“cortaram o homem em dois e opuseram uma das metades à outra. Ensinaram-lhe que seu corpo e sua consciência são dois inimigos envolvidos num conflito mortal, dois antagonistas de naturezas opostas, com exigências contraditórias, necessidades incompatíveis. Ensinaram-lhe que beneficiar um é prejudicar o outro, que a alma pertence a uma esfera sobrenatural, mas o corpo é uma prisão nefasta que o acorrenta a esta terra – e que o bem consiste em vencer seu corpo, miná-lo por meio de anos de luta paciente, escavando um túnel que permitirá a fuga gloriosa para a liberdade do túmulo.

“ensinaram ao homem que ele é um desajustado irrecuperável composto de dois elementos, ambos símbolos da morte. Um corpo sem alma é um cadáver; uma alma sem corpo é um fantasma. Porém é esta a imagem que fazem da natureza humana: um campo de batalha no qual lutam um cadáver e um fantasma – um cadáver dotado de uma vontade malévola e um fantasma dotado da concepção de que tudo o que o homem conhece é inexistente, que apenas o incognoscível existe.

“vocês compreendem qual a faculdade humana que essa doutrina foi feita para ignorar? Era a mente do homem que tinha de ser negada, para que ele não pudesse se sustentar. Ao abrir mão da razão, ele ficava à mercê de dois monstros além de seu entendimento e fora de seu controle: ao capricho de um corpo movido por instintos inexplicáveis e de uma alma movida por revelações místicas. Ele se tornava a vítima passiva de uma batalha entre um robô e um ditafone.[1]

 

o homem é uma entidade indivisível de matéria e consciência. Quem renuncia à sua consciência se torna um ser irracional. Quem renuncia a seu corpo se torna um hipócrita. Quem renuncia ao mundo material o entrega ao mal.[2]

 

“como produtos da separação entre a alma e o corpo, há dois tipos de mestres da moralidade da morte: os místicos de espírito e os místicos dos músculos, a quem vocês chamam de espiritualistas e materialistas, os que acreditam na consciência sem existência e os que acreditam em existência sem consciência. Ambos exigem que vocês abram mão de sua mente, uns em troca de revelações, os outros em troca de reflexos – revelações deles, reflexos deles. Por mais que proclamem um suposto antagonismo irreconciliável entre suas posições, seus códigos morais são semelhantes, como também são semelhantes seus objetivos: na matéria, a escravização do corpo do homem; no espírito, a destruição de sua mente.[3]

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revisão de matheus pacini

publicado originalmente em ayn rand lexicon.

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[1]rand, ayn. a revolta de atlas. trad. De paulo henriques britto. Rio de janeiro: sextante, 2010. V iii, p.349-350

[2]rand, ayn. a revolta de atlas. trad. De paulo henriques britto. Rio de janeiro: sextante, 2010. V iii, p.353

[3]rand, ayn. a revolta de atlas. trad. De paulo henriques britto. Rio de janeiro: sextante, 2010. V iii, p.350

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