GC: segundo a opinião popular, o capitalismo, se entregue a si próprio, tende à monopolização da economia, isto é, ao fim da concorrência. Num ambiente monopolístico, as empresas dominantes podem inibir a concorrência, em particular, e o empreendedorismo, em geral. Nesse sentido, qualquer monopólio é problemático, mesmo o monopólio do padeiro ou do sapateiro. Sem concorrência, reduz-se a qualidade do serviço; e a inovação se torna um problema caro, a menos que eleve os lucros significativamente.
Como famoso conhecedor e renomado destruidor de argumentos anticapitalistas, como você responderia a essa análise popular?
SH: o capitalismo de livre mercado é o sistema mais antimonopolista que existe, na medida em que os empreendedores usam sua criatividade no desenvolvimento de novos produtos, bem como na melhoria dos antigos. É claro, o motivo de lucro impulsiona tal criatividade, mas não menos que a criatividade natural que os indivíduos exibem quando livres para viver sua vida.
Pense nas indústrias da música e de eletroeletrônicos, por exemplo, nos últimos 100 anos – quão incessantemente inovadora têm sido, e como os preços de seus produtos caíram, justamente, por operarem em mercados relativamente desregulamentados.
Monopólios problemáticos só existiram quando governos os formaram – ou por concessão de licenças exclusivas ou subsídios para a exploração de territórios, linhas comerciais, etc.
Sob o regime feudal, o rei como chefe de governo tem o poder de conceder monopólios e proibir a concorrência. O mesmo é verdade, em menor medida, sob o regime mercantilista. E, é claro, no socialismo, a economia é um grande monopólio governamental.
Só o liberalismo de mercado dá às pessoas a liberdade para abrir novos negócios sem permissão, para experimentar e negociar com quem quiserem, e competir em várias dimensões de diferenciação – preço, quantidade, qualidade e inovação.
Nos Estados Unidos, por exemplo, o serviço postal (US Postal Service) tem o monopólio governamental da distribuição de correspondências chamadas first class (primeira classe). Infelizmente, há tempos está estagnado, é fonte de prejuízo, e seus agentes regularmente boicotam qualquer indivíduo que tente propor um negócio competitivo de entrega de correspondências.
Às vezes, testo a seriedade daqueles que se preocupam com monopólios ao questionar: você concorda que o monopólio governamental do serviço postal é ruim e deveria ser eliminado? Se disserem “não”, isso me diz que não se preocupam com monopólios reais. Se disserem “sim”, podemos começar uma discussão produtiva.
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Traduzido por Matheus Pacini
Publicado originalmente no site oficial do autor.
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