Como debater com um socialista

Noutro dia escrevi que, ao analisar a economia, os socialistas veem um retrato; por outro lado, os liberais veem um filme.

Tal fato fica claro quando descrevo uma conversa que tive com um socialista, desses que gostam de opinar.

Eu estava falando de minha viagem a Cuba, explicando o nível absurdo de miséria do povo que mora em pardieiros e cortiços semidestruídos. A isso, o socialista responde: “sim, mas no Brasil, temos as favelas.”

É óbvio: temos favelas porque também somos socialistas, mesmo que Cuba nos ganhe, porque lá o regime é comunista. No entanto, a discussão é mais complexa.

Se compararmos uma favela brasileira com as centenas de quarteirões de cortiços em Havana, teremos retratos estáticos que retratam misérias impactantes.

Se considerarmos as imagens terríveis como filmes pausados, retrocedendo e avançando, veremos que, no caso de uma favela – antes, não existia nada; depois, os pobres construíram suas casas. Houve criação de valor, por menor que seja. Por outro lado, no caso de Havana, não veremos nenhuma favela sendo construída. O que se veria, sim, é a destruição gradual de uma cidade esplendorosa. A história em movimento denuncia que, em Havana, houve destruição de valor em grande escala; o mesmo não ocorreu no Brasil porque, apesar das limitações impostas pelo governo brasileiro, a população miserável conseguiu construir algo, mesmo que sob a forma de favela.

Socialistas demonstram sequer conhecer a lei da causalidade – que nada mais é que a aplicação do movimento à lei da identidade. Eles conseguem perceber a existência de uma favela ou cortiço miserável, todavia, não conseguem entender a lei de causa e efeito que levou a esse estado de coisas.

Discutir esses assuntos com socialistas é perda de tempo. O socialista só quer falar, não quer ouvir. A única maneira de o socialista ouvir é deixá-lo à parte da discussão, concedendo-lhe o privilégio de assistir em silêncio um debate construtivo entre liberais e conservadores. Talvez, assim, o socialista consiga ouvir, afinal, nessa conversa não será convidado a opinar.

E mais ainda: como socialistas são coletivistas, têm a necessidade atávica de pertencimento: há grandes chances de abraçarem liberais ou conservadores. A cura para o socialismo começa quando o socialista perde a plateia. Eles vivem de narrativas, logo, a realidade não interessa.

Quando um debate entre liberais e conservadores acaba mudando o eixo do debate, trazendo mais realidade e racionalidade ao abstrato, o socialista não aguentará ficar de fora: sua vontade de participar de um grupo o fará se adaptar.

É como ensinar uma criança a se comportar no mundo dos adultos ou um cachorrinho na sala de jantar. Senta. Quieto.

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Revisado por Matheus Pacini.

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