Foque em valores, hábitos e nas emoções
Alguns anos atrás, recomendei a prática de identificar três coisas boas que acontecem diariamente. Essa ideia de Martin Seligman ajuda a desenvolver uma mentalidade mais otimista. Além disso, identificar “três coisas boas” nos ajuda a compreender melhor nossos valores. Por muitos anos, utilizei esse exercício como um ponto de partida para organizar minha hierarquia de valores e, de quebra, aprofundar meu entendimento sobre eles.
Para tal, basta seguir os passos abaixo:
1. Pergunte a si mesmo: “O que isso significa para mim?”
Sempre sugiro essa pergunta para analisar emoções negativas. Ela pode levá-lo às lágrimas num momento vulnerável, porém é valiosa para fazê-lo perceber porque uma “coisa boa” é, de fato, boa.
Percebi isso tempos atrás, quando estava desanimada com a situação política. Tinha feito uma lista de coisas boas, mas ainda me sentia mal. Então, decidi testar essa estratégia e consegui reverter meu humor. Não foi difícil.
Um dos itens de minha lista foi editar e publicar um artigo. Senti um senso de dever cumprido, pois tinha orgulho de cumprir meus compromissos.
Outro item concluído foi uma tarefa aparentemente simples, trivial (levar um colar para o conserto). Ao refletir sobre ela, percebi que tinha um significado pessoal muito simbólico.
No entanto, nenhum desses itens tinha gerado muitas emoções positivas. Mas ao pensar em seu significado, percebi o quanto isso tinha me inspirado: em vez de me sentir desmotivada, estava energizada.
2. Identifique os valores racionais envolvidos
Nem sempre é fácil descobrir sozinho o significado das coisas. Nesse sentido, ajuda muito procurar seus “valores racionais profundos”. Nas palavras de Ayn Rand, “um valor é o que as pessoas agem para obter ou manter”.
Um valor racional é um valor que, de fato, é bom para você. Já um valor racional profundo é fundamental, pois está intimamente relacionado com atender as necessidades básicas da existência humana. Você pode ver a minha lista de valores racionais profundos na planilha OFNR Quick Reference.
Qualquer atitude que você toma é motivada, de alguma forma, por seus valores mais profundos. Listá-los pode ajudá-lo a entender essa ligação.
Por exemplo, essas são três coisas boas que aconteceram comigo ontem:
- Atualizei o envio de materiais para os meus clientes;
- Joguei tênis com uma “pessoa de verdade”;
- Minha mãe veio me visitar.
Num primeiro momento, não considerei o envio de materiais como algo profundamente importante. Ajudou apenas a reduzir a minha lista de tarefas. Porém, ao checar minha lista de valores racionais profundos, percebi ter obtido dois valores mentais: capacidade de focar minha consciência e fechamento. Mais que isso, pude contribuir para o aprendizado de meus clientes, finalizei uma pendência e fui produtiva – de fato, gerando valores materiais.
Por outro lado, jogar tênis com uma “pessoa de verdade” tinha uma importância óbvia para mim. Em outubro passado, decidi praticar esse esporte. Não sabia as regras do jogo, nem rebater, lançar uma bola ou correr (estou exagerando, mas só um pouco). Só vinha praticando nas aulas, pois ainda não me sentia apta a jogar com outras pessoas devido à falta de ritmo de jogo.
Entretanto, agora que tinha alguma experiência, meu adversário e eu conseguimos nos divertir. Era importante para mim ter alcançado certo nível de maestria.
Esse esporte está se tornando um fonte gratuita de diversão, na medida em que me sinto mais segura para jogar quando quiser, e não só nas aulas pagas.
Habilidade, diversão, liberdade: esses são valores racionais profundos. Olhando para minha lista, pude perceber outro valor em jogo: Celebração! Tenho prazer em registrar bons momentos. Esse era um valor sobre o qual não havia pensado até então, mas celebrar é tão bom, não é?
Quanto à importância da chegada de minha mãe -o valor aqui é a visibilidade mútua. Receber a sua visita significa que posso ver como ela está e ouvir suas histórias. E, em contrapartida, também ser vista e ouvida.
Reservar um tempo para identificar valores racionais profundos ajuda a desenvolver a linguagem dos valores. Em breve, você a reconhecerá em toda parte. Essa prática é útil também para manter uma visão benevolente sobre o mundo.
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Tenho utilizado esse passo a passo quando me sinto desmotivada ou sem energia para, justamente, mudar minha atitude. Assim, escrevo três coisas boas que tenham acontecido, descrevo como cada uma delas foi importante para mim e qual o Valor Racional Profundo que está em jogo. A cada vez, sinto-me mais inspirada e mais animada para entrar em ação.
Isto é um achado! É fácil e convidativo de fazer e traz recompensas imediatas.
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Publicado originalmente em Thinking Directions.
Traduzido por Hellen Rose.
Revisado por Matheus Pacini.
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