Hoje, as empresas de tecnologia e seus CEOs bilionários estão sendo cada vez mais demonizados, e algumas pessoas estão questionando até mesmo se eles deveriam existir. Um artigo recente de Robert Reich, ex-Secretário do Trabalho de 1993-1997, compara os líderes da tecnologia como Mark Zuckerberg e Jeff Bezos aos chamados “barões-ladrões” do século XIX – que foram igualmente demonizados em sua época:
A Era Dourada dos Estados Unidos ao final do século XIX iniciou com um conjunto de inovações – construção de ferrovias, fabricação de aço, extração de petróleo – mas gerou grandes trustes de propriedade de “barões-ladrões”, que usaram sua riqueza e poder para eliminar a concorrência e corromper a política americana.
Hoje, estamos na segunda Era Dourada – introduzida por semicondutores, software e internet – que produziu uma dezena de grandes conglomerados tecnológicos.
As grandes empresas de tecnologia, alega Reich, tornaram-se muito poderosas. Ele propõe que adotemos com elas a mesma abordagem utilizada com os “grandes trustes” dos “barões-ladrões” do século XIX: processá-los sob a lei antitruste, dividindo suas operações.
Reich não é o único com tal opinião. Hoje, políticos de todos os partidos estão ameaçando dissolver empresas de tecnologia: o presidente Trump nos precaviu de que está “analisando” essas empresas do ponto de vista da lei antitruste; a deputada democrata Ocasio-Cortez chamou-as de “monopólios da tecnologia”, que detêm “muito poder”; e a senadora democrata Elizabeth Warren ventilou um plano para dividir a Amazon, o Google e o Facebook – e ainda obteve o apoio do senador republicano Ted Cruz, o qual repetiu a mesma retórica de “muito poder”.
Nesse contexto, vale a pena ouvir a palestra de Ayn Rand America’s Persecuted Minority: Big Business, republicada posteriormente como um ensaio em Capitalism: The Unknown Ideal (Capitalismo: o ideal desconhecido).
Em resposta ao mesmo tipo de demonização cultural, e a uma série de proeminentes casos de antitruste, Rand oferece uma defesa total dos grandes empresários, incluindo os heróis do século XIX ainda hoje injustamente demonizados como “barões-ladrões”.
Central à fala de Rand está a distinção crucial entre poder econômico e poder político, a qual é tão aplicável ao debate atual como o foi na década de 1960 – e, também, no século XIX.
Quando Reich e seus amigos reclamam que as empresas de tecnologia têm “muito poder”, estão cometendo a intelectualmente desastrosa “falácia do pacote” ao falhar em reconhecer a diferença entre poder econômico – isto é, o poder de produzir e negociar em base voluntária – que é o que o empresário faz no livre mercado – e poder político, que é exercido através da força e da ameaça de coerção de parte dos burocratas no governo.
A alegação de Reich de que as empresas representam uma “ameaça à democracia”, além de “corromperem a política americana” se baseia no fracasso em entender essa distinção – e no fracasso de reconhecer a diferença fundamental entre empresários verdadeiros, que buscam o sucesso por meio de trocas voluntárias e inovação no livre mercado, e os capitalistas de compadrio, que buscam o sucesso através de favores e subsídios governamentais.
“Todos os males, abusos e desigualdades popularmente atribuídos aos empresários e ao capitalismo”, Rand argumenta, “não foram causados por uma economia desregulamentada ou pelo livre mercado, mas pela intervenção governamental na economia.” Mesmo assim, são o capitalismo e os empresários que levam a culpa.
Os empresários americanos foram responsáveis pelo grande gênio produtivo e pelas mais espetaculares realizações registradas na história econômica da humanidade. Qual foi a recompensa por eles recebida de nossa cultura e de nossos intelectuais? A posição de uma minoria odiada e perseguida, culpada pelos males causados por burocratas.
A defesa de Rand dos empresários como heróis produtivos é tão radical e relevante hoje como quando foi primeiro defendida – e é uma perspectiva que você, provavelmente, não ouvirá em nenhum outro lugar.
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Traduzido por Matheus Pacini.
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