O real motivo das manifestações das últimas semanas

Ao longo de minha vida, já participei de alguns protestos razoáveis. São compostos por pessoas relativamente egoístas, que saem de casa com um objetivo claro: exigir que seus direitos sejam respeitados. Por terem um propósito e um senso de seu próprio valor, também têm limites claros: seus protestos não resultam na ação violenta de turbas criminosas. Aquelas que exibem um comportamento destrutivo são instantaneamente neutralizadas por quem está ao seu redor.

Então, por que será que a maioria dos protestos motivada por raça ou alguma outra forma de “justiça social” resultam em tumulto e crime, como estamos vendo em Minneapolis e outras partes do mundo?

Porque as pessoas que adotam a narrativa de “racismo sistêmico” e “justiça social” são, necessariamente, pessoas de segunda mão[1]. Não agem nem pensam de forma independente, definindo suas ações com base em expectativas quanto às reações de terceiros.

Se se preocupassem com fatos, verificariam as estatísticas de crimes violentos nos EUA, disponibilizadas pelo Departamento de Justiça, que mostram que as vítimas geralmente são da mesma raça que o criminoso. Talvez, notassem que a composição racial de um departamento de polícia não tem nenhuma correlação com a raça das pessoas mortas em sua jurisdição, de forma legal ou ilegal. Eventualmente, concluiriam que um policial que assassina um inocente nada mais é do que um criminoso, algo que se encontra em todas as raças. Aposto que, se tivéssemos dados confiáveis sobre a criminalidade no Brasil[2], os resultados seriam bastante semelhantes, pois a essência do problema é a mesma.

Nossa sociedade não tem um problema com raça, mas sim com a polícia. Em média, o governo americano paga a um policial o mesmo que recebe uma garçonete, segundo as estatísticas do Ministério do Trabalho, mas espera que eles estejam qualificados para lidar com situações de vida ou morte. Junte a isso o fato de que a maioria das pessoas decentes evita trabalhar fazendo cumprir leis contra crimes sem vítima, e que os departamentos de polícia podem rejeitar candidatos cujo QI seja considerado “alto demais”, e aí está a receita para o desastre. No Brasil, temos uma legislação ainda mais injusta, pagamos menos e a transparência é quase nula.

Não é um problema racial, mas de policiais e legisladores ruins. Quem quiser consertá-lo, deve focar seus esforços na polícia e nos legisladores, e na propriedade privada de indivíduos desconhecidos. Pessoas de segunda mão, porém, não querem resolver seus problemas: buscam agradar os outros, sentindo-se parte de um grupo – e nada aproxima mais um grupo do que a dissonância cognitiva de destruir o ganha-pão de inocentes com base em um senso arbitrário de superioridade moral.

Se a sua moralidade/ética se baseia nos outros, o que acontece quando ninguém pode ver a sua face? O que acontece quando esses “outros” começam a saquear lojas e atear fogo a latas de lixo?

Se você quer ver a real face do altruísmo, olhe para Minneapolis.

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Revisado por Matheus Pacini.

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[1] Ayn Rand usa o termo second handers (do adjetivo second hand, ou “de segunda mão”) para se referir a pessoas que usam as reações de outras pessoas como padrão para suas próprias ações, tentando transferir para elas a responsabilidade sobre seus pensamentos, escolhas e  ações.

[2] Os dados da Estratégia Nacional de Justiça e Segurança Pública indica que apenas 6% dos homicídios dolosos são solucionados – menos de um décimo da taxa americana. Outros pesquisadores, como Julio Jacobo, estimam que a taxa seja ainda menor.

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