ambos [conservadores e progressistas] defendem a mesma premissa – a dicotomia corpo-mente – embora escolham lados opostos dessa falácia letal.

 

os conservadores querem liberdade de ação no campo material, opondo-se ao controle governamental da produção, da indústria, do comércio, dos negócios, dos bens físicos, da riqueza material. No entanto, defendem o controle governamental do espírito humano, isto é, da consciência humana: o direito de o estado impor a censura, determinar os valores morais, criar e fazer cumprir um padrão governamental de moralidade, e influenciar o intelecto. Por outro lado, os progressistas querem liberdade de ação no campo espiritual, opondo-se à censura, ao controle governamental das ideias, das artes, da imprensa, da educação (note sua preocupação com a ‘liberdade acadêmica’). No entanto, defendem o controle governamental da produção material, dos negócios, do emprego, dos salários, dos lucros, de toda propriedade física – até o nível de expropriação total.

 

os conservadores imaginam o homem como um corpo vagando livremente pela terra, construindo castelos de areia ou fábricas – com um dispositivo eletrônico inserido em seu cérebro, controlado por washington. Os progressistas veem o homem como uma alma deambulando até os confins mais distantes do universo – desde que acorrentado dos pés à cabeça até quando resolve ir à padaria.

 

no entanto, são os conservadores, predominantemente religiosos, que proclamam a superioridade da alma sobre o corpo, representando o que chamo de “místicos do espírito”. E são os progressistas, predominantemente materialistas, que consideram o homem um amontoado de carne, representando o que chamo de “místicos do corpo”.

 

isso é meramente um paradoxo, não uma contradição: cada qual deseja controlar o campo que considera metafisicamente importante; cada qual permite liberdade somente às atividades que despreza. Observe que os conservadores insultam e degradam ricos ou empreendedores de sucesso, considerando-os moralmente inferiores – e que os progressistas tratam as ideias como um cínico jogo de palavras. Para ambos, “controle” significa poder de governar através da força física. Nenhum dos lados defende a liberdade como um valor. Os conservadores querem governar a consciência do homem; os progressistas, o seu corpo.[1]

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tradução de matheus pacini

publicado originalmente em ayn rand lexicon

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[1] rand, ayn. philosophy: who needs it. New york: new american library (penguin group), 1982. P. 186

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