Existência versus consciência

A realidade existe? Ou é apenas uma ilusão, um sonho de longo prazo compartilhado por todos?

Essa é uma questão importante, e a resposta parece muito óbvia. Mesmo assim, muitas pessoas insistem em negar a resposta.

A primazia da existência é um conceito crucial na metafísica do Objetivismo. Peikoff a descreve assim:

“As coisas são o que são independentemente da consciência – das percepções, imagens, ideias ou sentimentos de alguém.”

Nós temos consciência (somos conscientes) do mundo que nos rodeia, capazes de decifrar estímulos ao nosso redor através dos sentidos. Contudo, as coisas que percebemos sensorialmente, de fato, existem, e continuariam a existir mesmo se não pudéssemos percebê-las.

Podemos mudar o mundo ao nosso redor, desde que ajamos para fazê-lo. Sentar no sofá não resolverá os nossos problemas.

Um exemplo comum usado para questionar a nossa percepção da realidade é uma pessoa daltônica.

Um daltônico é incapaz de ver a diferença entre algumas cores. Se é possível perceber a mesma coisa como sendo diferente, isso não significa que a realidade depende de nossas percepções?

Nossa habilidade ou inabilidade de perceber estímulos (cores, cheiros, etc) nos afeta, mas não afeta a entidade que estamos observando. Se uma pessoa considera uma árvore verde, e outra a considera cinza, isso não muda o fato de que ambas estão percebendo a mesma entidade, refletindo o mesmo espectro de luz.

Contraste a primazia da existência à primazia da consciência. Peikoff descreve a primazia da consciência dessa forma:

“Nessa visão, a função da consciência não é de percepção, mas a criação do que é. Logo, a existência é dependente; o mundo é considerado como derivado da consciência.”

Essa é uma ideia cuja origem muitas pessoas atribuem às religiões orientais. Eu não conheço nada sobre a metafísica do Budismo, mas muitas pessoas que têm contato com filosofias orientais retiram a ideia de que, como a única forma pela qual conhecemos o mundo ao nosso redor é por meio dos sentidos, parece possível que se não estivéssemos percebendo-o, ele poderia, muito bem, não existir.

Outra linha de pensamento comum diz respeito à realidade ser drasticamente diferente de como a percebemos. Que podemos estar numa grande simulação, que podem haver alienígenas invisíveis, ou que podemos estar emitindo aura que só os espiritualmente iluminados podem ver.

Nada disso muda o fato de que a existência existe separada de nossa consciência.

Só porque a realidade pode ser diferente de como a percebemos, isso não significa que ela não exista.

Podemos, sim, usar meios para expandir nossos sentidos, e quando o fizemos, somos capazes de identificar coisas que existem das quais antes não estávamos cientes. Como átomos, ondas de rádio ou eletricidade.

A ideia da filosofia oriental pop pode ser muito útil e produtiva. Reconhecer a forma pela qual você pode controlar a sua percepção de um evento que estava fora de seu controle é uma habilidade valiosa, desde que lhe abra possibilidades de ação.

Esses são experimentos mentais interessantes, desde que o motivem a agir. Mas a mudança que você experimenta não advém de pensamentos que mudam a existência, mas de sua ação que faz a mudança ocorrer.

 “Um exemplo simples da orientação via primazia da existência seria um homem fugindo de um vulcão em erupção.” – Leonard Peikoff

Muitas pessoas afirmar ter habilidades sobrenaturais para influenciar a realidade. Coloque qualquer uma delas frente a uma lava vulcânica, e todas reconhecerão que a lava existe e que é perigosa, e sairão correndo.

Mas, como você tem certeza de que o que você está experimentado, de fato, existe?

Você sabe implicitamente, por todas as ações que tomamos. Quem quer que negue a realidade ainda agirá para evitar a lava. Tal fato deveria lhe informar tudo o que você precisa saber sobre a visão da realidade deles, independentemente do que digam.

Podemos ignorar a realidade, mas não podemos ignorar as consequências de ignorar a realidade.” Ayn Rand.

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Traduzido por Matheus Pacini

Publicado originalmente no site oficial do autor.

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