15 anos de autoviolência não mudam em 1, 2 ou 3 anos… Aprender a viver de maneira ideal através do auto-interesse racional não é automático; requer exercício, erros e acertos para melhorar a cada dia. Não é mágico, é necessário trabalho. Foram quinze anos aprendendo que o que os outros acham é a verdade. Além disso, aprendi que questionar e duvidar é imoral, um pecado. Quinze anos aprendendo que ser eu mesma é algo maligno, que até meus atos de bondade são perversos, e que minha vida não me pertencia. Aprendi que minha existência já estava toda determinada. Havia um ser que me projetou e, por isso, eu deveria fazer a vontade dele, ainda que minha mente dissesse o contrário, ainda que isso me destruísse. Ele era meu dono; sem ele, a vida não teria sentido. “Para que outros possam viver, vale a pena morrer…” Esse é um trecho de uma música evangélica. Ela fala sobre auto-sacrifício: você se entregar pelos outros é nobre e vale a pena, porque, afinal, na eternidade haverá recompensa, além do túmulo, pelo seu sacrifício. Além disso, Jesus se sacrificou por você; então, por que você não deveria se sacrificar pelos seus irmãos? No livro A virtude do egoísmo, a autora Ayn Rand, no capítulo 1, A ética objetivista, diz que a moralidade é um código de valores que guia as escolhas e ações humanas. Uma pessoa que aprendeu códigos de valores como os citados acima fará escolhas de autoviolência, pois seu código moral diz que isso é certo, mesmo que a machuque, mesmo que sua consciência sussurre para ela: “Isso está errado.” Romper com quinze anos de altruísmo foi como morrer. Perdi amigos, perdi a fé, mas isso me fez mais forte. Consegui sobreviver sem o ditador celestial. Foi aí que perdi Deus para encontrar o meu eu! A minha vida é minha! Ela não pertence a deuses, entidades, demônios, pessoas ou estados. Ela pertence a mim. Pensar por si mesma, se orientar pela realidade e pelos fatos, e usar a razão, é libertador. Quando ainda era religiosa, eu me sentia fragmentada; era uma luta contra minha própria mente. Hoje me sinto inteira. Ainda há muito a melhorar, mas o fato de poder usar minha mente para entender a realidade e os fatos me fez compreender que I make my fate (traduzindo: eu faço meu destino). Eu estou no controle da minha existência, e isso é empoderador.