“Ajude-me a fazer por mim mesmo”, autorresponsabilidade e paz: esses são os fundamentos da filosofia Montessori. Quantos de vocês conhecem outra pensadora muito influente, com as mesmas crenças, que teve grande influência no movimento Montessori: Ayn Rand? Hoje, existem milhares de pais, professores e diretores de escola que chegaram ao método Montessori por meio dela.
A romancista-filósofa Ayn Rand é mais famosa por seus livros A Nascente e A Revolta de Atlas. De acordo com pesquisa realizada em 1999 pelo Clube Book of the Month, A Revolta de Atlas consta em segundo lugar na lista dos mais lidos, depois da Bíblia. Os livros de Rand venderam mais de 100 milhões de cópias, e vendem 100 mil cópias anualmente – obviamente, ela influenciou muitas pessoas.
Contudo, Rand escreveu muitas outras obras, incluindo um ensaio sobre educação chamado The Comprachicos, agora disponível na obra The New Left: The Anti-Industrial Revolution. Nele, ela discute o método Montessori em detalhe. Além disso, ela publicou um artigo de Beatrice Hessen, The Montessori Method, na revista The Objectivist, o qual foi, posteriormente, republicado na obra Montessori Schools in America: Historical, Philosophical and Empirical Research Perspectives de John Chattin-McNichols.
Esses dois artigos introduziram milhões de leitores de Rand ao método e ao movimento Montessori – e muitos deles o adotaram na educação de seus filhos. Eu, por exemplo, vinha buscando desde que era criança por uma forma de aprendizado que mantivesse a alegria da vida enquanto guiava alunos em seu aprendizado. Os artigos de Rand e Hessen me intrigaram, levando-me a um grande amor pelo método, que incluiu a fundação da escola Council Oak Montessori em Chicago. Atualmente, trabalho em uma nova escola (veja www.collegeunitedstates.org).
Eu não me creio uma exceção. Você encontrará a influência de Rand nas escolas Montessori em toda a América do Norte, da Carolina do Norte a Pensilvânia, de Illinois a Colorado; de Toronto ao Texas – e estou certa de que em vários outros lugares.
Por que a Ayn Rand se interessou por Montessori? Ayn Rand queria paz, liberdade, felicidade e realização para todos os indivíduos do mundo, tendo sobrevivido à morte e à destruição da Revolução Russa e suas consequências. Ela não queria que se repetissem os massacres do Comunismo, Fascismo, Nazismo e, hoje, terrorismo islâmico, que já foram responsáveis por mais de 100 milhões de mortes (Rummel, 1994). A solução? Que as crianças fossem independentes e respeitassem os direitos dos outros, cada qual com sua própria vida, evitando, assim, mais guerras e, por conseguinte, mais mortes.
Como ela esperava, a publicação de A Revolta de Atlas em 1957 reacendeu o interesse no liberalismo clássico e nos pensadores de livre mercado como John Locke, Adam Smith, Ludwig Von Mises e Friedrich Hayek, estimulando o movimento em prol da liberdade e da prosperidade ao redor do mundo. No ano que marcou o centenário de seu nascimento, muitos grupos e publicações prestaram homenagem ao seu papel vital nesse reavivamento (e às consequências positivas dele), tais como o fim da União Soviética e a difusão dos valores de liberdade ao redor do mundo.
Contudo, a semelhança de Rand com Montessori não parou no desejo comum por paz. No artigo The Comprachicos, Rand elogiou o método Montessori porque era exatamente o que as crianças precisavam para se desenvolver apropriadamente. “O uso disciplinado e proposital de sua inteligência é a maior conquista possível do homem: é o que o torna humano.” [O melhor desenvolvimento da inteligência é o que Maria Montessori tinha em mente… quando ela escreveu o seguinte sobre o seu método: “o material didático, de fato, não oferece à criança o “conteúdo” da mente, mas a ordem de tal “conteúdo”. A mente se forma independentemente, através de um exercício especial de atenção, observação, comparação e classificação… que leva as crianças a se tornarem exploradoras inteligentes e ativas, em vez de nômades em uma terra estranha.” (RAND, 1970, 196).
Rand reconheceu que o método Montessori é brilhante no desenvolvimento das habilidades de pensamento, de julgamento independente e de autoconfiança da criança, enquanto mantendo seu amor pelo aprendizado. Ela também aplaudiu a abordagem sensível e individual à personalidade e ao desenvolvimento da criança, e o respeito pela ordem, pela propriedade e pelos outros, valores esses intrínsecos ao método, e fundamentais para uma vida produtiva e feliz.
Como Montessori, Rand acreditava que julgar os outros pelas suas ações e realizações individuais, e não por sua adesão a um grupo, raça ou qualquer outra característica fora do seu controle, era a base do verdadeiro respeito. Ela percebeu que o caminho para a paz era por meio da educação de indivíduos na importância de pensar corretamente, e respeitar os direitos individuais dos outros.
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Tradução de Matheus Pacini.
Publicado originalmente em Fountainhead Institute.
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