a eles opinar, diziam, e sim apenas “servir”.” Dr. Thomas Hendricks – personagem de “A revolta de Atlas” de Ayn Rand
O Sistema Único de Saúde é o aparato estatal, de inspiração socialista, criado sob a alegação de fornecer aos brasileiros um serviço médico, hospitalar, laboratorial e farmacêutico que fosse gratuito, universal e de boa qualidade, como estabelece nossa utópica Constituição.
Como se podia prever, tem sido um fracasso colossal. Não é gratuito, nem universal e tampouco de boa qualidade.
É ingenuidade imaginar que esse serviço público pudesse ser gratuito, que os pobres, ou quem quer que venha a se aventurar a usar o sistema, nada pagariam por ele. Todos, até os que não o utilizam, pagam a sua cota, e pagam bastante.
Os recursos para sustentar esse monstrengo provém da cobrança de elevados impostos, subtraídos diretamente da renda das pessoas, ou amealhados, de forma camuflada, via arrecadação de tributos, embutidos nos preços dos produtos consumidos pela população.
A falta de cuidados adequados é a consequência previsível da carente infraestrutura, da defasada capacidade técnica, da negligência operacional, da irresponsabilidade gerencial, e, porque não, da simples omissão de socorro pela desmotivação sistêmica. São problemas crônicos, insolúveis, resultantes dessa quimera que encanta sonhadores utópicos e desanima qualquer pessoa provida de algum senso crítico fundado na racionalidade e que tenha a mínima compreensão dos conceitos de liberdade e propriedade que protegem a vida.
Os que compulsoriamente se envolvem com esse sistema, pagadores de impostos, médicos, gestores, servidores, pacientes e familiares, participam de uma troca forçada onde todos pagam para receberem um serviço lastimável ou serviço nenhum.
A demanda supera enormemente a capacidade instalada. Essa situação se agrava ainda mais devido à gratuidade oferecida para o consumo dos serviços, o que exacerba a procura pelo estímulo proporcionado àqueles que não precisam de atendimento, mas o buscam mesmo assim.
Para se obter um serviço de saúde melhor, temos que despender duplamente, com os impostos que suportarão o serviço público, e com o que for adquirido, voluntariamente, da iniciativa privada.
Os serviços privados também são caros. As obrigações legais impostas às empresas que os fornecem aviltam os custos dos insumos e de transação entre os contratantes. Com arrogância, as agências governamentais exigem dos serviços privados, o que a saúde pública promete e nunca conseguiu cumprir, nem conseguirá.
O desrespeito à liberdade individual na contratação de médicos, hospitais e na compra de medicamentos resulta do modelo Estatal autoritário, que alega proteger os cidadãos, como se fôssemos estultos.
Mas o ponto mais importante dessa questão não é o evidente equívoco na estruturação e gerenciamento do sistema.
Trata-se de um sistema desumano e impessoal. Os pacientes não são tratados com dignidade, nem há empatia entre o médico e quem o consulta. Ademais, cada paciente é visto apenas como mais um encargo suportado pela fria máquina do Estado. Não há livre escolha de parte a parte, os pacientes não definem seu médico e este não seleciona sua clientela.
O mais grave de todos os pontos que se pode identificar é a mentalidade anticapitalista que engendra modelos tirânicos, concebidos para um suposto bem-estar social, que despreza a realidade e desenvolve o culto ao sacrifício, à servidão, ao parasitismo e à coerção.
A repugnante moral coletivista, que norteia a ação de políticos, burocratas e corporativistas, amparados nas aspirações de parasitas inconscientes, ou deliberadamente mal-intencionados, impõe aos indivíduos que pretendem exercer a medicina e profissões correlatas, tal grau de subserviência, que os faz vítimas de suas próprias habilidades. Submetidos pela incapacidade de reagir, acabam acatando imposições como se fossem oportunidades, terminando por sancionar seus algozes.
Não importa aos gestores públicos se a socialização da medicina subjuga vontades, define carreiras, liquida sonhos, tolhe liberdades. Todos são tratados meramente, como instrumentos a serviço dos demais.
É incrível que profissionais gabaritados se deixem subjugar, influenciados por essa manipulação tosca que busca despertar o sentimento de culpa, reduzir a autoestima, propor a resignação, inibindo o discernimento ético.
Como responderemos àquela velha pergunta falso moralista, que sempre nos fazem os defensores do sistema socializado de saúde, ao defendermos a privatização e o livre mercado: “Mas e os pobres, ficarão sem assistência?”
Os pobres já estão sem assistência. Sob a tutela do Estado, enfrentam o mau atendimento, filas intermináveis, listas de espera eterna. Percorrem verdadeiros corredores da morte como condenados, cujo crime é ser brasileiro, agravado pelo fato de serem pobres e súditos de um governo majestoso e absolutista.
Sim, é inacreditável estarmos todos, inclusive os pobres sem assistência, pagando por médicos, hospitais e medicamentos, recebendo em troca, altas doses de imperícia, burocracia e escárnio.
A sociedade tem sancionado, equivocadamente, essa perversão.
É imprescindível reformularmos essa cultura onde prosperam inúmeros vermes e parasitas que subjugam as células saudáveis do nosso tecido social.
É imprescindível reformar nossa Constituição para devolvermos às pessoas a liberdade necessária para escolherem seus médicos, hospitais, farmácias e medicamentos, sem a interferência do Estado. Para permitir à iniciativa privada, em regime concorrencial, em um ambiente de livre-mercado, fornecer à população os serviços e produtos que esta deseja e necessita.
Nossa sociedade estará fadada à falência múltipla, à doença física e moral se não iniciarmos, imediatamente, uma reversão desse quadro. Metaforicamente, precisamos tratar este câncer, esta metástase voraz que destrói nosso corpo, nossa alma e junto nossa individualidade ao consumir nossos verdadeiros direitos.
Termino com as palavras do Dr. Thomas Hendricks, sobre as consequências da socialização da medicina:
“O código moral delas (os estatistas) lhes ensinou que vale a pena confiar na virtude de suas vítimas. Pois é essa virtude que eu agora lhes nego. Que elas descubram o tipo de médico que o sistema delas vai produzir. Que descubram, nas salas de operação e nas enfermarias, que não é seguro confiar suas vidas às mãos de um homem cuja vida elas sufocaram. Não é seguro se ele é o tipo de homem que se ressente disso. E é menos seguro ainda, se ele é o tipo de homem que não se ressente.”
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Revisado por Matheus Pacini.
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