É PRECISO SEPARAR O GOVERNO DA RELIGIÃO, DA EDUCAÇÃO E DA ECONOMIA

Separar o governo da religião, da educação e da economia são as condições necessárias para uma sociedade plenamente civilizada e orientada integralmente para a privacidade individual.

Não confundam privacidade com isolamento.

Privacidade consiste no exercício da liberdade e da propriedade como direitos absolutos, mas estabelece, física e virtualmente, os limites que garantem a individualidade como o bem maior a ser conquistado pela humanidade na busca de sua felicidade existencial.

Podemos medir o estágio em que cada povo ou nação se situa no processo evolutivo civilizacional sob esse prisma que, por ser multifacetado, não transcorre de maneira sincrônica, nem linear.

A separação do governo da vida dos indivíduos que não praticam violência, caracterizada pela iniciação do uso da força ou de fraude, visa permitir a convivência pacífica entre os mais fanáticos religiosos e os mais céticos ateus; entre os que usam a razão plenamente e os que abusam da irracionalidade; entre os que criam valor suficiente para enriquecer sucessores pelas próximas quatro gerações ou os que vivem miseravelmente na pobreza, sustentados pela caridade dos que se comovem com a sua situação.

Na história temos visto que esse caminho é possível, ainda que cheio de desafios, de reviravoltas, de recuos e avanços em movimentos espasmódicos.

Nunca se viveu tanto, com tanta riqueza, com tão pouca pobreza, com tanta paz, quanto nos períodos em que a separação do governo da religião, da educação e da economia ocorreram de fato.

Ao olharmos para a frente, tentando prever a história, vemos um caminho íngreme, acidentado, repleto de bifurcações, cujo destino final desconhecemos. Em resumo, um caminho com ameaças constantes.

Ao olharmos para trás, observamos que os caminhos percorridos pela humanidade em direção à privacidade foram pavimentados pelo trabalho de heróis: pensadores que arriscaram desafiar o senso comum com suas ideias; inovadores que ousaram deslumbrar o mundo com suas criações; destemidos que entregaram suas vidas sob a liderança de estadistas, que não hesitaram em colocar seu governo e seu povo a serviço do ideal da privacidade, combatendo tiranias que procuravam eliminá-la.

Não acredito em determinismo histórico, acredito no livre arbítrio.

Acredito no permanente confronto entre os que querem ser livres e os que querem escravizar.

A luta entre os que tentam coletivizar as sociedades colocando-as sob o comando de políticos populistas e demagogos, movidos por ideologias estatizantes, é permanente.

Cabe aos indivíduos que vivem em sociedade articularem-se contra aqueles que querem se aproveitar da vida alheia para melhorarem as condições de sua própria existência através do uso da violência. É desses que o governo deve tratar, isolando-os da convivência daqueles que querem apenas viver sem violar a privacidade, a liberdade e a propriedade de ninguém.

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Publicado originalmente em Instituto Millenium

Revisado por Matheus Pacini.

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