Na era do tribalismo, Ayn Rand é a voz do indivíduo

Bem-vindo à era do tribalismo.

Infelizmente, esse sentimento não é só meu. Parece que algo deu errado no projeto Estados Unidos.

Canais de notícias apoiam seu partido preferido, e criticam fortemente o outro lado (independentemente da situação). Imagine os ataques da Fox News a Obama se ele tivesse criticado a CIA e o FBI como Trump faz.

Nossas eleições são cada vez mais discutidas em termos não de ideias, mas da configuração de votos por grupos específicos – brancos, pretos, hispânicos, velhos, jovens, homens e mulheres. Por fim, vemos supremacistas brancos e gangues da Antifa brigando nas ruas.

Parece que abandonamos a promessa poética registrada na Estátua da Liberdade, que encoraja as pessoas a se libertar dos grilhões intelectuais e culturais que lhes prendiam na ignorância. Em vez disso, muitas de nossas escolas ensinam alunos que suas identidades advém de sua “etnia” – que é um cozido irracional do não escolhido e do passivamente aceito, com pitadas de lugar de nascimento, genes e tradições.

Mesmo oponentes sinceros desse crescente tribalismo, como Sam Harris e Steven Pinker, ensinam uma letal doutrina coletivista: que cada um de nós é produto de sua hereditariedade e ambiente, sendo incapaz de pensar e agir livremente.

Não surpreende que, ensinadas em todo lugar que são incapazes de ter controle fundamental sobre suas vidas, as pessoas recorram a diversos coletivos – religiosos, nacionalistas ou “étnicos” – para proteção e orientação.

Alguém fala em defesa do indivíduo?

Ayn Rand o fez – e em nenhum lugar isso fica mais evidente que em seu primeiro best-seller A Nascente, publicado 75 anos atrás.

Esse romance oferece um antídoto para o tribalismo atual. Seu principal insight é nos campos tanto do conhecimento como dos valores, o individualista verdadeiro nunca coloca “seu objetivo primário dentro da pessoa do outro.”

O objetivo principal da mente do individualista é: tenho alguma razão para pensar que uma ideia é verdadeira? Ele aceita e pratica uma ideia quando pode responder: “sim”.

Nenhuma outra consideração importa: se seus professores declaram a ideia falsa, se ele será rejeitado por defende-la, não se seus ancestrais aceitariam ou rejeitariam a ideia. A busca da verdade é, radicalmente, não social.

Muitos condenam a câmara de ressonância em que hoje parecemos habitar. Um das características mais atrativas de Howard Roark, o protagonista de A Nascente, é como seus relacionamentos não são tribais.

Ele busca um mentor em quem os outros consideram um bêbado incorrigível. Ele faz amizade com um construtor que outros arquitetos considerariam de classe inferior, socialmente. Ele cultiva uma amizade profunda com uma pessoa que a maioria de seus outros amigos considera um patife. Ele mesmo se apaixona por uma mulher que, por grande parte da história, tenta prejudicar a sua carreira.

Seu objetivo não é concordância cega ou consenso social Eu sempre exigi certa qualidade nas pessoas de quem gostava. Sempre a reconheci imediatamente… e é a única qualidade que respeito nas pessoas. Eu escolho meus amigos por meio disso. Agora sei o que é: um ego autossuficiente.”[1] Um ego autossuficiente não promove nada acima da busca da verdade.

Mas, mais do que isso, um ego autossuficiente não coloca nenhum valor acima da busca de sua felicidade. Ele rejeita a ideia tribal de que a moralidade diz respeito a deveres sociais e servidão. Ele rejeita a ideia de que a superioridade real ou imaginária de alguém – seja ele chamado de chefe tribal, czar econômico, ditador ou aiatolá – garante obediência abnegada. E ele rejeita a ideia de que a inferioridade real ou imaginária de alguém – sejam eles os pobres, os doentes, os que sofrem ou os humildes – merecem serviço autossacrificial.

A moralidade diz respeito à busca de sua própria felicidade, um objetivo que ninguém pode alcançar por você. Diz Roark: “todas as formas de felicidade são particulares. Nossos melhores momentos são pessoais, automotivados e não devem ser tocados por ninguém.”[2]

Essas duas ideias, a busca da verdade e da felicidade – formam a essência dos Estados Unidos. Aqui, independentemente de sua hereditariedade e da cultura em que você nasceu, você é livre para pensar e buscar sua felicidade

Se você quiser reviver o individualismo, A Nascente é um bom lugar para começar.

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Publicado originalmente em New Ideal.

Traduzido por Matheus Pacini.

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[1] RAND, Ayn. A Nascente. São Paulo: Arqueiro, 2013. Vol II, p. 252.???????

[2] RAND, Ayn. A Nascente. São Paulo: Arqueiro, 2013. Vol II, p. 252.???????

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