‘O maior bem para o maior número’ é um princípio moral?

“O maior bem para o maior número” é um dos slogans mais danosos que foi imposto à humanidade.

Esse slogan não tem nenhum significado concreto e específico. Não há forma de interpretá-lo com benevolência, mas muitas formas em que é possível utilizá-lo para justificar os atos mais perversos.

Qual é a definição de “bem” nesse slogan? Nenhuma, exceto: o que seja bom para o maior número. Quem, em cada caso específico, decide o que é bom para o maior número? É claro, o maior número (a maioria).

Se você considera isso moral, terá de concordar com os seguintes exemplos, que são aplicações exatas desse slogan na prática: que 51% da humanidade escravize os outros 49%; que nove canibais famintos comam o décimo; que um grupo de pessoas assassine um homem por considerá-lo uma ameaça à comunidade.

Havia 70 milhões de alemães na Alemanha, mas apenas 600 mil judeus. O maior número (alemães) apoiava o governo nazista, o qual lhes dizia que o seu bem maior seria servido pelo extermínio e tomada das propriedades da minoria (judeus). Esse foi o horror obtido na prática por um slogan maligno aceito em teoria.

Mas você poderia afirmar que, em nenhum desses exemplos, a maioria obteve benefício claro para si própria. Não, não obteve. E por que não? Porque o “bem” não é determinado por uma contagem matemática, e não é conquistado pelo sacrifício de uns pelos outros.

Os insensatos acreditam que esse slogan implica algo vagamente nobre e virtuoso, sinalizando aos homens que se sacrifiquem pelo bem do maior número. Se assim fosse, “deveria o maior número de homens estar dispostos a ser virtuoso e se sacrificar pela minoria, a qual seria tão maligna a ponto de aceitar o sacrifício? Não? Bem, então, “deveria a minoria ser virtuosa e se sacrificar pelo maior número (maioria)?

Aqueles que não pensam supõem que cada homem que prega esse slogan se identifica generosamente como minoria para ser sacrificado à maioria. E por que deveria fazê-lo? Não há nada no slogan que lhe ordene a proceder assim. É muito mais provável que ele se identifique como maioria e comece a sacrificar os outros. Na verdade, o que o slogan lhe diz é que ele não tem opção exceto roubar ou ser roubado, aniquilar ou ser aniquilado.

A maldade desse slogan reside em sua implicação: que o “bem” de uma maioria dever ser obtido à custa do sofrimento de uma minoria; que o benefício de um homem depende do sacrifício de outro.

Se aceitamos a doutrina coletivista de que o homem existe apenas para os demais, então, é verdade que cada prazer de que desfruta (ou cada lanche que faz) é maligno e imoral se outros dois homens o desejam. Porém, sob tal base, os homens não podem comer, respirar ou mesmo amar. Tudo isso é egoísta. E o que ocorre se outros dois homens querem a sua esposa? Os homens não podem conviver em absoluto, restando-lhes o extermínio mútuo.

Só com referência aos direitos individuais é possível definir e conquistar o bem, seja público ou privado. Só quando cada homem é livre para existir por si próprio – sem sacrificar os outros para si, nem sendo sacrificado para os outros – é que cada homem é livre para trabalhar para o bem maior que pode lograr para si próprio, por sua própria decisão e esforço. E a soma total de tais esforços individuais é o único tipo possível de bem social e geral.

Não acredito que o contrário de “o maior bem para o maior número” seja “o maior bem para o menor número”. O contrário é: o maior bem que você, homem, pode conseguir por seu esforço livre e individual.

Se você é individualista e quer preservar o estilo de vida americano, a maior contribuição que pode fazer é descartar de uma vez por todas o slogan vazio de “o bem maior para o maior número”. Rejeite qualquer argumento, conteste qualquer proposta que tenha apenas tal slogan como justificativa. Trata-se de uma mina terrestre, de puro coletivismo. Você não pode aceitá-lo e dizer que é um individualista. Decida. É um ou outro.

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Publicado originalmente em The Ayn Rand Letter.

Traduzido por Matheus Pacini.

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