A racionalidade produz uma vida emocional saudável e recompensadora

Muitas vezes, as emoções confundem. Sentimos medo ou ansiedade. Desejamos aquilo que se transforma em decepção e desilusão. Experimentamos raiva e ódio sem saber exatamente qual é a sua origem ou razão. Há os que, resignados, resolvem reprimir o que sentem em uma tarefa árdua e torturante de fingir que o sentimento não existe. Há os que preferem segui-las como se fossem guias únicos para ação, como que comandados por força misteriosa que não se sentem capazes de explicar. Há também os que dão importância às emoções, vivenciam-nas plenamente, mas as mantém sob julgamento racional. É para os últimos que esse texto se dirige: aqueles que optam por não viver a tortura de ser um mediador de sentimentos inevitáveis e conflitantes com suas conclusões conscientes.

A reação emotiva não deve ser encarada como inevitável e imponderável da mesma forma que a reação a um beliscão ou queimadura. Emoções oferecem uma conclusão preliminar sobre algo em relação ao indivíduo, que pode ser positiva (ex. prazer, alegria) ou negativa (ex. dor, tristeza, sofrimento) com base em valores e conhecimento aprendidos ao longo da vida. A emoção deve ser avaliada como um julgamento automático segundo um padrão de valor e conhecimento adquiridos.

Imaginemos duas pessoas colocadas para assistir a um jogo decisivo do Corinthians no Campeonato Mundial. Uma delas aprendeu que o Corinthians é um grande valor. A outra nunca teve valor algum relacionado ao Corinthians. A primeira tem o seu coração palpitando acelerado, sente tristeza se o time tomar um gol e perder ou ficará alegre se fizer gol e vencer. A segunda provavelmente experimentará tédio, indiferença ou alguma comoção marginal.

Na ilustração acima, o valor do torcedor (a vitória ou gol do time preferido) e a conclusão mediante o conhecimento contextual prévio sobre futebol gera o sentimento (desejo, com a possibilidade do gol; medo do gol do time adversário; alegria do gol a favor). A ausência do valor no indivíduo desinteressado também determinou suas emoções correspondentes ao jogo que observava. É fácil perceber que as reações emotivas surgem de valores e conclusões formadas conscientemente mediante conhecimento contextual prévio e valores escolhidos ao longo de sua vida.

A vida apresenta diversos contextos, situações e reações emotivas correspondentes. O indivíduo racional sente emoções, mas o juiz final deve ser a sua avaliação racional. A introspecção para identificar a emoção é um passo fundamental para tomar as rédeas da mente, e permitir-se alinhar às próprias emoções com suas conclusões racionais:

  • Estou triste. Que valor eu perdi?
  • Estou com raiva. Qual injustiça foi cometida contra mim e qual valor está em jogo?
  • Estou com culpa. O que eu gostaria de ter feito de forma diferente e qual valor seria impactado?
  • Estou com medo ou ansioso. Qual valor está ameaçado e por quê?

Na medida em que conhecemos os valores e conhecimento que dão origem aos nossos sentimentos, podemos desintegrá-los (por exemplo, fazer o que te dá medo, se você conclui que, na verdade, não há nada a temer). Com esforço contínuo e uso da racionalidade é possível, ao longo do tempo, alterar como reagimos ao que enfrentamos ou, até mesmo, perceber que a emoção tem razão de estar ali e deve ser vivenciada.

O homem racional aprende a identificar a emoção como uma avaliação preliminar de objetos ao redor. Ao manter as emoções constantemente submetidas ao julgamento racional, ele permite a construção constante do próprio caráter para a relação cada vez mais saudável e harmoniosa entre as emoções e sua consciência. E, principalmente, ele obtém a devida recompensa emocional na conquista de valores racional alinhados com a busca da manutenção e florescimento de sua vida.


Vale a pena tentar: uma filosofia racional pode ajudar.


´ Seu subconsciente é como um computador – um computador mais complexo do que os homens podem construir – e sua principal função é a integração de suas ideias. Quem o programa? Sua mente consciente. Se você falhar, se você não alcançar nenhuma convicção firme, seu subconsciente é programado por acaso – e você se entrega ao poder de ideias que você não sabe que aceitou. Mas de uma forma ou de outra, seu computador fornece impressões, diariamente e de hora em hora, na forma de emoções – que são estimativas relâmpago das coisas ao seu redor, calculadas de acordo com seus valores.´ Ayn Rand – Filosofia Quem Precisa Dela

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