AS PERSONAGENS DE A NASCENTE QUE VOCÊ ENCONTRA NA FACULDADE

Muitos críticos caracterizam as personagens de Ayn Rand como bidimensionais e irrealistas, e podem parecer sê-lo, às vezes. “Poucas pessoas são tão submissas, ‘altruístas’ e dependentes da aprovação dos outros!”, muitos pensam.

Tais críticos podem pensar assim porque nunca entraram numa universidade.

Na faculdade, você percebe que, de fato, existem Ellsworth M. Tooheys, Peter Keatings e Catherine Halselys no mundo. Elas não eram meramente arquétipos: existem, em carne e osso, e vagam pelos corredores, salas de aula e centros administrativos de sua universidade.

Essas são as personagens do romance A Nascente que você encontra na faculdade.

Ellsworth M. Toohey – o professor sem nenhuma experiência no mundo real que usa sua disciplina como tribuna.

Ellsworth M. Toohey – o principal antagonista de A Nascente – é o intelectual/filósofo público da moeda e, nas horas vagas, professor. Ele usa sua coluna diária no jornal de Wynand, Uma Pequena Voz, como plataforma de manipulação do sentimento público, denunciando o mal cometido por quem vai contra o status quo, a tradição. Sem nunca ter construído nada, Toohey escreve um livro sobre arquitetura e é catapultado à vanguarda da crítica arquitetônica. Ele afirma representar a voz dos oprimidos, embora use sua coluna como se fosse o salvador a liderar as massas em direção aos objetivos altruístas que ele e sua intelligentsia discutem em recepções, festas e jantares.

Toohey encerra a opinião majoritária dos professores, cujas ideias focam primariamente na destruição de elementos da sociedade dos quais desconhecem, enquanto se escondem atrás de falso intelectualismo. Os poucos que chegam à prominência sabem que o que produzem não é de qualidade, mas publicam mesmo assim por obrigação.

Michael Sandel — e seu renomado curso Justice — é um bom exemplo de um Ellsworth Tooley da vida real.

Peter Keating – o colega puxa-saco

Keating gasta seu tempo não tentando produzir algum valor [para ele], o qual pode ser útil para uma vida gratificante e feliz, mas sim adular o responsável da próxima licitação. Ele prejudica seus colegas por uma chance de se tornar sócio de empreendimentos, e se escora nos outros quando seus próprios esforços não são suficientes. Graduado como melhor aluno da classe, Keating faz tudo certo. Ele é o orgulho da mãe insegura e manipuladora, o produto “tamanho único” de muitas universidades.

Em resumo, ele se parece com muitos de nossos colegas – em especial, os considerados, pelo padrão tradicional, exitosos. Eles fazem a faculdade por fazer, enquanto sonham com aquele trabalho no setor público ou na mesma empresa que todo mundo. Eles dialogam com pessoas específicas, tendo em vista seus supostos interesses.

Eles têm pouca ou nenhuma ideia do que realmente querem na vida, e operam como reflexo da definição de sucesso imposta pelos outros. Seja um emprego em Wall Street, frequentar uma faculdade X ou passar em um concurso público, eles desejam isso se os outros desejarem.

Catherine Halsey — o funcionário desmotivado da faculdade

No passado, Catherine se sentia empolgada pela perspectiva de ajudar as pessoas e tornar o mundo melhor, mas percebeu que, com o passar do tempo, tinha raiva de quem supunha ajudar. Convencida de que havia algo errado com ela – e não com o desejo de ser altruísta – fechou-se para o mundo, arranjou um cargo de supervisão numa repartição pública, e focou seus dias em tornar o mundo melhor – tomando decisões pelos outros, e não para ela mesma.

A mesma falta de disposição é partilhada por muitos funcionários das universidades. Você quer organizar um protesto na praça universitária? Sem problemas, preencha esse documento e leve ao vice-assistente do Diretor de Assuntos Estudantis. Por quê? Bem, os estudantes americanos protestam demais e precisam ser organizados.

Hopton Stoddard — o cara que recebe o nome de qualquer prédio inútil da faculdade

Uma personagem relativamente secundária no romance A Nascente, Stoddard representa toda família rica que tem vergonha de sua riqueza e prestígio. Stoddard gasta sua riqueza patrocinando a construção de templos, igrejas e projetos filantrópicos de modo a não sentir vergonha de sua riqueza. Ele subsidia viagens ao redor do mundo com fins beneficentes, para depois se sentir culpado quanto aos fins em que tal dinheiro foi utilizado.

Stoddards são encontrados em todas as universidades – Biblioteca Stoddard, Centro Médico Stoddard, etc. Toda vez que um novo edifício é finalizado, o reitor se dirige aos Stoddards, pedindo se gostariam de deixar um legado ao campus ao qual tanto devem.

Howard Roark — o colega automotivado

Howard Roark é motivado pelo seu próprio desejo de criar e manifestar seus valores. Ele não busca a aprovação dos outros como seu impulso primário. Ele não busca dinheiro por dinheiro. Ele é egoísta no sentido de que ele é primariamente motivado por seu próprio desejo de realização.

Você provavelmente não o encontrou na faculdade. Se sim, ele é o cara que só aparece nas provas finais porque é obrigado. O resto de seu tempo é dedicado ao trabalho, à criação e à construção de sua vida fora da sala de aula.

Provavelmente, ele foi expulso ou largou a universidade antes de você poder conhecê-lo.

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Traduzido por Matheus Pacini

Publicado originalmente em Medium

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