Como articular a liberdade?

Como estamos perto das eleições presidenciais, e o estatismo – a ideia de que o Estado deve controlar tudo – está sendo adotada pela esquerda marxista/niilista e praticamente destruiu a liberdade nos Estados Unidos, muitas pessoas racionais estão avaliando candidatos libertários. Os argumentos deles contra a direita conservadora/religiosa é que ela já teve chances, mas o resultado não foi mais liberdade, nem mesmo falar em liberdade. Por isso, precisamos de uma alternativa. O problema dessa linha de raciocínio é que a palavra “liberdade” não é uma palavra mágica que se tornará realidade porque foi mencionada por esse ou aquele candidato. Para garantir a liberdade, é preciso esclarecer o significado de liberdade e por que é um governo adequado é necessário. Infelizmente, os libertários, ao longo de sua história, não conseguiram fazê-lo por princípio, muito menos definir diretrizes gerais para tal. Não basta ser antigoverno, é preciso ser pró-liberdade. Fazer cortes em programas governamentais não basta.

Em essência, liberdade significa a possibilidade de viver a própria vida sem a interferência de uma força contrária, integrada à ideia de que o homem só pode viver pela razão (uma compreensão da existência). Só a razão é um guia adequado; é apenas pelo uso da razão que podemos compreender a necessidade de ter valores adequados para sustentar nossas vidas. Com o entendimento correto, aceitamos a moralidade de buscar a felicidade racional e a liberdade para fazê-lo. Para ser livre para buscar a felicidade racional em um contexto social, precisamos dos direitos individuais, conceito articulado por Ayn Rand em seu ensaio “Os direitos do homem”. Mas isso não é sinônimo de fazer o que se quer, desde que não se inicie a força contra alguém – o principal argumento dos libertários. O culto ao capricho – fazer o que tiver vontade – não se fundamenta na razão, já que as emoções não são ferramentas de cognição. E a vontade de fazer alguma coisa não significa que fazê-la seja, de fato, bom para nós. O papel do governo é possibilitar que vivamos nossa vida, proibindo a iniciação da força num contexto social como princípio central, apoiado pela razão, e por uma compreensão racional do homem baseada em sua natureza factual. Em geral, os libertários abandonam todo esse contexto e simplesmente apelam para o sentimento antigoverno que está por aí, após tantas políticas fracassadas nos últimos 100 anos. Não se ouve um argumento dos libertários a favor da liberdade. Normalmente, falam contra este ou aquele programa de governo, afirmando que não é papel do governo se envolver nessas áreas da vida, porém não apresentam argumentos fundamentados em defesa de sua posição.

Ron Paul e Gary Johnson não divergem dessa mentalidade libertária. Dizem que entendem a questão dos direitos individuais, só não a articulam porque é muito polêmica, e porque vivemos em um mundo de vídeos curtos e memes, e o povo americano simplesmente não está pronto para ouvir. Isso significa que desistiram explicitamente da razão e resolveram apelar para as emoções do público americano, deixando o argumento da razão do lado da oposição, e não do lado da liberdade. Entendo que seja a razão que explica por que os libertários recebem apenas um percentual ínfimo dos votos quando concorrem à presidência. Há meses, fiz um apelo à candidatura de Gary Johnson para articular sua estratégia em torno dos fundamentos racionais da liberdade; não obtive resposta, e parece que nada mudou. Definitivamente, isso me parece coisa de alguém que desistiu da razão e apela apenas às emoções – um de seus antigos apoiadores me confessou isso. Lamento, mas não é assim que recuperaremos nossas liberdades, e não votarei em um candidato que não seja a favor da liberdade em termos de princípios baseados na razão.

Esta eleição em particular retrata o niilismo marxista, expressado claramente no discurso “Você não construiu isso!” do presidente Obama contra a iniciativa individual e a busca de valores racionais. O que precisamos é de alguém que o derrote – que o tire do cargo – para que esse país possa se recuperar de suas políticas niilistas e destrutivas. Adoraria ter um candidato pró-liberdade e pró-direitos individuais em quem votar, mas como já expliquei antes, isso não pode ser encontrado em candidatos que abandonam a razão em nome do culto aos caprichos e do apelo antigoverno. Um voto para o candidato libertário – Ron Paul ou Gary Johnson – não é um voto pela liberdade, da forma como deve ser compreendida. No mínimo, pelo menos os conservadores entendem princípios econômicos íntegros, e argumentam a favor da liberdade econômica e livre mercado. Assim, acho que a única candidatura viável, que realmente pode ganhar e que afirma princípios pró-liberdade explícitos (mesmo que apenas limitados à atividade econômica) é a chapa Romney/Ryan.

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Artigo publicado em Applied Philosophy Online.

Revisado por Matheus Pacini.

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