O argumento pela liberdade em Ludwig von Mises, F.A. Hayek e Ayn Rand (semelhanças)

Mises, Hayek e Rand defendem a liberdade de formas distintas. Nascendo em épocas distintas, vivenciaram experiências históricas particulares que moldaram suas ideias.

Primeiro, vieram de uma Europa profundamente abalada pela destruição e consequências catastróficas da I Guerra Mundial. Tanto Mises quanto Hayek vivenciaram o trauma da derrota militar enquanto serviam no exército austro-húngaro, bem como as dificuldades econômicas e a ameaça da revolução socialista na Viena do pós-guerra.

Rand vivenciou a Revolução Russa e sua consequente Guerra Civil, a qual terminou com o triunfo dos bolcheviques de Lênin e a imposição de um regime comunista brutal e assassino. Também conheceu o “socialismo na prática” quando estudou na Universidade de Petrogrado (mais tarde Leningrado, hoje São Petersburgo) enquanto a nova ordem marxista era imposta à sociedade russa.

Segundo, também experimentaram a dura realidade da hiperinflação: Rand testemunhou a destruição intencional da moeda russa pelos bolcheviques durante a Guerra Civil e o sistema de comunismo de guerra de Lênin, também intencionalmente projetado para abolir a economia de mercado e a dita “escravidão assalariada” capitalista.

Na Alemanha e na Áustria pós-II Guerra Mundial, Mises e Hayek assistiram aos novos governos de inspiração socialista em Berlim e Viena ligar as impressoras para financiar os gastos estatistas e intervencionistas de assistencialismo para instituir seus sonhos coletivistas. No processo, as classes médias da Alemanha e da Áustria foram destroçadas, e o tecido social alemão e austríaco foi literalmente dilacerado.

Terceiro, Rand teve a sorte de fugir do inferno socialista da URSS na década de 1920, migrando para os Estados Unidos. Com uma perspectiva privilegiada, foi capaz de observar a ascensão e o impacto do coletivismo norte-americano durante a Grande Depressão e o advento do New Deal de Franklin Roosevelt na década de 1930.

Na Europa, Mises e Hayek assistiram (I) à ascensão do fascismo na Itália na década de 1920 e (II) ao triunfo de Hitler e do nacional-socialismo na Alemanha em 1933 e (III) à implementação do New Deal de Roosevelt nos Estados Unidos. Para Mises e Hayek, a variação nazista do coletivismo não se mostrou apenas uma das formas mais mortais de socialismo, mas também representou uma sombria e perigosa “revolta contra a razão” com o apelo do nazista à superioridade do sangue e da força sobre a mente humana e a argumentação racional.

Premissas comuns a respeito do coletivismo e da sociedade livre

Quais premissas Mises, Hayek e Rand compartilharam no contexto da realidade estatista em que viveram? Primeiro, que conceitos como “nações”, “raças” e “povos”, usados pelos coletivistas totalitários, são termos que não existem independentemente das pessoas que os compõem.

Segundo, os três rejeitaram a negação positivista que a mente humana era real, a fonte primordial do conhecimento sobre o homem e suas ações. Em especial, Mises e Rand enfatizaram a importância do uso da capacidade de raciocínio para compreender e dominar o mundo em que viveram: consideraram a tendência política do século XX no sentido de uma revolta contra a razão.

Embora, às vezes, classificado como antirracionalista por enfatizar os limites da razão humana em tentar projetar instituições sociais, Hayek afirmou que nunca questionara a importância da faculdade racional do homem, mas sim criticara a arrogância intelectual de governantes totalitários que desejam refazer o mundo na base da coerção.

Terceiro, todos os três concebiam o capitalismo de livre mercado como o único arranjo social capaz de promover o aperfeiçoamento humano. Apenas uma ordem de propriedade privada que respeite e proteja o direito do indivíduo à vida, liberdade e posses adquiridas honestamente dá às pessoas o controle sobre sua própria existência. Apenas a economia de mercado concede aos indivíduos os meios institucionais para que sejam livres do poder do governo e seus padrões históricos de pilhagem e abuso.

Por fim, Mises, Hayek e Rand enfatizaram a importância dos intelectuais na influência do tom das ideias e tendências políticas, econômicas e sociais. Esses pensadores de “segunda mão” foram a força motriz por trás das ideias coletivistas que surgiram no século XIX e triunfaram no século XX. Eles foram os moldadores da opinião pública que serviram como propagandistas e racionalizadores da concentração do poder político, bem como da escravidão e morte de centenas de milhões de indivíduos – pessoas que foram doutrinadas sobre a necessidade de obediência altruísta e sacrifício aos detentores do poder político para um “bem maior” em nome de alguma utopia longínqua.

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Tradução de Hellen Rose.

Revisado por Matheus Pacini.

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