Você é fundamentalista e radical em suas ideias?

No debate de ideias, sempre que alguém rejeita o fundamentalismo ou o radicalismo está pregando o superficialismo.

A rejeição ao debate fundamental e radical parte do desejo que essa pessoa tem que ninguém vasculhe as razões verdadeiras, os motivos mais profundos, que a levam a adotar sua posição ideológica.

A aversão ao que é fundamental ou radical é a luta contra a consciência do ser. É um processo evasivo que vê “conforto” na ignorância e um “incômodo indesejado” na análise crítica profunda.

Não confundam fundamentalismo e radicalismo na busca da verdade com ações extremadas de violência, essas que só podem ocorrer por quem abriu mão da sua racionalidade para atender prescrições dogmáticas ou religiosas ou imorais, sem questioná-las radical e fundamentalmente.

Quem diz – não podemos ser fundamentalistas nem radicais – está nos convidando a parar de pensar e usar a razão, a qual é o único guia para viver nessa terra sem recorrer à coerção.

Logo, quem rejeita a discussão sobre os fundamentos, quem não quer ir à raiz dos problemas para encontrar causas e consequências, está a serviço ou está se servindo da coerção.

Fundamentalismo e radicalismo são conceitos comumente entendidos como ideias defendidas de forma intransigente, dogmática, religiosa e, às vezes, até violenta.

Aqui, eu estou dando outra significância a esse conceito porque há os que se aproveitam do termo fundamentalismo ou radicalismo para criar uma falácia da composição (package-deal fallacy), colocando num mesmo saco religiosos dogmáticos e racionalistas – que dão precedência à consciência sobre a realidade – e empiristas e objetivistas – que entendem que a realidade tem precedência sobre a consciência.

Sob a ótica que estabeleci, ser fundamentalista e radical caracteriza os que cavam fundo na realidade objetiva (ou em sua consciência) em busca da raiz ou dos fundamentos oferecidos pela realidade e a lógica para que, por fim, essa pessoa possa dizer que tem conhecimento a respeito de um determinado assunto.

A defesa dessa nova significância visa apenas a denunciar esses que relativizam concretos – quaisquer concretos, inclusive concretos tão diferentes como crentes e convictos para, equivocada e maliciosamente, uni-los sob um mesmo conceito universal.

Desmerecer quem cava fundo para adquirir conhecimento chamando-o de fundamentalista radical é, antes de qualquer outra coisa, desonestidade intelectual.

E isso deve ser combatido com radicalismo e sem moderação, pois moderação no confronto a desonestos intelectuais é um vício, e a denúncia vigorosa a eles é uma virtude.

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Revisado por Matheus Pacini.

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